FILOTEIA de SÃO FRANCISCO SALES

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SÃO FRANCISCO DE SALES - VIDA

  São Francisco de Sales, que em sua atraente personalidade nos apresenta o mais fiel retrato da caridade cristã, nasceu aos 21 de Agosto de 1567, oriundo de nobre família, no castelo de Sales, na Sabóia, hoje França. Até aos 17 anos o jovem Francisco passou a feliz adolescência sob os...

OBRAS DE SÃO FRANCISCO DE SALES

  No meio de suas múltiplas e importantíssimas ocupações, São Francisco de Sales achou, entretanto, tempo bastante para uma grande e preciosíssima atividade literária, exarando excelentes obras de ascética cristã, que primam principalmente pela suavidade, solidez, simplicidade e uma sublime...

PREFÁCIO DE SÃO FRANCISCO DE SALES

  Peço-te, caro leitor, que leias este prefácio, tanto para a tua como para a minha satisfação.   Uma mulher por nome Glicéria sabia distribuir as flores e formar um ramalhete com tanta habilidade que todos os seus ramalhetes pareciam diferentes uns dos outros. Conta-se que o célebre...

ORAÇÃO DEDICATÓRIA

“Ó doce Jesus, meu Senhor, meu Salvador e meu Deus, aqui me tendes prostrado diante de vossa Majestade, para oferecer e consagrar este escrito à vossa glória. Vivificai com vossa bênção as palavras que contém, a fim de que as almas, para quem as escrevi, possam delas retirar as inspirações sagradas...

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1. A NATUREZA DA DEVOÇÃO

CAPÍTULO I    Aspiras à devoção, Filotéia, porque a fé te ensina ser esta uma virtude sumamente agradável à Majestade Divina. Mas, como os pequenos erros em que se cai ao iniciar uma empresa vão crescendo à medida que se progride e ao fim já se avultam de um modo quase irremediável,...

2. PROPRIEDADES E EXCELÊNCIA DA DEVOÇÃO

Capítulo II   Aqueles que desanimavam os israelitas da empresa de conquistar a terra prometida, diziam-lhes que esta terra consumia os habitantes, isto é, que os ares eram tão insalubres que aí não se podia viver, e que os naturais da terra eram homens bárbaros e monstruosos a ponto de comer...

3. A DEVOÇÃO É ÚTIL A TODOS OS ESTADOS E CIRCUNSTÂNCIAS DA VIDA

Capítulo III   O Senhor, criando o universo, ordenou as árvores que produzissem frutos, cada uma segundo a sua espécie; e ordenou do mesmo modo a todos os fiéis, que são as plantas vivas de sua Igreja, que fizessem dignos frutos de piedade, cada um segundo o seu estado e vocação. Diversas são...

4. NECESSIDADE DE UM DIRETOR ESPIRITUAL PARA ENTRAR E PROGREDIR NOS CAMINHOS DA DEVOÇÃO

Capítulo IV   Querendo Tobias mandar o filho a uma terra longínqua e estranha, disse-lhe: “Vai em busca de algum homem que te seja fiel, que vá contigo”. É o que te digo também a ti, Filotéia; se tens uma vontade sincera de entrar nas veredas da devoção, procura um guia sábio e prático que te...

5. NECESSIDADE DE COMEÇAR PELA PURIFICAÇÃO DA ALMA

Capítulo V   Apareceram as flores em nossa terra — diz o Esposo sagrado — chegou o tempo da poda. — Que flores são estas, para nós, ó Filotéia, senão os bons desejos? Logo que eles despertam em nossos corações, é preciso envidar todo o esforço para purificá-los de todas as obras mortais e...

6. ANTES DE TUDO É NECESSÁRIO QUE A ALMA SE PURIFIQUE DOS PECADOS MORTAIS

Capítulo VI   Libertar-se do pecado deve ser o primeiro cuidado de quem quer purificar o coração, e o meio de fazê-lo se depara no sacramento da penitência. Procura o confessor mais digno que possas achar; toma um desses livrinhos próprios para ajudar a consciência no exame que se deve efetuar...

7. EM SEGUIDA É NECESSÁRIO PURIFICAR A ALMA DE TODA A AFEIÇÃO AO PECADO

  Capítulo VII   Todos os israelitas saíram do Egito, mas muitos deixaram lá o seu coração preso; por isso é que no deserto se lhes despertaram desejos das cebolas e viandas do Egito. Assim também há muitos penitentes que efetivamente saem do pecado, porém não lhe perdem o afeto; quero...

8. COMO ALCANÇAR ESTE SEGUNDO GRAU DE PUREZA DA ALMA

Capítulo VIII   Para isso é necessário formar uma ideia viva e a mais perfeita possível do mal imenso que traz o pecado, a fim de que o coração se compunja e desperte em si uma contrição veemente e profunda. Uma contrição, por mais tênue que seja, mas verdadeira, é bastante para alijar da alma...

9. MEDITAÇÃO SOBRE A CRIAÇÃO DO HOMEM

Capítulo IX   PREPARAÇÃO   1. Põe-te na presença de Deus. 2. Pede a Deus que te inspire.   CONSIDERAÇÃO   1. Considera que se passaram tantos e tantos anos antes que viesses ao mundo, sendo teu ser um puro nada. Onde estávamos nós, minha alma, durante este tempo? O mundo já...

10. MEDITAÇÃO SOBRE O FIM DO HOMEM

Capítulo X   PREPARAÇÃO   1. Põe-te na presença de Deus. 2. Pede a Deus que te inspire.   CONSIDERAÇÃO   1. Não foi por nenhum motivo de interesse que Deus nos criou, pois nós Lhe somos absolutamente inúteis; foi unicamente para nos fazer bem, em nos facultando, com Sua graça,...

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11. MEDITAÇÃO SOBRE OS BENEFÍCIOS DE DEUS

Capítulo XI   PREPARAÇÃO   1. Põe-te na presença de Deus. 2. Pede a Deus que te inspire.   CONSIDERAÇÃO   1. Considera, com respeito ao corpo, todos os dotes que tens recebido do Criador: este corpo, duma conformação tão perfeita, esta saúde, estas comodidades tão necessárias à...

12. MEDITAÇÃO SOBRE OS PECADOS

  Capítulo XII   PREPARAÇÃO 1. Põe-te na presença de Deus. 2. Pede a Deus que te inspire.   CONSIDERAÇÃO 1. Vai em espírito àquele tempo em que começaste a pecar; pondera quanto tens aumentado e multiplicado os teus pecados de dia a dia, contra Deus e contra o próximo, por tuas...

13. MEDITAÇÃO SOBRE A MORTE

  Capítulo XIII   PREPARAÇÃO   1. Põe-te na presença de Deus. 2. Pede a Deus que te inspire. 3. Imagina que te achas enfermo, no leito de morte, sem nenhuma esperança de vida.   CONSIDERAÇÃO   I. Considera, minha alma, a incerteza do dia da morte. Um dia sairás do teu...

14. MEDITAÇÃO SOBRE O ÚLTIMO JUÍZO

Capítulo XIV   PREPARAÇÃO   1. Põe-te na presença de Deus. 2. Pede a Deus que te inspire.   CONSIDERAÇÃO   I. Enfim, uma vez terminado o prazo prefixado pela sabedoria de Deus para a duração do mundo, daqueles inúmeros e vários prodígios e presságios horríveis, que consumirão de...

15. MEDITAÇÃO SOBRE O INFERNO

  Capítulo XV   PREPARAÇÃO   1. Põe-te na presença de Deus. 2. Pede a Deus que te inspire. 3. Imagina uma cidade envolta em trevas, toda ardendo em chamas de enxofre e pez, que levantam uma fumaça horrível, e toda cheia de habitantes desesperados, que dela não podem sair nem...

16. MEDITAÇÃO SOBRE O PARAÍSO

  Capítulo XVI   PREPARAÇÃO   1. Põe-te na presença de Deus. 2. Pede a Deus que te inspire.   CONSIDERAÇÃO   I. Representa-te uma noite serena e tranquila e pondera quão agradável é para a alma contemplar o céu todo resplandecente ao brilho de tantas estrelas. Ajunta a...

17. MEDITAÇÃO SOBRE UMA ALMA QUE DELIBERA A ESCOLHA ENTRE O CÉU E O INFERNO

  Capítulo XVII   PREPARAÇÃO   1. Põe-te na presença de Deus. 2. Pede a Deus humildemente que te inspire.   CONSIDERAÇÃO   I. No começo desta meditação imagina que estás numa vasta região com o teu anjo da guarda, mais ou menos como Tobias, o jovem que viajava em companhia...

18. MEDITAÇÃO PARA DELIBERAR ENTRE A VIDA MUNDANA E A VIDA DEVOTA

  Capítulo XVIII   PREPARAÇÃO   1. Põe-te na presença de Deus. 2. Implora com humildade o Seu auxílio.   CONSIDERAÇÃO   I. Imagina ainda uma vez que estás numa vasta região, que vês à tua esquerda o príncipe das trevas, assentado num trono muito alto e rodeado duma multidão...

19. ESPÍRITO NECESSÁRIO PARA FAZER BEM A CONFISSÃO GERAL

  Capítulo XIX   Aí temos, Filotéia, as meditações de maior necessidade para alcançar o teu fim. Depois que as tiveres realizado, determina-te então a fazer com coragem e humildade a tua confissão geral, mas toma sentido no meu conselho: não deixes tua alma perturbar-se por alguma vã...

20. PROTESTAÇÃO DA ALMA A DEUS PARA CONFIRMAR-SE NUMA RESOLUÇÃO INABALÁVEL DE SERVIR-LHE E PARA CONCLUIR OS ATOS DE PENITÊNCIA

  Capítulo XX   Eu, abaixo assinado, muito indigna criatura de Deus, faço a protestação seguinte na presença de Sua divina majestade e de toda a corte celeste:   Depois de ter considerado bem a imensa bondade de Deus, que me criou, que me conserva e sustenta; que me livrou de tantos...

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21. CONCLUSÃO DE TUDO O QUE FICA DITO SOBRE O PRIMEIRO GRAU DA PUREZA DA ALMA

  Capítulo XXI   Terminada esta protestação, escuta em espírito e atentamente a sentença que no céu Jesus Cristo há de pronunciar do seu trono de misericórdia, em presença dos anjos e dos santos, no mesmo instante em que o sacerdote, aqui na terra, te absolver de teus pecados. Há de...

22. NECESSIDADE DE PURIFICAR A ALMA DE TODOS OS AFETOS AO PECADO VENIAL

  Capítulo XXII   À medida que o dia se vai clareando, nós vamos vendo melhor num espelho as nódoas do nosso rosto; de modo semelhante, à proporção que o Espírito Santo nos comunica maiores luzes interiores, nós vamos descobrindo mais distinta e evidentemente os pecados, as imperfeições,...

23. NECESSIDADE DE PURIFICAR A ALMA DAS COISAS INÚTEIS E PERIGOSAS

  Capítulo XXIII   Os jogos, os bailes, os festins, os teatros e tudo aquilo, enfim, que se pode chamar pompa do século, de si mesmos e de sua natureza não são de modo algum coisas más, mas sim indiferentes, que podem ser usadas tanto bem como mal. Contudo, sempre são coisas perigosas e...

24. NECESSIDADE DE PURIFICAR A ALMA MESMO DAS IMPERFEIÇÕES NATURAIS

  Capítulo XXIV   Possuímos ainda, Filotéia, algumas imperfeições naturais, que, embora se originem dos próprios pecados, não são pecados mortais nem veniais: chamam-se imperfeições, e os atos resultantes daí tem o nome de defeitos ou faltas. Santa Paula, por exemplo, como nos conta São...

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1. A NECESSIDADE DA ORAÇÃO

  Parte II   Capítulo I   1. A oração, fazendo o nosso espírito penetrar na plena luz da divindade e expondo a nossa vontade abertamente aos ardores do amor divino, é o meio mais eficaz de dissipar as trevas de erros e ignorância que obscurecem a nossa mente e de purificar o nosso...

2. BREVE MÉTODO DE MEDITAÇÃO. PRIMEIRO PONTO DA PREPARAÇÃO: PÔR-SE NA PRESENÇA DE DEUS

  Parte II   Capítulo II   Poderá ser, Filotéia, que não saibas como se faz a oração mental; pois, infelizmente, poucos o sabem nos nossos tempos. Por isso torna-se necessário que resuma aqui em algumas regras um método proveitoso, deixando para os bons livros dedicados a esta...

3. SEGUNDO PONTO DE PREPARAÇÃO: A INVOCAÇÃO

Parte II   Capítulo III   A invocação se faz do modo seguinte: tua alma, sentindo a Deus presente, deve compenetrar-se de um profundo respeito e reputar-se absolutamente indigna de Sua presença; todavia, sabendo que Ele te vê, deves pedir-Lhe a graça de O glorificar nesta meditação. Se...

4. TERCEIRO PONTO DE PREPARAÇÃO: PROPOR-SE UM MISTÉRIO

  Parte II   Capítulo IV   Existe ainda um terceiro prelúdio da oração mental, o qual, no entanto, não é comum a toda espécie de meditações e se chama geralmente “composição” ou representação do lugar. Consiste numa certa atividade da fantasia, pela qual nos representamos o mistério...

5. SEGUNDA PARTE DA MEDITAÇÃO: AS CONSIDERAÇÕES

  Parte II   Capítulo V   A esta atividade da fantasia deve seguir-se a do entendimento, que se chama meditação e que consiste em aplicá-lo as considerações capazes de elevar a nossa vontade a Deus e de afeiçoá-la a coisas santas e divinas. Esta é a grande diferença entre a meditação...

6. TERCEIRA PARTE DA MEDITAÇÃO: OS AFETOS E AS RESOLUÇÕES

  Parte II   Capítulo VI   Por esta viva atenção de sua mente, a meditação excita na vontade inúmeras moções boas e santas, como o amor de Deus e ao próximo, o desejo da glória celeste, o zelo pela salvação das almas, o ardor para imitar a vida de Jesus Cristo, a compaixão, a...

7. A CONCLUSÃO E O RAMALHETE ESPIRITUAL

Parte II   Capítulo VII   Afinal, deve-se terminar a meditação por três atos que requerem uma profunda humildade. O primeiro é agradecer a Deus por nos ter dado profundo conhecimento de Sua misericórdia ou de outra de Suas perfeições, assim como pelos santos afetos e propósitos que Sua...

8. AVISOS UTILÍSSIMOS ACERCA DA MEDITAÇÃO

  Parte II   Capítulo VIII   Cumpre, Filotéia, que no correr do dia tenhas tão presente no espírito e no coração as tuas resoluções, que, sobrevindo a ocasião, as ponhas efetivamente em prática. Este é o fruto da meditação, sem o qual ela, além de não servir para nada, pode ser até...

9. A ARIDEZ ESPIRITUAL NA MEDITAÇÃO

  Parte II   Capítulo IX   Se acontecer que não aches prazer na meditação, nem sintas aí consolo algum para a tua alma, eu te conjuro, Filotéia, a não te perturbares com isso, mas procura remediar o mal com os alvitres seguintes: Recita algumas das orações vocais em que teu coração...

10. A ORAÇÃO DA MANHÃ

  Parte II   Capítulo X   Além da oração mental e vocal, há ainda outros tempos e modos de rezar; e o primeiro exercício de todos é a oração da manhã, que deve ser uma preparação geral para as ações de todo o dia. Aí tens um método de faze-la bem.   1. Adora a Deus com uma...

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11. A ORAÇÃO DA NOITE E O EXAME DE CONSCIÊNCIA

  Parte II   Capítulo XI   Como antes da refeição corporal, tiveste o alimento espiritual pela meditação, será de grande proveito tomares também deste alimento espiritual antes do chá a noite. Escolhe alguns minutos antes desta refeição e prostra-te diante de teu Deus aos pés do...

12. DO RECOLHIMENTO: A SOLIDÃO DO CORAÇÃO

  Parte II   Capítulo XII   Neste ponto, Filotéia, desejo que sejas mais dócil ainda em seguir os meus conselhos; porque penso que daí muito depende para o teu adiantamento.   Lembra-te, as mais vezes que puderdes durante o dia, da presença de Deus, servindo-te de um dos quatro...

13. AS ASPIRAÇÕES OU ORAÇÕES JACULATÓRIAS E OS BONS PENSAMENTOS

  Parte II   Capítulo XIII   Recolhemo-nos em Deus, porque o anelamos e o anelamos para recolhermo-nos nEle. Deste modo, o recolhimento espiritual e o anelo ou aspiração por Deus dão-se as mãos um ao outro e ambos provem dos bons pensamentos.   Eleva muitas vezes o teu espírito...

14. A SANTA MISSA E O MELHOR MODO DE OUVI-LA

  Parte II   Capítulo XIV   1. Até aqui ainda não falei do Santíssimo Sacrifício e Sacramento do altar, que é para os exercícios de piedade o que o sol é para os outros astros.   A Eucaristia é, na verdade, a alma da piedade e o centro da religião cristã, a qual se referem todos...

15. OUTROS EXERCÍCIOS PÚBLICOS E COMUNS DA DEVOÇÃO

  Parte II   Capítulo XV   Nos domingos e dias de festa, que são dias consagrados a Deus por um culto mais particular e mais amplo, pensas muito bem, Filotéia, que te deves ocupar mais que de ordinário dos deveres de religião, e que, fora os outros exercícios, deves assistir ao...

16. DEVEMOS HONRAR E INVOCAR OS SANTOS

  Parte II   Capítulo XVI   Sendo pelo ministério dos anjos que muitas vezes recebemos as inspirações de Deus, é também por meio deles que lhe devemos apresentar as nossas aspirações, não menos que por meio de santos e santas, que, como Nosso Senhor disse, sendo agora semelhantes aos...

17. COMO SE DEVE OUVIR E LER A PALAVRA DE DEUS

  Parte II   Capítulo XVII   Deves ter um gosto especial em ouvir a palavra de Deus, mas escute-a sempre com atenção e respeito, quer no sermão, quer em conversas edificantes dos teus amigos que gostam de falar em Deus. É a boa semente, que não se deve deixar cair em terra....

18. COMO SE DEVEM RECEBER AS INSPIRAÇÕES

  Parte II   Capítulo XVIII   Por inspirações compreendemos todos os atrativos da graça, os bons movimentos do coração, os remorsos de consciência, as luzes sobrenaturais e em geral todas as bênçãos com que Deus visita o nosso coração, por Sua misericórdia amorosa e paternal, para...

19. A SANTA CONFISSÃO

  Parte II   Capítulo XIX   Nosso Senhor instituiu na Sua Igreja o Sacramento da Penitência ou Confissão para purificar as nossas almas das suas culpas, todas as vezes que se acharem manchadas. Nunca permitas, Filotéia, que teu coração permaneça muito tempo contaminado do pecado,...

20. A COMUNHÃO FREQUENTE

  Parte II   Capítulo XX   É conhecido o que se diz de Mitridates, rei do Ponto, na Ásia, o qual inventou um alimento preservativo de todo veneno. Nutrindo-se dele, este rei tornou o seu temperamento tão robusto que, estando a ponto de ser preso pelos romanos e querendo evitar o...

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21. COMO SE DEVE COMUNGAR

  Parte II   Capítulo XXI   Começa já na véspera do dia da comunhão a te preparar com repetidas aspirações do amor divino e deita-te mais cedo que de costume, para te levantares também mais cedo. Se acordas durante a noite, santifica esses momentos por algumas palavras devotas ou por...

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1. A ESCOLHA DAS VIRTUDES

  Parte III   Capítulo I   A rainha das abelhas nunca sai da colmeia, sem ser rodeada de todo o enxame de seu povinho, e a caridade nunca entra num coração senão como rainha, seguida de todas as outras virtudes, que aí introduz, dispõe em ordem, segundo a sua dignidade, e fá-las...

2. CONTINUAÇÃO DAS REFLEXÕES NECESSÁRIAS SOBRE A ESCOLHA DAS VIRTUDES

  Parte III   Capítulo II   Diz muito opinadamente Santo Agostinho que muitos principiantes da devoção fazem coisas que julgando-se estritamente segundo as regras da perfeição, seriam censuráveis e que só se louvam neles como presságios e disposições, que são duma grande virtude....

3. A PACIÊNCIA

  Parte III   Capítulo III   A paciência, diz o apóstolo, vos é necessária para que, fazendo a vontade de Deus, alcanceis o que Ele vos tem prometido. Sim, nos diz Jesus Cristo, possuireis vossas almas pela paciência.   O maior bem do homem consiste, Filotéia, em possuir seu...

4. A HUMILDADE NAS AÇÕES EXTERIORES

  Parte III   Capítulo IV   O profeta Eliseu mandou uma pobre viúva pedir emprestados aos vizinhos todos os vasos que pudesse e lhe disse que o pouco azeite ainda restante havia de correr tanto até enche-los todos. Isto nos mostra que Deus quer corações que estejam bem vazios, para...

5. A HUMILDADE INTERIOR É A MAIS PERFEITA

  Parte III   Capítulo V   Desejarás, Filotéia, que te introduza ainda mais na prática da humildade; este desejo merece o meu aplauso e eu o quero satisfazer; pois, no que tenho dito até agora, há mais prudência que humildade.   Encontram-se pessoas que nunca querem prestar...

6. A HUMILDADE NOS FAZ AMAR A NOSSA PRÓPRIA ABJEÇÃO

  Parte III   Capítulo VI   Passando adiante, Filotéia, digo-te que deves amar em tudo e sempre a tua própria abjeção. Perguntar-me-ás talvez o que chamo amar a sua própria abjeção e é isso que começo a explicar-te.   Estes dois termos, abjeção e humildade, na língua latina tem...

7. MODO DE CONSERVAR A REPUTAÇÃO JUNTAMENTE COM O ESPÍRITO DE HUMILDADE

  Parte III   Capítulo VII   O louvor, a honra e a glória não são o preço duma virtude ordinária, mas duma virtude rara e excelente. Louvando uma pessoa, queremos que outros a estimem, e, honrando-a nós mesmos, manifestamos a estima que lhe devotamos; e a glória é um certo resplendor...

8. A MANSIDÃO NO TRATO COM O PRÓXIMO E OS REMÉDIOS CONTRA A CÓLERA

  Parte III   Capítulo VIII   O santo crisma, que a Igreja, seguindo a tradição dos apóstolos, usa no sacramento da confirmação e em diversas outras bênçãos, compõe-se de óleo de oliveira e de bálsamo, que nos representam, entre outras coisas, a mansidão e a humildade, duas virtudes...

9. A MANSIDÃO PARA CONOSCO

  Parte III   Capítulo IX   Um modo de fazer um bom uso desta virtude é aplicá-la a nós mesmos, não nos irritando contra nós e nossas imperfeições; o motivo, pois, que nos leva a sentir um verdadeiro arrependimento de nossas faltas não exige que tenhamos uma dor repassada de...

10. DEVE-SE TRATAR DOS NEGÓCIOS COM MUITO CUIDADO, MAS SEM INQUIETAÇÃO NEM ANSIEDADE.

  Parte III   Capítulo X   Grande diferença há entre os cuidados dos negócios e a inquietação, entre a diligencia e a ansiedade. Os anjos procuram a nossa salvação com o maior cuidado que podem, porque isto é segundo a sua caridade e não é incompatível com a sua tranquilidade e paz...

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11. A OBEDIÊNCIA

  Parte III   Capítulo XI   A caridade sozinha nos faz realmente perfeitos, mas a obediência, a castidade e a pobreza são as principais virtudes que nos ajudam a adquirir a perfeição. A obediência, pois, dedica o nosso espírito a castidade, o nosso corpo a pobreza, os nossos bens ao...

12. NECESSIDADE DA CASTIDADE

  Parte III   Capítulo XII   A castidade é o lírio entre as virtudes e já nesta vida nos torna semelhantes aos anjos. Nada há de mais belo que a pureza e a pureza dos homens é a castidade. Chama-se a esta virtude honestidade; e a sua prática, honra.   Denomina-se também...

13. CONSELHOS PARA CONSERVAR A CASTIDADE

  Parte III   Capítulo XIII   Estejas sempre de sobreaviso para afastar logo de ti tudo o que te possa inclinar a sensualidade; pois este mal se vai alastrando insensivelmente e de pequenos princípios faz rápidos progressos. Numa palavra, é mais fácil fugir-lhe que...

14. O ESPÍRITO DE POBREZA UNIDO À POSSE DE RIQUEZAS

  Parte III   Capítulo XIV   Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.   Malditos, pois, são os ricos de espírito, porque deles é a miséria do inferno. Rico de espírito é todo aquele que tem o espírito em suas riquezas ou a ideia das riquezas em seu...

15. MODO DE PRATICAR A POBREZA REAL, PERMANECENDO NA POSSE DAS RIQUEZAS

  Parte III   Capítulo XV   O célebre pintor Parrásio desenhou um retrato do povo ateniense, que foi tido em conta de muito engenhoso; porque, para pintá-lo com todos os traços do seu caráter leviano, variável e inconstante, ele representou em diversas figuras do mesmo quadro os...

16. AS RIQUEZAS DE ESPÍRITO NO ESTADO DE POBREZA

  Parte III   Capítulo XVI   Se és de fato pobre, Filotéia, esforça-te, então, por sê-lo também de espírito; faze da necessidade uma virtude e negocia com esta pedra preciosa da pobreza segundo o seu alto valor. O mundo não o conhece e não sabe estimar o seu valor; entretanto, tem um...

17. A AMIZADE EM GERAL E SUAS ESPÉCIES MÁS

  Parte III   Capítulo XVII   O amor ocupa o primeiro lugar entre as paixões; ele reina no coração e dirige todos os seus movimentos; apodera-se de todos eles, comunicando-lhes a sua natureza e as suas impressões; torna-nos semelhantes àquilo que amamos.   Conserva, Filotéia, o...

18. AS MAIS PERIGOSAS AMIZADES

  Parte III   Capítulo XVIII   Certas amizades loucas entre pessoas de diverso sexo, e sem intenção de casamento, não podem merecer o nome de amizade nem de amor, pela sua incomparável leviandade e imperfeição. São abortos ou, melhor ainda, fantasmas da amizade. Prendem e comprometem...

19. AS VERDADEIRAS AMIZADES

  Parte III   Capítulo XIX   Ó Filotéia, ama a todos os homens com um grande amor de caridade cristã, mas não traves amizade senão com aquelas pessoas cujo convívio te pode ser proveitoso; e quanto mais perfeita forem estas relações, tanto mais perfeita será a tua amizade.   Se...

20. DIFERENÇA DAS AMIZADES VÃS E VERDADEIRAS

  Parte III   Capítulo XX   Vou te dar agora, Filotéia, um aviso importantíssimo e uma regra geral. O mel de Heracléia, de que já falei, e que é um veneno muito destrutivo, assemelha-se muito ao mel ordinário, que é tão saudável, e há grande perigo de tomar um pelo outro ou de tomar...

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21. AVISOS E REMÉDIOS CONTRA AS MÁS AMIZADES

  Parte III   Capítulo XXI   Desde a primeira tentação que teu coração sentir, por mais leve que seja, vira-o imediata e completamente para o outro lado e com uma detestação oculta, mas firme, destas vaidades sensuais, eleva-te em espírito a cruz do divino Salvador e toma a sua coroa...

22. OUTROS AVISOS SOBRE AS AMIZADES

  Parte III   Capítulo XXII   Sem uma íntima e grande cordialidade não se pode contrair nem manter uma amizade; e, como esta cordialidade é contínua, bem depressa se começam a confiar os segredos do coração. Todas as inclinações naturais passam invisivelmente de um para o outro,...

23. EXERCÍCIO DE MORTIFICAÇÃO EXTERIOR

  Parte III   Capítulo XXIII   Afirmam os naturalistas que, escrevendo-se uma palavra numa amêndoa ainda intacta e fechando-a de novo, cuidadosamente, em sua casca, uma vez lançada em terra, todos os frutos que daí nascem trazem escrita essa mesma palavra. Quanto a mim, Filotéia,...

24.A SOCIEDADE E A SOLIDÃO

  Parte III   Capítulo XXIV   Tanto procurar como fugir a convivência com os homens são dois extremos censuráveis na devoção, que deve regrar os deveres da vida social. O fugir é um sinal de orgulho e desprezo do próximo e o procurar é fonte de muitas coisas ociosas e inúteis. Cumpre...

25. A DECÊNCIA DOS VESTIDOS

  Parte III   Capítulo XXV   São Paulo quer que as mulheres cristãs (o que há de entender-se também dos homens) se vistam segundo as regras da decência, deixando de todo excesso e imodéstia em seus ornatos. Ora, a decência dos vestidos e ornatos depende da matéria, da forma e do...

26. AS CONVERSAS E, EM PRIMEIRO LUGAR, COMO SE HÁ DE FALAR DE DEUS

  Parte III   Capítulo XXVI   Um dos meios mais triviais que tem os médicos para conhecer o estado de saúde de uma pessoa é a inspeção da língua; e eu posso afirmar que as nossas palavras são o indício mais certo do bom ou do mau estado da alma. Nosso Senhor disse:   Por vossas...

27. HONESTIDADE DAS PALAVRAS E RESPEITO QUE SE DEVE AO PRÓXIMO

  Parte III   Capítulo XXVII   Se alguém não peca por palavras, é um homem perfeito, diz São Tiago.   Tem todo o cuidado em não deixar sair de teus lábios alguma palavra desonesta, porque, embora não proceda duma má intenção, os que a escutam a podem interpretar de outra forma....

28. OS JUÍZOS TEMERÁRIOS

  Parte III   Capítulo XXVIII   Não julgueis, diz nosso Salvador, e não sereis julgados. Não condeneis, e não sereis condenados. Não julgueis antes do tempo, diz o apóstolo, até que venha o Senhor, o qual descobrirá o que há de mais secreto nos corações.   Oh! Quanto os juízos...

29. A MALEDICÊNCIA

  Parte III   Capítulo XXIX   A inquietação, o desprezo do próximo e o orgulho são inseparáveis do juízo temerário; e, entre os muitos outros efeitos perniciosos que deles se originam, ocupa o primeiro lugar a maledicência, que é a peste das conversas e palestras. Oh! Quisera ter uma...

30. ALGUNS OUTROS AVISOS ACERCA DO FALAR

  Parte III   Capítulo XXX   Seja sincera tua linguagem, agradável, natural e fiel. Guarda-te de dobrez, artifícios e toda sorte de dissimulações, porque, embora não seja prudente dizer sempre a verdade, entretanto é sempre ilícito faltar a verdade. Acostuma-te a nunca mentir, nem de...

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31. OS DIVERTIMENTOS; EM PRIMEIRO LUGAR OS HONESTOS E LÍCITOS

  Parte III   Capítulo XXXI   A necessidade dum divertimento honesto, para dar uma certa expansão ao espírito e alívio ao corpo, é universalmente reconhecida. Conta o beato Cassiano que um caçador, encontrando São João Evangelista a brincar com uma perdiz que segurava em suas mãos,...

32. OS JOGOS PROIBIDOS

  Parte III   Capítulo XXXII   Os jogos de dados, de cartas e outros semelhantes, em que a vitória depende principalmente do acaso, não só são divertimentos perigosos, como a dança, mas são mesmo por sua natureza absolutamente maus e repreensíveis; por esta razão os proíbem as leis...

33. OS BAILES E OUTROS DIVERTIMENTOS PERMITIDOS, MAS PERIGOSOS

  Parte III   Capítulo XXXIII   As danças e os bailes são coisas de si inofensivas; mas os costumes de nossos dias tão afeitos estão ao mal, por diversas circunstâncias, que a alma corre grandes perigos nestes divertimentos. Dança-se a noite e nas trevas, que as melhores iluminações...

34.QUANDO SE PODE JOGAR OU DANÇAR

  Parte III   Capítulo XXXIV   Para que um jogo ou uma dança sejam lícitos, é necessário que nós nos sirvamos desses divertimentos por deleite, e não por inclinação; por pouco tempo e não até nos estafarmos; raramente e não como uma ocupação diária. Mas em que ocasião é lícito...

35. A FIDELIDADE DEVIDA A DEUS TANTO NAS COISAS PEQUENAS COMO NAS GRANDES

  Parte III   Capítulo XXXV   O Esposo divino diz no Cântico dos Cânticos que sua Esposa lhe arrebatou o Coração por um de seus olhos e por um de seus cabelos. Como devem entender-se estas palavras?   É verdade que o olho é a parte mais admirável do corpo, tanto por sua...

36. DEVEMOS TER UM ESPÍRITO JUSTO E RAZOÁVEL

  Parte III   Capítulo XXXVI   Raro é achar homens verdadeiramente razoáveis, porque só somos homens pela razão e o amor-próprio a perturba muitas vezes e insensivelmente nos leva a praticar injustiças que, por menores que sejam, não deixam de ser muito perigosas. Assemelham-se as...

37. OS DESEJOS

  Parte III   Capítulo XXXVII   Todos sabem que não se deve desejar nada de mal, porque o desejo de uma coisa ilícita torna o coração mau. Mas eu acrescento, Filotéia, que não se deve desejar nada que é perigoso para a alma, como bailes, jogos e outros divertimentos, honras e cargos...

38. AVISOS PARA OS CASADOS

  Parte III   Capítulo XXXVIII   O casamento é um grande sacramento, eu digo em Jesus Cristo e na Sua Igreja é honroso para todos, em todos, e em tudo, isto é, em todas as suas partes. Para todos: porque as próprias virgens o devem honrar com humildade. Em todos: porque é tão santo...

39. DA HONESTIDADE DO LEITO CONJUGAL

  Parte III    Capítulo XXXIX   O leito conjugal deve ser imaculado, como o chama o Apóstolo, isto é, isento de desonestidades e outras torpezas profanas. Porque o santo matrimônio foi primariamente instituído no Paraíso terreal, onde até então nunca tinha havido nenhum...

40. AVISO PARA AS VIÚVAS

  Parte III   Capítulo XL   São Paulo instrui a todos os Prelados na pessoa do seu Timóteo, dizendo: Honra as viúvas que são deveras viúvas. Ora, para ser verdadeiramente viúva requerem-se estas coisas:   1. ° Que não somente a viúva seja viúva de corpo, mas também de coração,...

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41. UMA PALAVRA SOBRE A VIRGINDADE

  Parte III   Capítulo XLI   Ó virgens, se pretendeis casar-vos, conservai então cuidadosamente o vosso primeiro amor para a pessoa que o céu vos destinar. É uma fraude apresentar-lhe um coração que já foi possuído, usado e gasto pelo amor, em vez de um coração inteiro e sincero. Mas...

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1. NÃO SE DEVE FAZER CASO DO QUE DIZEM OS MUNDANOS

  Parte IV   Capítulo I   Assim que a tua devoção se for tornando conhecida no mundo, maledicências e adulações te causarão sérias dificuldades de praticá-la. Os libertinos tomarão a tua mudança por um artifício de hipocrisia e dirão que alguma desilusão sofrida no mundo te levou por...

2. É PRECISO DOTAR-NOS DE CORAGEM

  Parte IV   Capítulo II   Por mais bela e suave que seja a luz, ela nos deslumbra os olhos, se estivermos muito tempo na escuridão; e, por mais honestos e amáveis que sejam os habitantes dum lugar em que se é estranho, não se deixa de estar no começo um pouco embaraçado. Poderá,...

3. NATUREZA DAS TENTAÇÕES; DIFERENÇA ENTRE O SENTIR E O CONSENTIR

  Parte IV   Capítulo III   Imagina, Filotéia, uma jovem princesa extremamente amada por seu esposo e que um jovem libertino pretende corromper e seduzir a infidelidade, por meio de um infame confidente que lhe envia para tratar com ela sobre o seu desígnio abominável. Primeiro, este...

4. DOIS BELOS EXEMPLOS SOBRE ESTE ASSUNTO

  Parte IV   Capítulo IV   É tão importante, Filotéia, que compreendas bem este ponto, que de bom grado vou explicá-lo um pouco mais. O mancebo citado por São Jerônimo achava-se deitado num leito muito macio, preso por cordões de seda e foi tentado por todos os modos imagináveis por...

5. CONSOLAÇÃO PARA UMA ALMA QUE SE ACHA TENTADA

  Parte IV   Capítulo V   Filotéia, Deus só permite estas tentações violentas a almas que Ele quer elevar a uma grande perfeição de seu amor; mas não há para elas uma certeza que, tendo passado por estas provas, adquiram afinal esta perfeição, porque tem acontecido muitas vezes que...

6. COMO A TENTAÇÃO E A DELEITAÇÃO PODEM SER PECADOS

  Parte IV   Capítulo VI   A princesa de que vos tenho falado não pode ser censurada em vista do requesto que lhe fizeram, pois, como supusemos, foi inteiramente contra as suas intenções; mas ela teria culpa se, de qualquer modo que fosse, tivesse dado motivo para virem a este...

7. MEIOS CONTRA AS GRANDES TENTAÇÕES

  Parte IV   Capítulo VII   Logo que notes uma tentação, imita as criancinhas que, vendo um lobo ou um urso, se lançam ao seio do pai e da mãe ou ao menos os chamam em seu socorro. Recorre assim a Deus e implora o socorro de sua misericórdia: este é o meio que Nosso Senhor mesmo nos...

8. É PRECISO RESISTIR ÀS PEQUENAS TENTAÇÕES

  Parte IV   Capítulo VIII   Ainda que tenhamos que combater contra as grandes tentações com ânimo inquebrantável e a vitória nos seja de suma utilidade, é todavia ainda mais útil combater as pequenas, cuja vitória por causa de seu número pode trazer tanta vantagem como a daqueles...

9. MEIOS CONTRA AS PEQUENAS TENTAÇÕES

  Parte IV   Capítulo IX   Quanto a essas tentações miúdas de vaidade, de suspeitas, de desgosto, de ciúmes, de inveja, de amizades sensuais e outras semelhantes tolices que, como moscas e mosquitos, vem passar por diante de nossa vista, e agora picam-nos a face, logo mais o nariz, a...

10. MODO DE FORTIFICAR O CORAÇÃO CONTRA AS TENTAÇÕES

  Parte IV   Capítulo X   Considera de tempos em tempos que as paixões costumam mostrar-se principalmente em teu coração e, tendo-as conhecido, trata de estabelecer para ti normas de vida que lhes sejam inteiramente contrárias em pensamentos, palavras e obras. Por exemplo, se é a...

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11. A INQUIETAÇÃO

  Parte IV   Capítulo XI   A inquietação não é simplesmente uma tentação, mas uma fonte de muitas tentações; por isso é necessário que diga algumas palavras sobre este assunto.   A tristeza não é mais do que o pesar que sentimos de algum mal de que somos vítima, — seja ele...

12. A TRISTEZA

  Parte IV   Capítulo XII   A tristeza que é segundo Deus, diz São Paulo, produz para a salvação uma penitência estável, mas a tristeza do século produz a morte.   A tristeza pode, pois, ser boa ou má, conforme os diversos efeitos que em nós opera; mas em geral ela opera mais...

13. AS CONSOLAÇÕES ESPIRITUAIS E SENSÍVEIS E COMO NOS DEVEMOS PORTAR NELAS

  Parte IV   Capítulo XIII   Deus só conserva a existência deste grande mundo por uma contínua alternativa de dias e noites, de estações que se vão sucedendo umas às outras e de diferentes tempos de chuvas e de secas, dum ar tranquilo e sereno e de vendavais e tempestades, de modo...

14. SECURAS E ESTERILIDADES ESPIRITUAIS

  Parte IV    Capítulo XIV   Esse tempo tão belo e agradável não durará muito, Filotéia; perderás tanto, às vezes, o gosto e o sentimento da devoção, que tua alma se parecerá com uma terra deserta e estéril, onde não verás nem um caminho, nem uma vereda para ir a Deus e onde as...

15. FRISANTE EXEMPLO PARA ESCLARECIMENTO DA MATÉRIA

  Parte IV   Capítulo XV   Para tornar mais evidente o que deixamos dito, vou narrar aqui um belíssimo passo da vida de São Bernardo assim como o li num autor tão sábio quão judicioso.   “É coisa comum, diz ele, a todos aqueles que começam a servir a Deus e que não tem ainda...

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1. NECESSIDADE DE RENOVAR TODOS OS ANOS OS BONS PROPÓSITOS

  Parte V   Capítulo I   O primeiro ponto deste exercício consiste em reconhecer bem a sua importância. A fragilidade e as más inclinações da carne, que agravam a alma e arrastam para as coisas da terra, nos fazem abandonar facilmente as nossas boas resoluções, a menos que, a força...

2. CONSIDERAÇÃO DA BONDADE DE DEUS EM NOS CHAMAR AO SEU SERVIÇO, SEGUNDO AS PROTESTAÇÕES FEITAS NA PRIMEIRA PARTE

  Parte V   Capítulo II   1. Considera os pontos dessa protestação. O primeiro é ter detestado, deixado e renunciado para sempre todo o pecado mortal. O segundo é ter consagrado tua alma, teu corpo, com todas as suas potencias e faculdades, ao serviço de Deus. O terceiro é que, se...

3. EXAME DA ALMA SOBRE O SEU ADIANTAMENTO NA VIDA DEVOTA

  Parte V   Capítulo III   O segundo ponto deste exercício é um tanto longo e por isso aconselho-te que o tomes por partes, por exemplo, tomando de uma vez o que concerne com teu procedimento para com Deus; o que diz respeito a ti mesmo, para outra; depois o que toca ao próximo e...

4. EXAME DO ESTADO DA ALMA PARA COM DEUS

  Parte V   Capítulo IV   1. Que diz o teu coração com respeito ao pecado mortal? Tens a firme resolução de não cometê-lo por nada neste mundo? Nisto consiste realmente o fundamento da vida espiritual.   2. Que diz o teu coração relativamente aos mandamentos de Deus? Ele os acha...

5. EXAME DO ESTADO DA ALMA PARA CONSIGO MESMA

  Parte V   Capítulo V   1. Que amor tens para contigo mesma? Não te amas demasiadamente com amor mundano? Se é assim, desejarás ficar muito tempo no mundo e terás cuidado de estabelecer-te aí; mas, se é para o céu que te amas, terás grande desejo de deixar esta terra; ao menos te...

6.EXAME DO ESTADO DA ALMA PARA COM O PRÓXIMO

  Parte V   Capítulo VI   Cumpre amar a um marido ou a uma esposa com um amor suave e tranquilo, firme e contínuo, e isso porque Deus assim o quer. O mesmo. digo dos filhos, dos parentes próximos e amigos, segundo o grau dos laços que nos unem.   Mas, para falar em geral, quais...

7. EXAME SOBRE AS PAIXÕES

  Parte V   Capítulo VII   Demorei-me mais nos pontos antecedentes, que servem para conhecer os progressos feitos na vida espiritual; porque o exame dos pecados tem em mira a confissão daqueles que não aspiram a perfeição. Entretanto, é bom deter-se em cada um desses pontos,...

8. AFETOS QUE SE DEVEM SEGUIR A ESTE EXAME

  Parte V   Capítulo VIII   Depois de reconheceres o teu estado, excita em tua alma estes afetos:   Se fizeste algum progresso, por pouco que seja, agradece a Deus e reconhece que O deves unicamente a Sua misericórdia.   Humilha-te diante de Deus, protestando que é por tua...

9. CONSIDERAÇÕES PRÓPRIAS PARA SE RENOVAR OS BONS PROPÓSITOS

  Parte V   Capítulo IX   Depois de teres conferenciado com o teu diretor sobre as tuas faltas e os meios de remediá-las, toma cada dia uma das considerações seguintes para torná-las objeto de tuas orações, conforme o método de meditação expedido na primeira parte, quanto a...

10. PRIMEIRA CONSIDERAÇÃO: A EXCELÊNCIA DA NOSSA ALMA

  Parte V   Capítulo X   Considera a nobreza e excelência de tua alma em vista do seu conhecimento deste mundo visível, dos anjos, de Deus, o Senhor soberano e infinitamente bom, da eternidade e em geral de tudo o que é necessário para viveres neste mundo, para te associares aos...

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11. SEGUNDA CONSIDERAÇÃO: A EXCELÊNCIA DAS VIRTUDES

  Parte V   Capítulo XI   Considera que somente as virtudes e a devoção podem tornar o teu coração feliz neste mundo. Admira as suas belezas e compara-as aos vícios contrários. Quanta suavidade na paciência, na humildade, em comparação com a vingança, a cólera e a tristeza, a ambição...

12. TERCEIRA CONSIDERAÇÃO: O EXEMPLO DOS SANTOS

  Parte V   Capítulo XII   Considera os exemplos dos santos de todos os tempos, de ambos os sexos, de todos os estados! Que não fizeram eles para amar a Deus com um devotamento completo? Considera os mártires inquebrantáveis em suas resoluções; quantos tormentos preferiram eles...

13. QUARTA CONSIDERAÇÃO: O AMOR DE JESUS CRISTO POR NÓS

  Parte V   Capítulo XIII   Considera o amor com o qual Jesus Cristo tanto sofreu neste mundo, principalmente no Jardim das Oliveiras e no Calvário. Esse amor tinha a nós em mira e nos impetrava do Pai eterno, por tantos sofrimentos e trabalhos, as boas resoluções e protestos que...

14. QUINTA CONSIDERAÇÃO: O AMOR ETERNO DE DEUS POR NÓS

  Parte V   Capítulo XIV   Considera o amor eterno que Deus tem tido por nós. Antes da encarnação e da morte de Jesus Cristo a Majestade divina te amava infinitamente e te predestinava para o Seu amor. Mas quando é que Ele começou a te amar? Começou a fazê-lo quando começou a ser...

15. AFETOS GERAIS SOBRE AS CONSIDERAÇÕES PRECEDENTES, PARA CONCLUIR ESTE EXERCÍCIO

  Parte V   Capítulo XV   Ó santas resoluções, contemplo-vos como a santa árvore de vida que Deus plantou no meio de meu coração e que Nosso Senhor veio regar com o Seu sangue, para que produza frutos abundantes. Antes mil mortes do que permitir que a arranquem de meu coração. Não,...

16. SENTIMENTOS QUE SE DEVEM CONSERVAR DEPOIS DESTE EXERCÍCIO

Parte V   Capítulo XVI   No dia em que fizeres esta renovação e nos dias seguintes deves pronunciar muitas vezes com o coração e com os lábios estas ardentes palavras de São Paulo, Santo Agostinho e Santa Catarina de Gênova:   Não, eu não pertenço mais a mim; seja viva, seja morta,...

17. RESPOSTA A DUAS OBJEÇÕES POSSÍVEIS CONTRA ESTA INTRODUÇÃO

  Parte V   Capítulo XVII   Dir-te-á o mundo, Filotéia, que estes conselhos e exercícios são tantos que quem os quisesse observar não poderia dar atenção a outra coisa. Ah! Filotéia, mesmo que não fizéssemos mais nada, já teríamos feito bastante, pois que teríamos feito o que devemos...

18.TRÊS AVISOS IMPORTANTES PARA TERMINAR ESTA INTRODUÇÃO

  Parte V   Capítulo XVIII   Nos primeiros dias de cada mês renova depois da meditação a protestação que se acha na primeira parte, repetindo, depois, no decurso do dia, como David:   Não, meu Deus, eu nunca me esquecerei de tua lei, porque nela foi que vivificaste minha...