MEMÓRIAS DA IRMÃ LÚCIA I

 
 

|

PREFÁCIO DO EDITOR

Às quatro primeiras Memórias da Irmã Lúcia, escritas por ordem do Bispo de Leiria, José Alves Correia da Silva, e aos Apêndices I e II relatos das aparições em Pontevedra e Tuy – em cumprimento da promessa de 13 de Julho de 1917: « ...virei pedir a Consagração da Rússia a Meu Imaculado...

INTRODUÇÃO ÀS MEMÓRIAS DA IRMÃ LÚCIA

Antes de entrar na matéria propriamente dita de uma introdução a toda a publicação de «Memórias», pareceu-nos oportuno expor ao leitor, embora com muita brevidade, quais as nossas intenções, os limites que nos impusemos e o procedimento ou método seguidos. A presente edição das Memórias da...

BIOGRAFIA INACABADA DE LÚCIA

«Aos trinta dias do mês de Março de mil novecentos e sete, nesta paroquial Igreja de Fátima, concelho de Vila Nova de Ourém, Patriarcado de Lisboa, baptizei solenemente um indivíduo do sexo feminino, a quem dei o nome de Lúcia, nascida em Aljustrel, desta freguesia, às sete horas da tarde...

EM TORNO DA FISIONOMIA LITERÁRIA DE LÚCIA

De toda a historiografia sobre Fátima, deve dizer-se aquilo que, entusiasmado com o seu livro, escrevia o escritor Antero de Figueiredo: «Mas a luz deste livro, a grande luz, a luz bela, essa foi recebida directa, da alma cândida e profunda, admiravelmente simples, da vidente Lúcia de...

GÉNERO LITERÁRIO DAS «MEMÓRIAS»

Aos escritos que, felizmente, o leitor vai ter nas suas mãos, chamamos «Memórias» porque, efectivamente, mais se parecem a este género literário, não obstante a sua aparência de «Cartas» ou, até, em certos momentos, de «autobiografia». Evidentemente que a Irmã Lúcia não tinha qualquer...

TEMA DAS MEMÓRIAS

Na introdução de cada Memória indicaremos o tema central ao qual ela se refere. No entanto, parece-nos importante sublinhar desde já o objectivo principal das Memórias da Irmã Lúcia: revelar a vida heróica dos dois Videntes já falecidos, hoje Bem-Aventurados Francisco e Jacinta, em...

O diário O Século, publicado no dia 15 de Outubro de 1917, apresentava pela primeira vez a fotografia dos Pastorinhos e dava a conhecer a todo o país “coisas espantosas: como o Sol bailou ao meio-dia em Fátima”

Os três videntes, Francisco (9), Lúcia (10) e Jacinta (7) no local da pequena azinheira sobre a qual aparecera a Santíssima Virgem nos dias 13, de Maio a Outubro de 1917

A Capelinha, construída pelo povo em 1918, no lugar das aparições

Imagem que desde 13 de Junho de 1920 se venera na Capelinha das Aparições. Em 13 de Maio de 1946 foi coroada solenemente pelo Card. Masella e no interior da sua coroa encontra-se, actualmente, incrustada a bala que depois do atentado de 13 de Maio de 1981 foi retirada do jeep do Papa.

Os três Pastorinhos junto do arco erguido no local das aparições para o dia 13 de Outubro de 1917

Janela da cadeia de Vila Nova de Ourém para onde foram levados os Pastorinhos em 13 de Agosto 1917

Capela construída no local da aparição dos Valinhos

A Via-Sacra húngara no “caminho dos Pastorinhos” liga a Cova da Iria aos outros lugares de aparições e a Aljustrel, terra natal dos três videntes.

Casa dos pais de Lúcia

Casa onde nasceram Francisco e Jacinta e onde morreu o Francisco

 

||

INTRODUÇÃO

Não é certamente o primeiro escrito de Lúcia; mas sim o seu primeiro escrito extenso. Antes dele, temos cartas, muitas cartas, interrogatórios, relatos, etc. Mas, agora, encontramo-nos diante dum documento extenso e importante. Se Lúcia nunca escreveu por vontade própria, como nasceu...

ORAÇÃO E OBEDIÊNCIA

J. M. J. Ex.mo e Rev.mo Senhor Bispo (1) Depois de ter implorado a protecção dos Santíssimos Corações de Jesus e Maria, nossa Terna Mãe, de ter pedido luz e graça aos pés do Sacrário, para não escrever nada que não seja única e exclusivamente para a glória de Jesus e da Santíssima...

SILÊNCIO SOBRE ALGUNS ASSUNTOS

Apesar, Ex.mo e Rev.mo Senhor Bispo, da minha boa vontade em obedecer, peço me concedais reservar algumas coisas que, porque também me dizem respeito, desejaria fossem lidas somente nos limiares da eternidade. V. Ex.cia Rev.ma não estranhará que pretenda guardar segredos e leituras para a...

PRECE À JACINTA

Ó tu que a terra Passaste voando, Jacinta querida, Numa dor intensa, Jesus amando, Não esqueças a prece Que eu te pedia. Sê minha amiga Junto do trono Da Virgem Maria. Lírio de candura, Pérola brilhante Oh! lá no Céu Onde vives triunfante, Serafim de amor, Com teu...

|||

1. TEMPERAMENTO

Ex.mo e Rev.mo Senhor Bispo Antes dos factos de 1917, exceptuando o laço de parentesco que nos unia, nenhum outro afecto particular me fazia preferir a companhia da Jacinta e Francisco, à de qualquer outra criança. Lúcia, apesar da sua deficiente cultura escolar, tinha uma inclinação...

2. DELICADEZA DA ALMA

Um dia, um desses pequenos acusou outro de ter dito algumas palavras pouco decentes. Minha mãe repreendeu-o com toda a severidade, dizendo que aquelas coisas feias não se diziam, que era pecado e que o Menino Jesus se desgostava e mandava para o inferno os que faziam pecados, se não se...

3. AMOR A CRISTO CRUCIFICADO

Minha mãe costumava, ao serão, contar contos. E entre os contos de fadas encantadas, princesas douradas, pombinhas reais, que nos contavam meu pai e minhas irmãs mais velhas, vinha minha mãe com a história da Paixão, de S. João Baptista, etc., etc. Eu conhecia, pois, a Paixão de Nosso...

4. SENSIBILIDADE

A pequenita gostava também muito de ir, à noitinha, para uma eira que tínhamos em frente da casa, ver o lindo pôr do sol e o céu estrelado que se Ihe seguia. Entusiasmava-se com as lindas noites de luar. Porfiávamos a ver quem era capaz de contar as estrelas que dizíamos serem as candeias...

5. CATEQUESE INFANTIL

Como minha irmã era zeladora do Coração de Jesus, sempre que havia comunhão solene de crianças, levava-me a renovar a minha. Minha tia levou, uma vez, a sua filhinha a ver a festa. A pequenita fixou-se nos anjos que deitavam flores. Desde esse dia, de vez em quando afastava-se de nós,...

6. JACINTA, A PEQUENA PASTORA

Entretanto, Ex.mo e Rev.mo Senhor Bispo, cheguei à idade em que minha mãe mandava os seus filhos guardar o rebanho. Minha irmã Carolina fez os seus 13 anos (9) e era preciso começar a trabalhar. Minha mãe entregou-me, por isso, o cuidado do nosso rebanho. Dei a notícia aos meus...

7. PRIMEIRA APARIÇÃO

Eis aqui, Ex.mo e Rev.mo Senhor Bispo, um pouco mais ou menos, como se passaram os sete anos, que tinha a Jacinta, quando apareceu belo e risonho, como tantos outros, o dia 13 de Maio de 1917. Escolhemos nesse dia, por acaso, se é que nos desígnios da Providência há acasos, para pastagem...

8. MEDITAÇÃO SOBRE O INFERNO

Quando, nesse dia, chegámos à pastagem, a Jacinta sentou- -se pensativa, em uma pedra. – Jacinta! Anda brincar! – Hoje não quero brincar. – Por que não queres brincar? – Porque estou a pensar. Aquela Senhora disse-nos para rezarmos o Terço e fazermos sacrifícios pela conversão...

9. AMOR AOS PECADORES

A Jacinta tomou tanto a peito os sacrifícios pela conversão dos pecadores, que não deixava escapar ocasião alguma. Havia umas crianças, filhos de duas famílias da Moita (10), que andavam pelas portas a pedir. Encontrámo-las, um dia, quando íamos com o nosso rebanho. A Jacinta, ao vê-los,...

10. RESISTÊNCIA DA FAMÍLIA

Entretanto, a notícia do acontecimento tinha-se espalhado. Minha mãe começava a afligir-se e queria, a todo o custo, que eu me desdissesse. Um dia, antes que saísse com o rebanho, quis obrigar-me a confessar que tinha mentido. Não poupou, para isso, carinhos, ameaças, nem mesmo o cabo da...

||||

11. AMOR AO SANTO PADRE

Foram interrogar-nos dois sacerdotes que nos recomendaram que rezássemos pelo Santo Padre. A Jacinta perguntou quem era o Santo Padre e os bons sacerdotes explicaram-nos quem era e como precisava muito de orações. A Jacinta ficou com tanto amor ao Santo Padre que, sempre que oferecia os...

12. NA CADEIA DE OURÉM

Quando, passado algum tempo, estivemos presos, a Jacinta, o que mais Ihe custava era o abandono dos pais; e dizia, com as lágrimas a correrem-lhe pelas faces: – Nem os teus pais nem os meus nos vieram ver. Não se importaram mais de nós! – Não chores – Ihe disse o Francisco. – Oferecemos a...

13. TERÇO NA PRISÃO

Determinámos, então, rezar o nosso Terço. A Jacinta tira uma medalha que tinha ao pescoço, pede a um preso que Ihe pendure em um prego que havia na parede e, de joelhos diante dessa medalha, começamos a rezar. Os presos rezaram connosco, se é que sabiam rezar; pelo menos estiveram de...

14. AFEIÇÃOZINHA PELO BAILE

Havia entre os presos um que tocava harmónio (harmónica). Começaram, então, para distrair-nos, a tocar e a cantar. Perguntaram-nos se não sabíamos bailar. Dissemos que sabíamos o fandango e o vira. A Jacinta foi então o par dum pobre ladrão que, vendo-a tão pequenina, terminou por bailar...

|||||

1. ORAÇÕES E SACRIFÍCIOS NO CABEÇO

Minha tia, cansada de ter que mandar continuamente buscar os seus filhinhos, para satisfazer o desejo de pessoas que pediam para Ihes falar, mandou pastorear o seu rebanho o seu filhinho João. (16) À Jacinta custou muito esta ordem, por dois motivos: por ter que falar a toda a gente que a...

2. O INCÓMODO DOS INTERROGATÓRIOS

Minha mãe, cansada de ver minha irmã perder tempo para ir continuamente chamar-me e ficar no meu lugar com o rebanho, resolveu vendê-lo; e, de acordo com minha tia, mandarem-nos à (16) João Marto, irmão da Jacinta († 28-IV-2000) (17) A gruta rochosa chama-se «Loca do Cabeço» e a colina...

3. O SANTO PADRE CRUZ

Foi também um dia, por sua vez, o Senhor Dr. Cruz, de Lisboa (19), a interrogar-nos. Depois do seu interrogatório, pediu-nos para Ihe irmos mostrar o sítio onde Nossa Senhora nos tinha aparecido. Pelo caminho ia uma de cada lado de sua Rev.cia, que ia montado em um jumento tão pequeno que...

4. GRAÇAS ALCANÇADAS PELA JACINTA

Havia no nosso lugar uma mulher que nos insultava sempre que nos encontrava. Encontrámo-la, um dia, quando saía duma taberna, e a pobre, como não estava em si, não se contentou, dessa vez, só com insultar-nos. Quando terminou o seu trabalho, a Jacinta diz-me: – Temos que pedir a Nossa...

5. NOVOS SACRIFÍCIOS

Disseram um dia que vinha a interrogar-nos um Sacerdote que era santo e que adivinhava o que se passava no íntimo de cada um e que, por isso, ia a descobrir se sim ou não dizíamos a verdade. A Jacinta dizia, então, cheia de alegria: – Quando virá esse Senhor Padre que adivinha? Se...

||||||

1. JACINTA, VITIMA DE PNEUMÓNICA

Passavam assim os dias da Jacinta, quando Nosso Senhor mandou a pneumónica, que a prostrou em cama, com seu Irmãozinho (20). Nas vésperas de adoecer dizia: – Dói-me tanto a cabeça e tenho tanta sede! Mas não quero beber, para sofrer pelos pecadores. Todo o tempo que me ficava livre da...

2. VISITA DE NOSSA SENHORA

Recuperou, no entanto, algumas melhoras. Pôde ainda levantar-se e passava, então, os dias sentada na cama do irmãozinho. Um dia mandou-me chamar: que fosse junto dela depressa. Lá fui, correndo. – Nossa Senhora veio-nos ver e diz que vem buscar o Francisco muito breve para o Céu. E a mim...

3. NO HOSPITAL DE OURÉM

Chegou também o dia de ir para o hospital (22), onde, na verdade, teve muito que sofrer. Quando a mãe a foi visitar, perguntou- -lhe se queria alguma coisa. Disse-lhe que queria ver-me. Minha tia, ainda que com inúmeros sacrifícios, lá me levou, logo que pôde voltar. Logo que me viu,...

4. REGRESSO A ALJUSTREL

Voltou ainda algum tempo para casa dos pais, com uma grande ferida aberta no peito, cujos curativos diários sofria sem uma queixa, sem mostrar o menor sinal de enfado. O que mais Ihe custava eram as frequentes visitas e interrogatórios das pessoas que a procuravam e às quais agora não podia...

5. NOVAS VISITAS DE NOSSA SENHORA

De novo a Santíssima Virgem se dignou visitar a Jacinta, para Ihe anunciar novas cruzes e sacrifícios. Deu-me a notícia e dizia- -me: – Disse-me que vou para Lisboa, para outro hospital; que não te torno a ver, nem os meus pais; que, depois de sofrer muito, morro sozinha, mas que não...

6. PARTIDA PARA LISBOA

Chegou, por fim, o dia de partir para Lisboa (23). A despedida cortava o coração. Permaneceu muito tempo abraçada ao meu pescoço e dizia, chorando: – Nunca mais nos tornamos a ver! Reza muito por mim, até que eu vá para o Céu. Depois, lá, eu peço muito por ti. Não digas nunca o segredo...

APÊNDICE

Acabo, Ex.mo e Rev.mo Senhor Bispo, de contar a V. Ex.cia Rev.ma o que recordo da vida da Jacinta. Peço a nosso bom Deus se digne aceitar este acto de obediência, para acender nas almas a chama do amor aos Corações de Jesus (e) Maria. Agora peço um favor: é que, se V. Ex.cia Rev.ma...

|||||||

INTRODUÇÃO

A Primeira Memória tinha descoberto aos Superiores de Lúcia que esta guardava, cuidadosamente, ainda muitas coisas que só revelaria por obediência. Em Abril de 1937, 0 P.e  Fonseca, escrevendo ao Sr. Bispo, dizia-lhe: «A carta da Irmã Dores (Lúcia) sobre a Jacinta faz supor que há...

PREFÁCIO

J. M. J. Vontade de Deus, tu és o meu Paraíso! (1) Ex.mo e Rev.mo Senhor Bispo Aqui estou, com a pena na mão, para fazer a vontade do meu Deus; e porque não é outro o meu fim, começo com a máxima que a minha santa Fundadora me deixou em herança e que eu, no decorrer deste escrito, à...

||||||||

1. INFÂNCIA DE LÚCIA

Ex.mo e Rev.mo Senhor Bispo «O Senhor pôs os olhos na baixeza da Sua serva» (3) eis por que os povos cantarão as grandezas da Sua misericórdia. Parece-me, Ex.mo e Rev.mo Senhor, que o nosso bom Deus se dignou favorecer-me com o uso da razão, muito criancinha ainda. Lembro-me de ter...

2. DIVERTIMENTOS POPULARES

Nos bailes, punham-me em cima duma arca ou duma outra coisa alta, para não ser pisada pelos assistentes e onde devia entoar vários cantos ao som da guitarra ou do harmónio. Para isto, minhas irmãs ensaiavam-me, assim como para bailar algumas valsas, quando faltasse algum par, o que eu...

3. PRIMEIRA COMUNHÃO

Aproximava-se, pois, o dia em que o Senhor Prior tinha destinado fizessem a sua primeira comunhão solene as crianças da freguesia. Minha mãe pensou, pois, que em vistas da sua filhinha saber a doutrina e de ter já completado os 6 anos, poderia talvez fazer já a sua primeira comunhão. Com...

4. SORRISO DA MÃE DE DEUS

E quando chegou a minha vez, lá fui ajoelhar aos pés do nosso bom Deus, ali representado pelo Seu ministro, a implorar o perdão dos meus pecados. Quando terminei, vi que toda a gente se ria. Minha mãe chama-me e diz: – Minha filha, não sabes que a confissão se faz baixinho, que é um...

5. VIGÍLIA DE ESPERANÇA

Minhas irmãs ficaram essa noite trabalhando para me fazer o vestido branco e a grinalda de flores. Eu, com a alegria, não podia dormir; e as horas não havia maneira de passarem. Levantava- -me, pois, constantemente, para ir junto delas perguntar-Ihes se ainda não era dia, se me queriam...

6. O GRANDE DIA

Começou a Missa cantada e à maneira que o momento se aproximava, o coração batia mais apressado, na expectativa da visita dum grande Deus que ia descer do Céu para Se unir à minha pobre alma. O Senhor Prior desceu por entre as filas a distribuir o Pão dos Anjos. Tive a sorte de ser a...

7. FAMÍLIA DE LÚCIA

Este retiro conseguia-o poucas vezes, porque, além de ser encarregada da guarda das crianças que as vizinhas nos confiavam, como já disse a V. Ex.cia Rev.ma, minha mãe costumava também fazer por ali como que de enfermeira. Vinham consultar o seu parecer, quando tinham alguma coisa de...

8. REFLEXÃO DA AUTORA

Não sei se os factos que acabo há pouco de contar da minha primeira comunhão foram uma realidade ou uma ilusão de criança. O que eu sei é que eles tiveram sempre, e têm ainda hoje, uma grande influência na união da minha alma com Deus. Nem sei também para que estou a contar a V. Ex.cia...

|||||||||

1. MANIFESTAÇÕES EM 1915

Assim, pois, completei os meus 7 anos. Minha mãe determinou que começasse a guardar as nossas ovelhas. Meu pai não era dessa opinião, nem minhas irmãs. Queriam, para mim, pelo afecto particular que me tinham, uma excepção. Mas minha mãe não cedeu. – É como todas – dizia ela –. A Carolina...

2. APARIÇÕES DO ANJO EM 1916

Passado algum tempo, voltámos com os nossos rebanhos para esse mesmo sítio e repetiu-se o mesmo, da mesma forma. As minhas companheiras contaram, de novo, o acontecido. E o mesmo, passado outro espaço de tempo. Era a terceira vez que minha mãe ouvia falar, por fora, destes acontecimentos,...

3. PROBLEMAS FAMILIARES

Eis-me chegada, Ex.mo e Rev.mo Senhor, ao fim dos meus três anos de pastorinha – dos 7 aos 10. Durante estes três anos, a nossa casa e, quase me atrevia a dizer, a nossa freguesia, tinha mudado quase completamente de aspecto. O Rev.mo Senhor Padre Pena tinha deixado de ser nosso Pároco e...

4. APARIÇÕES DE NOSSA SENHORA

Não me detenho a descrever a aparição do dia 13 de Maio. É de V. Ex.cia bem conhecida e, por isso, seria perdido o tempo que nisto gastaria. É também bem conhecido de V. Ex.cia Rev.ma o modo como minha mãe se informou do acontecimento e os esforços que fez para me obrigar a dizer que...

5. DÚVIDAS DE LÚCIA

Por este tempo, o Pároco da minha Freguesia soube do que se passava e mandou dizer a minha (mãe) que me levasse a sua casa. Esta sentia-se respirar, julgando que o Senhor Prior iria tomar a responsabilidade dos acontecimentos. Por isso, dizia-me: – Amanhã vamos à Missa logo de manhãzinha....

6. JACINTA E FRANCISCO ENCORAJAM-NA

Quanto esta reflexão me fez sofrer, só Nosso Senhor pode saber, porque só Ele pode penetrar o nosso íntimo. Comecei, então, a duvidar se as manifestações seriam do Demónio que procurava, por esse meio, perder-me. E, como tinha ouvido dizer que o Demónio trazia sempre a guerra e a desordem,...

7. DESCRENÇA DA MÃE DE LÚCIA

Graças a nosso bom Deus, nesta aparição desvaneceram-se as nuvens da minha alma e recuperei a paz. Minha pobre mãe afligia-se cada vez mais, ao ver a quantidade de gente que ali vinha de todas as partes: – Esta pobre gente – dizia ela – vem, com certeza, enganada pelas vossas intrujices;...

8. AMEAÇAS DO ADMINISTRADOR

Passados não muitos dias, meus tios e meus pais recebem ordem das autoridades, para comparecer na Administração, no dia seguinte, a tal hora marcada, com a Jacinta e o Francisco, meu tio e, comigo, meu pai. A Administração é em Vila Nova de Ourém; e por isso havia que andar umas três...

9. PREJUÍZOS NA FAMÍLIA

No seio da minha família havia ainda outro desgosto, de que eu era a culpada, como diziam. A Cova de Iria era uma propriedade pertencente a meus pais. No fundo, tinha um pouco de terreno bastante fértil, no qual se cultivava bastante milho, legumes, hortaliças, etc. Nas encostas, havia...

10. AJUDA ESPIRITUAL

Parece-me que foi no decorrer deste mês (20) que aí apareceu o Senhor Dr. Formigão, pela primeira vez, para me fazer o seu interrogatório. Interrogou-me séria e minuciosamente. Gostei muito dele, porque me falou muito da prática da virtude, ensinando-me alguns modos de a praticar. Mostrou-me...

||||||||||

11. NA CADEIA DE OURÉM

Entretanto, amanhecia o dia 13 de Agosto. O povo chegava de todos os sítios, desde a véspera. Todos queriam ver-nos, interrogar-nos e fazer-nos os seus pedidos, para que os transmitissemos à Santíssima Virgem. Éramos, nas mãos daquela gente, como uma bola nas mãos da rapaziada. Cada um nos...

12. MORTIFICAÇÕES E SOFRIMENTOS

Passados alguns dias, íamos com as nossas ovelhinhas por um caminho, no qual encontrei um bocado duma corda dum carro. Peguei nela e, brincando, atei-a a um braço. Não tardei a notar que a corda me magoava. Disse, então, para meus primos: – Olhem: isto faz doer. Podíamos atá-la à cinta e...

13. TREZE DE SETEMBRO

Assim se aproximou o dia 13 de Setembro. Em este dia, a Santíssima Virgem, depois do que já tenho narrado, disse-nos: – Deus está contente com os vossos sacrifícios, mas não quer que durmais com a corda; trazei-a só durante o dia. Escusado será dizer que obedecemos pontualmente às...

14. ESPÍRITO DE SACRIFÍCIO DE LÚCIA

Uma vizinha lembrou-se um dia, não sei como, de dizer que uns Senhores me tinham dado não me lembro que quantia de dinheiro. Minha mãe, sem mais, chamou-me e perguntou-me por ele. Como eu Ihe dissesse que não (tinha) recebido, quis então obrigar-me a entregar-lho e, para isso, serviu-se do...

15. UMA VISITA CURIOSA

Se me não engano, foi também no decurso deste mês que aí apareceu um jovem (22) que, pela sua elevada estatura, me fez tremer de medo. Quando vi entrar em casa, à minha procura, um Senhor que teve que curvar-se para caber na entrada da porta, julguei-me em presença dum alemão. E como, em...

16. TREZE DE OUTUBRO

Estamos, pois, Ex.mo e Rev.mo Senhor Bispo, em o dia 13 de Outubro. Neste dia, já V. Ex.a  Rev.ma sabe tudo o que se passou (23). Desta aparição, as palavras que mais se me gravaram no coração foi o pedido da Nossa Santíssima Mãe do Céu: (23) Temos o precioso relatório do Pároco de...

17. INTERROGATÓRIOS DE SACERDOTES

Já disse a V. Ex.cia Rev.ma, no escrito sobre a minha prima, como foram dois veneráveis Sacerdotes que nos falaram de Sua Santidade e da necessidade que tinha de orações. Desde então, não oferecemos a Deus oração ou sacrifício algum, em que não dirigíssemos uma súplica por Sua Santidade....

|||||||||||

1. LÚCIA VAI À ESCOLA

Que coisa, estou a escrever para aqui, sem rei nem roque, como se costuma dizer; e já vou deixando para trás algumas coisas. Mas estou fazendo como V. Ex.cia Rev.ma me disse: que escrevesse à maneira que me fosse recordando, com toda a simplicidade. Assim, pois, o quero fazer, sem me...

2. ATITUDE DO PÁROCO

Por esta ocasião, o Senhor Prior começou também a preparar as crianças para uma comunhão solene. Como desde os 6 anos que eu repetia a comunhão solene, minha mãe resolveu que este ano não a faria. Por este motivo, não fui à explicação da doutrina. Ao sair da escola, enquanto as demais...

3. COMUNHÃO NO SOFRIMENTO

A Jacinta e o Francisco poucas vezes tomavam parte em estes mimos que o Céu nos enviava, porque seus pais não consentiam que ninguém Ihes tocasse. Mas sofriam por me ver sofrer e não poucas vezes as lágrimas Ihes banharam as faces, por me verem aflita ou mortificada. Um dia, a Jacinta...

4. PROIBIÇÃO DA PEREGRINAÇÃO

Entretanto, o Governo não se conformava com os progressos dos acontecimentos. Tinham posto, no local das aparições, uns paus, à maneira de arco, com umas lanternas que algumas pessoas tinham o cuidado de conservar acesas. Mandaram, pois, uma noite, alguns homens com um automóvel, para...

5. A MÃE DE LÚCIA ADOECE GRAVEMENTE

O Senhor devia comprazer-se em ver-me sofrer, pois me preparava agora um cálix bem mais amargo, que dentro em pouco me dará a beber. Minha mãe cai gravemente enferma e a tal ponto que, um dia, a julgámos agonizante. Foram, então, todos os seus filhos junto da sua cama, para receber a sua...

6. MORTE DO PAI

Nosso bom Deus deu-me esta consolação, mas de novo me batia à porta com outro sacrifício, nada mais pequeno. Meu pai era um homem sadio, robusto, que dizia não saber que coisa era uma dor de cabeça. E, em menos de 24 horas, quase de repente, uma pneumonia dupla levava-o para a eternidade...

7. DOENÇA DA JACINTA E DO FRANCISCO

Por este tempo, a Jacinta e o Francisco começaram também a piorar (33). A Jacinta dizia-me, às vezes: – Sinto uma dor tão grande no peito! Mas não digo nada a minha mãe; quero sofrer por Nosso Senhor, em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria, pelo Santo...

8. TAMBÉM A LÚCIA ADOECE

Várias pessoas que aí iam, de fora, ao verem-me com uma cara amarelenta e meia anémica, pediam a minha mãe para me deixar ir uns dias para suas casas, dizendo que a mudança de ares me fazia bem. Com este intento, minha mãe dava o seu consentimento e lá me levavam, ora para umas partes, ora...

9. PRIMEIRO ENCONTRO COM O BISPO

Por este tempo, V. Ex.cia Rev.ma entrava em Leiria (37) e o nosso bom Deus confiava, aos seus cuidados, um pobre rebanho há largos anos sem Pastor. Não faltou quem julgasse assustar-me com a chegada de V. Ex.cia Rev.ma, como já doutra vez tinham feito com um venerável Sacerdote, dizendo que...

10. DESPEDIDA DE FÁTIMA

10. DESPEDIDA DE FÁTIMA Marcou-se, por fim, o dia da partida. Na véspera, fui, pois, com o coração esmagado de saudades, despedir-me de todos os nossos terrenos, bem certa de que era a última vez que os pisava: do Cabeço, da Rocha, dos Valinhos, da Igreja Paroquial, onde o...

||||||||||||

EPÍLOGO

Julgo, Ex.mo e Rev.mo Senhor Bispo, ter acabado de colher a mais bela flor e o mais delicado fruto do meu pequenino jardim, para agora o ir depor nas mãos misericordiosas do nosso bom Deus, representado por V. Ex.cia Rev.ma, rogando-Lhe que o faça frutificar numa abundante colheita de...

1. AINDA ALGUNS PORMENORES ACERCA DA JACINTA

P.S. – Esqueci-me de dizer que a Jacinta, ao ir para os hospitais de Vila Nova de Ourém e Lisboa, sabia que não ia para se curar, mas sim para sofrer. Muito antes de ninguém falar em ela entrar no Hospital de Vila Nova de Ourém, ela disse, um dia: – Nossa Senhora quer que eu vá para dois...

2. PODER ATRACTIVO DE LÚCIA

2. PODER ATRACTIVO DE LÚCIA Poderá talvez parecer, neste escrito, que na minha terra não encontrava amizade ou carinho em pessoa alguma. Não é assim. Havia uma porçãozinha escolhida do redil do Senhor que mostrava por mim uma simpatia única: eram as criancinhas. Corriam...

3. BOA MEMÓRIA DA VIDENTE

Talvez que alguém queira perguntar: Como é que a Irmã se lembra de tudo isto? Como é, não sei. O nosso bom Deus, que reparte os Seus dons como Lhe apraz, repartiu comigo este bocadinho de memória; e, por isso, Ele só sabe como é. Ademais, entre as coisas sobrenaturais e as naturais...

|||||||||||||

INTRODUÇÃO

As duas memórias anteriores, como vimos, tiveram, como motivo ocasional, umas insinuações do Sr . Bispo de Leiria e do P. Fonseca. Ainda desta vez, Lúcia não escreve por iniciativa própria. A ocasião apresentou-se assim: O livro «Jacinta», de Maio a Outubro de 1938, tivera duas edições....

PREFÁCIO

J. M. J. Excelentíssimo e Reverendíssimo Senhor Bispo Em obediência à ordem que V. Ex.cia Rev.ma me dá, na carta de 26 de Julho (de) 1941, de pensar e apontar alguma coisa mais, que da Jacinta me possa lembrar, pensei e pareceu-me que, por essa ordem, Deus falava, e era chegado o...

1. O QUE É O SEGREDO?

O que é o segredo? Parece-me que o posso dizer, pois que do Céu tenho já a licença. Os representantes de Deus na terra têm-me autorizado a isso várias vezes e em várias cartas, uma das quais, julgo que conserva V. Ex.cia Rev.ma, do Senhor Padre José Bernardo Gonçalves (2), na em que me...

2. VISÃO DO INFERNO

Bem; o segredo consta de três coisas distintas, duas das quais vou revelar (4). A primeira foi, pois, a vista do inferno (5)! Nossa Senhora mostrou-nos um grande mar de fogo que parecia estar debaixo da terra. Mergulhados em esse fogo, os demónios e as almas, como se fossem brasas...

3. FORTE IMPRESSÃO PARA A JACINTA

Excelentíssimo e Reverendíssimo Senhor Bispo: disse já a V. Ex.cia Rev.ma, em os apontamentos que enviei depois de ler o livro «Jacinta», que ela se impressionava muito com algumas coisas reveladas no segredo. Realmente, assim era. A vista do inferno tinha-a horrorizado a tal ponto, que...

4. OLHAR RETROSPECTIVO DE LÚCIA

Aqui, Ex.mo e Rev.mo Senhor Bispo, me vem à mente uma reflexão. Por vezes me têm perguntado se Nossa Senhora, em alguma das aparições, nos indicou que classe de pecados ofendiam mais a Deus, pois, segundo dizem, a Jacinta, em Lisboa, nomeou o da carne (13). Talvez, penso eu agora, como era...

5. O CORAÇÃO IMACULADO DE MARIA

Bem, Ex.mo e Rev.mo Senhor Bispo, parece-me ter já manifestado a primeira parte do segredo. A segunda refere-se à devoção do Imaculado Coração de Maria. Já disse, no segundo escrito, que Nossa Senhora, a 13 de Junho (de) 1917, me disse que nunca me deixaria e que Seu Imaculado Coração seria...

6. JACINTA VÊ O SANTO PADRE

Um dia, fomos passar as horas da sesta para junto do poço de meus pais. A Jacinta sentou-se nas lajes do poço; o Francisco, comigo, foi procurar o mel silvestre nas silvas dum silvado duma ribanceira que aí havia. Passado um pouco de tempo, a Jacinta chama por mim: – Não viste o Santo...

7. VISÕES DE GUERRA

Um dia fui a sua casa, para estar um pouco com ela. Encontrei-a sentada na cama, muito pensativa. – Jacinta, que estás a pensar? – Na guerra que há-de vir. Há-de morrer tanta gente! E vai quase toda para o inferno (16)! Hão-de ser arrasadas muitas casas e mortos muitos Padres. Olha: eu...

8. INTERPRETAÇÃO DO SILÊNCIO DE LÚCIA

Pode ser, Ex.mo e Rev.mo Senhor Bispo, que a alguém pareça que eu devia ter manifestado todas estas coisas há mais tempo, porque, a seu parecer, teriam, há alguns anos antes, dobrado valor   Ex.mo e Rev.mo Senhor Bispo, que Deus quis apenas servir-se de mim para recordar ao Mundo a...

||||||||||||||

9. AMOR DA JACINTA AO CORAÇÃO IMACULADO DE MARIA

grande estímulo na sua vida. Pouco tempo antes de ir para o hospital, dizia-me: – Já me falta pouco para ir para o Céu. Tu ficas cá para dizeres que Deus quer estabelecer no Mundo a devoção do Imaculado Coração de Maria. Quando for para dizeres isso, não te escondas. Diz a toda a gente...

EPÍLOGO

Eis, Ex.mo e Rev.mo Senhor Bispo, o mais que recordo da Jacinta e que me parece ainda não disse. O sentido de tudo que digo é exacto (23). Na maneira de me exprimir, não sei se trocarei alguma palavra por outra, como, por exemplo: Quando falávamos de Nossa Senhora. Agora não recordo bem os...

|||||||||||||||

INTRODUÇÃO

Também esta memória, a mais extensa de todas, tem origem ocasional, não por iniciativa da Lúcia, mas dos seus Superiores. No dia 7 de Outubro de 1941 apresentam-se, em Valença do Minho, o Sr. Bispo e o Dr. Galamba, bem apetrechados de interrogatórios. Ali se deslocou Lúcia. Recebem o escrito...

1. CONFIANÇA E ABANDONO

J. M. J. Ex.mo e Rev.mo Senhor Bispo Depois duma humilde prece aos pés do Sacrário e do Imaculado Coração de Maria, nossa tão querida Mãe do Céu, pedindo a graça de não permitirem que escreva nem uma só letra que não seja para a Sua glória, venho na paz e felicidade dos que têm...

2. DESPOJAMENTO TOTAL

Antes de começar, quis abrir o Novo Testamento, único livro que quero ter aqui diante de mim, a um retirado canto do sótão, à luz duma pobre telha de vidro, para onde me retiro, para escapar, quanto me seja possível, às vistas humanas. De mesa, serve-me o regaço; de cadeira, uma velha...

3. ASSISTÊNCIA DO ESPÍRITO SANTO

Ex.mo e Rev.mo Senhor Bispo No dia 7-10-1941, perguntava-me, em Valença, Sua Rev.cia o Senhor Dr. Galamba: – A Irmã, quando disse que a penitência estava feita só em parte, disse-o de si mesma ou foi-lhe revelado? Parece-me, Ex.mo e Rev.mo Senhor Bispo, que, proveniente de mim só, não...

||||||||||||||||

1. ESPIRITUALIDADE

Vou, pois, começar, Ex.mo e Rev.mo Senhor Bispo, por escrever o que o bom Deus me queira fazer lembrar do Francisco. Espero que Nosso Senhor lhe faça conhecer, no Céu, o que a seu respeito escrevo na terra, para que, junto de Jesus e Maria, interceda por mim, em especial nestes dias. A...

2. INCLINAÇÕES NATURAIS

penedo, a tocar o seu pífaro ou a cantar. Se a sua irmãzinha descia para comigo dar algumas corridas, ele lá ficava entretido com as suas músicas e cantos. O que ele cantava com mais frequência era: Coro Amo a Deus no céu. Amo (-O) também na terra. Amo o campo, as flores. Amo as...

3. PARTICIPAÇÃO NAS APARIÇÕES DO ANJO

Na aparição do Anjo, prostrou-se como sua irmã e eu, levado por uma força sobrenatural que a isso nos movia; mas a oração aprendeu-a ouvindo-nos repeti-la, pois, ao Anjo, dizia não ter ouvido nada. Quando, depois, nos prostrávamos para rezar essa oração, ele era o primeiro que se cansava...

4. INFLUÊNCIA DA PRIMEIRA APARIÇÃO DE NOSSA SENHORA

4. INFLUÊNCIA DA PRIMEIRA APARIÇÃO DE NOSSA SENHORA A aparição de Nossa Senhora veio de novo a concentrar-nos no sobrenatural, mas mais suavemente: em vez daquele aniquilamento na Divina Presença, que prostrava, mesmo fisicamente, deixou-nos uma paz e alegria expansiva que nos não...

5. INFLUÊNCIA DA SEGUNDA APARIÇÃO

Na segunda aparição, 13 de Junho (de) 1917, o Francisco impressionou-se muito com a comunicação do reflexo que já disse no segundo escrito que foi no momento em que Nossa Senhora disse: – O Meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus. Ele parecia não...

6. FRANCISCO ENCORAJA A LÚCIA

No decorrer deste mês, aumentou consideravelmente a afluência de gente e, com ela, os contínuos interrogatórios e contradições. O Francisco sofria bastante com isso e lamentava-se, dizendo para a irmã: – Que pena! Se tu te tivesses calado, ninguém o sabia. Se não fosse por ser mentira,...

7. INFLUÊNCIA DA TERCEIRA APARIÇÃO

Na terceira aparição, o Francisco pareceu ser o que menos se impressionou com a vista do inferno, embora Ihe causasse também uma sensação bastante grande. O que mais o impressionava ou absorvia era Deus, a Santíssima Trindade, nessa luz imensa que nos penetrava no mais íntimo da alma....

8. COMPORTAMENTO EM OURÉM

Já disse como ele passou o dia a chorar e a rezar, numa aflição talvez maior que a minha, quando meu pai foi intimado a levar-me a Vila Nova de Ourém (6). Na prisão, mostrou-se bastante animado e procurava animar a Jacinta nas horas de mais saudade. Quando rezámos o terço, na prisão, ele...

9. INFLUÊNCIA DAS ÚLTIMAS APARIÇÕES

Quando, depois do dia 13 de Setembro, lhe disse que em Outubro vinha também Nosso Senhor, ele mostrou grande alegria: – Ai que bom! Só O vimos duas vezes ainda (7) e eu gosto tanto d’Ele! De vez em quando perguntava: (7) Refere-se à aparição dos meses de Junho e Julho. Viram Nosso...

10. CASOS E CANÇÕES

Entre minha casa e a de Francisco vivia meu padrinho Anastácio, casado com uma mulher de bastante idade, a quem o Senhor não tinha dado descendência. Lavradores bastante ricos, não precisavam de trabalhar. Meu pai tomava-lhes conta da lavoura e guiava-lhes por lá os jornaleiros. Agradecidos...

|||||||||||||||||

11. FRANCISCO, O PEQUENO MORALISTA

Ao som do animado descante, foram-se juntando as vizinhas; e, ao terminar, pediram uma nova repetição. Mas o Francisco aproximou-se de mim e disse-me: – Não cantemos mais isso. Nosso Senhor decerto agora não gosta que cantemos essas coisas. E lá nos escapámos como pudemos, por entre a...

12. AMOR AO RECOLHIMENTO E À ORAÇÃO

O Francisco era de poucas palavras; e para fazer a sua oração e oferecer os seus sacrifícios, gostava de se ocultar até da Jacinta e de mim. Não poucas vezes o íamos surpreender, de trás duma parede ou dum silvado, para onde, dissimuladamente, se tinha escapado, de joelhos, a rezar ou a...

13. VISÃO DO DEMÓNIO

Bem diferente é um facto que agora me está a lembrar. Andávamos, um dia, num sítio chamado a Pedreira e, enquanto as ovelhas pastavam, saltávamos de penedo em penedo, fazendo ecoar a voz no fundo desses grandes barrancos. O Francisco, como era seu costume, retirou-se lá para a concavidade dum...

14. FIORETTI DE FÁTIMA

Dos passarinhos gostava muito; não podia ver que lhes roubassem os ninhos. Migava sempre parte do pão que levava para a merenda, no cimo das pedras, para que eles o comessem; e, afastando-se, chamava por eles, como se o entendessem, e não queria que ninguém se aproximasse, para não lhes...

15. OUTROS CASOS

Como já disse, minha tia vendeu o seu rebanho primeiro que minha mãe. Desde aí, pela manhã, antes de sair, avisava a Jacinta e o Francisco do lugar da pastagem para onde ia, e eles, logo que se podiam escapar, lá iam ter. Um dia, quando cheguei, já lá estavam à minha espera. – Ah! Como...

16. FRANCISCO ADOECE

Na doença, o Francisco mostrou-se sempre alegre e contente. Às vezes, perguntava-lhe: – Sofres muito, Francisco? – Bastante; mas não importa. Sofro para consolar a Nosso Senhor; e depois, daqui a pouco, vou para o Céu! – Lá, não te esqueças de pedir a Nossa Senhora que me leve para lá...

17. MORTE SANTA

Já de noite, despedi-me dele. – Francisco, adeus! Se fores para o Céu esta noite, não te esqueças lá de mim, ouviste? – Não te esqueço, não; fica descansada. E agarrando-me a mão direita, apertou-ma com força, por um bom bocado, olhando para mim com as lágrimas nos olhos. – Queres...

18. MAIS CANÇÕES

Como o Senhor Dr. Galamba deseja os versos profanos, e já escrevi alguns no decorrer da história do Francisco, antes de começar com outro assunto, vou pôr aqui mais alguns, para que Sua Rev.cia possa escolher, se por acaso algum se puder aproveitar para alguma coisa. A Serrana Serrana,...

||||||||||||||||||

PREFÁCIO

Agora, Ex.mo e Rev.mo Senhor Bispo, será a página mais custosa de quantas V. Ex.cia Rev.ma me tem mandado escrever. Depois de V. Ex.cia Rev.ma, em particular, me ter mandado escrever as aparições do Anjo, com todos os seus detalhes e pormenores e, quanto me seja possível, até com os próprios...

1. APARIÇÕES DO ANJO

Pelo que posso mais ou menos calcular, parece-me que foi em 1915 que se deu essa primeira aparição do que julgo ser o Anjo, que não ousou, por então, manifestar-se de todo. Pelo aspecto do tempo, penso que se deveram dar nos meses de Abril até Outubro – 1915. Na encosta do cabeço que fica...

2. SILÊNCIO DA LÚCIA

Não sei porquê, as aparições de Nossa Senhora produziam em nós efeitos bem diferentes. A mesma alegria íntima, a mesma paz e felicidade, mas, em vez desse abatimento físico, uma certa agilidade expansiva; em vez desse aniquilamento na Divina presença, um exultar de alegria; em vez dessa...

3. TREZE DE MAIO

Dia 13 de Maio (de) 1917 – Andando a brincar com a Jacinta e o Francisco, no cimo da encosta da Cova da Iria, a fazer uma paredita em volta duma moita, vimos, de repente, como que um relâmpago. – É melhor irmos embora para casa, – disse a meus primos – que estão a fazer relâmpagos; pode...

4. TREZE DE JUNHO

4. TREZE DE JUNHO   Dia 13 de Junho (de) 1917 – Depois de rezar o terço com a Jacinta e o Francisco e mais pessoas que estavam presentes, vimos de novo o reflexo da luz que se aproximava (a que chamávamos relâmpago) e, em seguida, Nossa Senhora sobre a carrasqueira, em tudo...

5. TREZE DE JULHO

Dia 13 de Julho de 1917 – Momentos depois de termos chegado à Cova de Iria, junto da carrasqueira, entre numerosa multidão de povo, estando a rezar o terço, vimos o reflexo da costumada luz e, em seguida, Nossa Senhora sobre a carrasqueira. – Vossemecê que me quer? – perguntei. – Quero...

6. TREZE DE AGOSTO

Dia 13 de Agosto de 1917 – Como já está dito o que neste dia se passou, não me detenho nisso e passo à aparição, a meu ver no dia 15, ao cair da tarde (18). Como ainda então não sabia contar os dias do mês, pode ser que seja eu a que esteja enganada; mas conservo a ideia que foi no mesmo...

7. TREZE DE SETEMBRO

Dia 13 de Setembro de 1917 – Ao aproximar-se a hora, lá fui, com a Jacinta e o Francisco, entre numerosas pessoas que a custo nos deixavam andar. As estradas estavam apinhadas de gente. Todos nos queriam ver e falar. Ali não havia respeito humano. Numerosas pessoas, e até senhoras e...

8. TREZE DE OUTUBRO

Dia 13 de Outubro de 1917 – Saímos de casa bastante cedo, contando com as demoras do caminho. O povo era em massa. A chuva, torrencial. Minha mãe, temendo que fosse aquele o último dia da minha vida, com o coração retalhado pela incerteza do que iria acontecer, quis acompanhar-me. Pelo...

EPÍLOGO

Eis, Ex.mo e Rev.mo Senhor Bispo, a história das aparições de Nossa Senhora na Cova de Iria, em 1917. Sempre que por algum motivo tinha que falar delas, procurava fazê-lo com as mínimas palavras, na ambição de guardar, para mim só, essas partes mais íntimas que tanto me custava...

|||||||||||||||||||

1. UMA CURA MILAGROSA

Pede-me ainda, o Senhor Dr. Galamba, para escrever alguma graça mais que tenha sido alcançada por meio da Jacinta. Pensei um pouco e lembro-me de duas apenas. A primeira vez que a boa Senhora Emília, de quem falo no segundo escrito sobre a Jacinta, me foi buscar, para me levar...

2. REGRESSO DUM FILHO PRÓDIGO

A outra era uma tia minha, casada na Fátima, de nome Vitória, que tinha um filho que era um verdadeiro pródigo. Não sei porquê, havia tempo que tinha abandonado a casa paterna, sem se saber que feito era dele. Aflita, minha tia veio um dia a Aljustrel, para me pedir que pedisse a Nossa...

||||||||||||||||||||

1. INDICAÇÃO

É difFalta-me ainda responder a uma outra pergunta do Senhor Dr. Galamba: – Que sentiam as pessoas junto da Jacinta? ícil a resposta, porque, de ordinário, eu não sei o que se passa no interior dos outros; e por isso não conheço os seus sentimentos. Posso, pois, apenas dizer alguma coisa...

2. JACINTA, ESPELHO DE DEUS

O que eu sentia era o que, de ordinário, se sente junto duma pessoa santa que em tudo parece comunicar a Deus. A Jacinta tinha um porte sempre sério, modesto e amável, que parecia traduzir a presença de Deus em todos os seus actos, próprio de pessoas já avançadas em idade e de grande...

3. JACINTA, EXEMPLO DE VIRTUDES

As pessoas grandes iam também visitá-la; mostravam admiração pelo seu porte, sempre igual, paciente, sem a menor queixa ou exigência. Na posição em que a mãe a deixava, assim permanecia. Se Ihe perguntavam se estava melhor, respondia: – Estou na mesma. Ou, – Parece que estou pior. Muito...

4. O FRANCISCO ERA DIFERENTE

O Francisco era, também, neste ponto, um pouco diferente: sempre a sorrir, sempre amável e condescendente, brincava com todas as crianças indistintamente. Não repreendia a ninguém. Apenas, às vezes, se retirava, quando via alguma coisa que não estava bem. Se se Ihe perguntava por que se ia...

EPÍLOGO

Parece-me, Ex.mo e Rev.mo Senhor Bispo, ter escrito tudo que, por agora, V. Ex.cia Rev.ma me mandou. Até aqui, fiz quanto pude para ocultar o que as aparições de Nossa Senhora, na Cova de Iria, tinham de mais íntimo. Sempre que delas me vi obrigada a falar, procurei tocar-lhe ao de leve,...

|||||||||||||||||||||

TEXTO DA GRANDE PROMESSA DO CORAÇÃO DE MARIA NA APARIÇÃO DE PONTEVEDRA (ESPANHA)

INTRODUÇÃO O texto que se segue é um documento escrito pela Irmã Lúcia, em fins de 1927, por ordem do seu director espiritual, o Rev. P.e Aparício, S. J. Pouco tempo depois de ter tido esta aparição, no dia 10 de Dezembro de 1925, na sua cela, redigiu um primeiro escrito que foi...

||||||||||||||||||||||

TEXTO DO PEDIDO DA CONSAGRAÇÃO DA RÚSSIA

INTRODUÇÃO O texto deste Apêndice não é um documento manuscrito pela Irmã Lúcia, mas tem todas as garantias de autenticidade, visto que foi o próprio director espiritual, nessa altura o Rev. P. José Bernardo Gonçalves, S. J. que o transcreveu directa e literalmente dos apontamentos da...

A parte mais bem guardada do «segredo» de Fátima, acompanhada
de um comentário adequado da Congregação para a Doutrina da Fé, foi
publicada em 26 de Junho de 2000. Com esta divulgação a Mensagem de
Fátima alcança uma actualidade e um valor extraordinários.
Transcrevemos aqui, na íntegra, o texto do referido documento
A parte mais bem guardada do «segredo» de Fátima, acompanhada
de um comentário adequado da Congregação para a Doutrina da Fé, foi
publicada em 26 de Junho de 2000. Com esta divulgação a Mensagem de
Fátima alcança uma actualidade e um valor extraordinários.
Transcrevemos aqui, na íntegra, o texto do referido documento
 

|||||||||||||||||||||||

A MENSAGEM DE FÁTIMA

Na passagem do segundo para o terceiro milénio, o Papa João Paulo II decidiu tornar público o texto da terceira parte do «segredo de Fátima». Depois dos acontecimentos dramáticos e cruéis do século XX, um dos mais tormentosos da história do homem, com o ponto culminante no cruento...

O «SEGREDO» DE FÁTIMA

levar para o Céu (na primeira aparição) se assim não fosse, creio que teríamos morrido de susto e pavor. Em seguida, levantámos os olhos para Nossa Senhora quePrimeira e segunda parte do «Segredo» segundo a redacção feita pela Irmã Lúcia na «Terceira Memória», de 31 de Agosto de 1941,...

TERCEIRA PARTE DO «SEGREDO»

«J.M.J. A terceira parte do segredo revelado a 13 de Julho de 1917 na Cova da Iria-Fátima. Escrevo em acto de obediência a Vós Deus meu, que mo mandais por meio de sua Ex.cia Rev.ma o Senhor Bispo de Leiria e da Vossa e minha Santíssima Mãe. Depois das duas partes que já expus, vimos...

INTERPRETAÇÃO DO «SEGREDO»

CARTA DE JOÃO PAULO II À IRMÃ LÚCIA (texto original) Reverenda Irmã Maria Lúcia Convento de Coimbra Na exultância das festas pascais, apresento-lhe os votos de Cristo Ressuscitado aos discípulos: “A paz esteja contigo!” Terei a felicidade de poder encontrá-la no tão aguardado...

COLÓQUIO COM A IRMÃ LÚCIA DE JESUS E DO CORAÇÃO IMACULADO

O encontro da Irmã Lúcia com Sua Ex.cia Rev.ma D. Tarcisio Bertone, Secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, por encargo recebido do Santo Padre, e Sua Ex.cia Rev.ma D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de Leiria-Fátima, teve lugar a 27 de Abril passado (uma quinta-feira),...

COMUNICAÇÃO DO CARDEAL SODANO

No final da solene Concelebração Eucarística presidida por João Paulo II em Fátima, o Cardeal Ângelo Sodano, Secretário de Estado, pronunciou em português as palavras seguintes: Irmãos e irmãs no Senhor! No termo desta solene celebração, sinto o dever de apresentar ao nosso amado Santo...

COMENTÁRIO TEOLÓGICO DO CARDEAL RATZINGER

Quem lê com atenção o texto do chamado terceiro «segredo» de Fátima, que depois de longo tempo, por disposição do Santo Padre, é aqui publicado integralmente, ficará presumivelmente desiludido ou maravilhado depois de todas as especulações que foram feitas. Não é revelado nenhum grande...

A ESTRUTURA ANTROPOLÓGICA DAS REVELAÇÕES PRIVADAS

Tendo nós procurado, com estas reflexões, determinar o lugar teológico das revelações privadas, devemos agora, ainda antes de nos lançarmos numa interpretação da mensagem de Fátima, esclarecer, embora brevemente, o seu carácter antropológico (psicológico). A antropologia teológica...

UMA TENTATIVA DE INTERPRETAÇÃO DO «SEGREDO» DE FÁTIMA

A primeira e a segunda parte do «segredo» de Fátima foram já discutidas tão amplamente por específicas publicações, que não necessitam de ser ilustradas novamente aqui. Queria apenas chamar brevemente a atenção para o ponto mais significativo. Os pastorinhos experimentaram, durante um...