SUCESSÃO APOSTÓLICA E GOVERNO DOS BISPOS

10-12-2013 12:01

 

Cristo Nosso Senhor, para apascentar e aumentar continuamente o Povo de Deus, instituiu na Igreja diversos ministérios, para bem de todo o corpo. Com efeito, os ministros que têm o poder sagrado servem os seus irmãos para que todos os que pertencem ao Povo de Deus, - e por isso possuem a verdadeira dignidade cristã,- alcancem a salvação, conspirando livre e ordenadamente para o mesmo fim. Neste tempo da instituíção da Igreja, conta-nos o apóstolo Marcos que uma grande multidão O seguia, quando Ele decidiu subir ao monte e chamar para junto de Si, aqueles que dariam continuidade a implantação de seu Reino que Ele adquirira a preço de Seu sangue. Muitos eram os discípulos, mas escolheu somente doze deles - mostrando que a vocação é uma iniciativa divina - para a tarefa específica de Apóstolos (cf. Mc 3, 13-19), que quer dizer: "enviados". Por isso Jesus mais tarde diz: "Não fostes vós que Me escolhestes a Mim, mas Eu que vos escolhi a vós"(Jo 15,16). Esta escolha de doze apóstolos tem um profundo significado, pois o seu número corresponde ao dos doze Patriarcas de Israel, e os Apóstolos representam o novo povo de Deus, a Igreja, fundada por Cristo Jesus que quis assim por em relevo a continuidade entre o Antigo e o Novo Testamento. Eles são as colunas sobre as quais Cristo edifica a Igreja. A própria designação dos Doze mostra que formam um grupo determinado e completo.

 

Sendo Ele a Pedra Angular e Pedro o chefe visível de Sua Igreja, chamou-os para levar sua mensagem a todos aqueles que os escutassem, fazendo-os discípulos, santificando-os e governando-os com o poder do próprio Espírito de Deus, que foi derramado sobre eles no dia de Pentecostes, confirmando assim sua missão, dando-lhes poder para serem de fato testemunhas fieis da Ressurreição do Senhor e constituindo-os verdadeiros servos de Cristo em prol deste povo escolhido. Esta missão que lhes incumbiu, tem a garantia de durar até ao fim dos tempos, pois para levá-la a cabo, o próprio Cristo Glorioso promete acompanhar Sua Igreja e não abandoná-la. (Toda autoridade Me foi dada no céu e na terra […] Eis que estou convosco todos os dias até o fim do mundo. Mt 28,18.20) ”Quando na Sagrada Escritura se afirma que Deus está com alguém, quer-se dizer que este terá êxito nas suas empresas. Daí que a Igreja, com a ajuda e a assistência do Seu Fundador divino, está segura de poder cumprir indefectivelmente a sua missão até ao fim dos séculos que será, em última análise, de ensinar aos homens as verdades acerca de Deus e a exigência de que identifiquem essas verdades, ajudando-os sem cessar com a graça dos sacramentos, instituídos por Cristo”. (Bíblia de Navarra – Evangelho de Mateus - p.443)

 

Ainda no estabelecimento de Sua Igreja, o Senhor, além de chamar seus escolhidos, instituiu os Sacramentos para administrar as graças que Ele havia adquirido na Cruz, para aqueles que haveriam de crer e aderir à Sua mensagem de salvação, sendo estes guardados e administrados por esta mesma e única Igreja, através destes escolhidos, a fim de levar adiante a missão de formar um povo santo, um reino de sacerdotes e uma nação consagrada para Deus.(Êxodo 19,6). Dentre os sete sacramentos, havia um - o da ordem - que capacitava e capacita o "ordenado a configurar-se a Cristo em virtude de uma graça especial do Espírito Santo, para que fosse instrumento de Cristo a serviço da Sua Igreja. Graças a este sacramento, a missão confiada por Cristo aos seus Apóstolos continua a ser exercida até ao fim dos tempos: ele é portanto, o sacramento do ministério apostólico, o que confere um dom do Espírito Santo, que o permite exercer um poder sagrado, que pode vir só de Cristo mediante a Igreja. O enviado do Senhor fala e atua não por autoridade própria, mas em virtude da autoridade de Cristo; não como membro da comunidade, mas falando a ela em nome de Cristo. Ninguém pode conferir a si mesmo a graça; ela deve-lhe ser dada e oferecida. Isto supõe ministros da graça, por Cristo ornados de autoridade e aptidão. O sacramento do ministério apostólico comporta três graus. O ministério eclesiástico, de instituição divina, é exercido em ordens diversas por aqueles que desde antigamente são chamados bispos, presbíteros, diáconos..("De diaconatu permanenti" - Declaração da Congregação do Clero em conjunto com a Congregação da Educação Católica - 22 fev 1998 - Sua Santidade João Paulo II)

 

Os Bispos, Sucessores dos Apóstolos

 

Como a missão da Igreja de salvar as almas, só acabará quando se consumar os tempos, haveria então de se ter sempre sucessores, nesta sociedade hierarquicamente estabelecida e organizada pelo Cristo, Senhor; por isso, enquanto ela existir, haverá nela os Bispos, sucessores dos Apóstolos, que apesar de humanos, a governará com todo poder e santidade, porque são alimentados, guiados e santificados pelo próprio Cristo, bom pastor e príncipe dos pastores, de uma forma ininterrúpta para serem os transmissores do múnus apostólico. E assim, como testemunha Santo Ireneu, a “tradição apostólica é manifestada em todo o mundo e guardada por aqueles que pelos Apóstolos foram constituídos Bispos e seus sucessores”. “Portanto, os Bispos receberam, com os seus colaboradores, os presbíteros e diáconos, o encargo da comunidade, presidindo em lugar de Deus e com poder de Sua graça, ao rebanho de que são pastores como mestres da doutrina, sacerdotes do culto sagrado, ministros do governo. E assim como permanece o múnus confiado pelo Senhor singularmente a Pedro, primeiro entre os Apóstolos, e que se devia transmitir aos seus sucessores, do mesmo modo permanece o múnus dos Apóstolos de apascentar a Igreja, o qual deve ser exercido perpetuamente pela sagrada Ordem dos Bispos. Ensina, por isso, o sagrado Concílio que, por instituição divina, os Bispos sucedem aos Apóstolos, como pastores da Igreja; quem os ouve, ouve a Cristo; quem os despreza, despreza a Cristo e Aquele que enviou Cristo” (Luc. 10,16). (Cf. Constituição Dogmática - Lumen Gentium n.20 – Sumo Pontífice Papa Paulo VI).

 

“Por meio de seu ministério, estes apascentam o rebanho e fazem Cristo presente no meio de Seu povo, sendo administradores dos Mistérios de Deus (cfr.1 Cor.4,1). Mistérios estes que são distribuídos em favor destes membros do Corpo Místico de Jesus Cristo, quando administram os sacramentos, que são como canais através dos quais flui a graça do Redentor em benefício de todos os homens. Assim em qualquer momento importante de sua vida, o cristão encontra ao seu lado o bispo que exerce o poder recebido de Deus e comunica-lhe ou acrescenta-lhe aquela graça, que é o princípio sobrenatural da vida celestial” (Sumo Pontífice Pio XI - Ad Catholic Sacerdotti - Bíblia de Navarra I Cor. 3 p.809).

 

Dom oferecido pelo Espírito à Igreja, o Bispo por um lado é, antes de tudo e como qualquer outro cristão, filho e membro da Igreja. Desta santa Mãe, recebeu ele o dom da vida divina no sacramento do Batismo e a primeira iniciação na fé. Com todos os outros fiéis, partilha a dignidade insuperável de filho de Deus, que há de ser vivida na comunhão e em espírito de grata fraternidade. Por outro lado o Bispo, em virtude da plenitude do sacramento da Ordem, é, diante dos fiéis, mestre, santificador e pastor, encarregado de agir em nome e vez de Cristo e esta plenitude, confere nele um caráter que se fundamenta e se enraíza o direito e o poder próprio da ordem que recebeu: ele é portanto aquele que confirma e ordena, isto é, transmite a outros o sacerdócio por meio deste mesmo sacramento da ordem.

 

“O Bispo é enviado, em nome de Cristo, como pastor para cuidar duma determinada porção do Povo de Deus. Por meio do Evangelho e da Eucaristia, deve fazê-la crescer como realidade de comunhão no Espírito Santo. Disto deriva para o Bispo a representação e o governo da Igreja que lhe foi confiada – com o poder necessário para exercer o ministério pastoral recebido sacramentalmente (munus pastorale) – como participação da própria consagração e missão de Cristo. Em virtude disso,” os Bispos governam as Igrejas particulares que lhes foram confiadas como vigários e legados de Cristo, por meio de conselhos, persuasões, exemplos, mas também com autoridade e poder sagrado que exercem unicamente para edificar o próprio rebanho na verdade e na santidade, lembrados de que aquele que é maior se deve fazer como o menor, e o que preside como aquele que serve (cf. Lc 22, 26-27) . O poder do Bispo é um verdadeiro poder, mas iluminado pela luz do Bom Pastor e moldado segundo o seu modelo. Exercido em nome de Cristo, este poder é ‘próprio, ordinário e imediato, embora o seu exercício seja superiormente regulado pela suprema autoridade da Igreja e possa ser circunscrito dentro de certos limites para utilidade da Igreja ou dos fiéis. Por virtude deste poder, têm os Bispos o sagrado direito e o dever, perante o Senhor, de promulgar leis para os seus súditos, de julgar e de orientar todas as coisas que pertencem à ordenação do culto e do apostolado’. Assim, em virtude do ofício que lhe foi confiado, o Bispo está investido de poder jurídico objectivo, destinado a exprimir-se em atos de poder pelos quais realiza o ministério de governo (munus pastorale) recebido no sacramento”. (Exortação Apostólica Pastores Gregis – Sumo Pontífice João Paulo II – n. 42-43)

 

Consagração Episcopal – Obra do Espírito Santo

 

Pela importância de suas funções, aprouve Deus enriquecer os apóstolos com o seu divino Espírito, que literalmente “desceu sobre eles” em Pentecostes (cfr Atos 1,8; 2,4; Jo. 20, 22-23) e que por sua vez, pela imposição das mãos, transmitem este mesmo dom aos seus colaboradores. “Quando se precisa de um novo Bispo para presidir uma diocese ou para alguma missão importante dentro da Igreja, o Papa, como sucessor de Pedro, designa o sacerdote que deve ser elevado à ordem episcopal. Este sacerdote recebe então, a terceira ‘imposição das mãos’de outro Bispo (as duas anteriores foram no diaconato e presbiterato) e, por sua vez, converte-se em Bispo. Ao poder de oferecer a Santa Missa e de perdoar pecados, junta-se agora o de administrar a Confirmação por direito próprio e o poder ‘exclusivo’ dos Bispos de ordenar outros sacerdotes e de consagrar Bispos. Com esta terceira imposição de mãos do Bispo consagrante (habitualmente acompanhado por outros sucessores dos apóstolos), o novo Bispo recebeu o Espírito Santo pela última vez. O Espírito Santo desceu sobre ele pela primeira vez quando recebeu o Batismo, o capacitando de participar com Cristo da sua oferenda sacrifical e de receber a graça dos demais sacramentos. O Espírito Santo desceu sobre ele mais uma vez na Confirmação e conferiu-lhe o poder de participar com Cristo no seu ofício profético: o poder de propagar a fé com a palavra e com as obras. Veio mais uma vez, como novos poderes e graças, no diaconato e no presbiterato. E, agora, ao ser ordenado Bispo, o Espírito Santo desce pela última vez: - já não há novos poderes que Deus possa conferir ao homem. Pela última vez sua alma será marcada com um caráter – o pleno e completo caráter do sacramento da Ordem Sagrada – o caráter Episcopal, revelando a superioridade da Graça neste servo de Deus, escolhido pelo Senhor, que pode por isso, com todo direito e poder, conduzir Seu povo. (TRESE, Léo, a Fé Explicada, Quadrante - São Paulo 2005 – p. 421/422). (Adendo meu).

 

A consagracão episcopal confere ao Bispo a plenitude do sacramento da ordem, a que é chamada Sumo Sacerdócio. Sua essência reside no poder de o Bispo se perpetuar a si mesmo, no poder de ordenar sacerdotes e de consagrar outros bispos , garantindo assim a sucessão apostólica que é um poder que jamais poderá se perder. Esta consagração juntamente com o poder de santificar, confere também os poderes de ensinar e governar, os quais só podem ser excercidos em comunhão hierárquica com a cabeça e os membros do colégio episcopal. Quando a graça do Espírito Santo, se une a imposição das mãos e as palavras da consagração, é impresso no Bispo o caráter sagrado, de tal modo que estes representam de forma absoluta o próprio Cristo, mestre, pastor e pontífice e atuam pela Igreja no lugar d`Ele, confirmando assim, a sobrenaturalidade e força da Igreja de Cristo neste mundo, dando a certeza de que tudo que Ela faz, através de seus servos, o faz pelo Cristo que dela é a cabeça. Falando em comunhão hierárquica, é preciso compreender que a unidade do colégio dos Bispos é importante para que se cumpra de fato a vontade de Deus neste mundo, através de Sua Igreja, que é caminho e sacramento de salvação aos homens, pelo qual Cristo morreu. O perpétuo e visível fundamento da unidade é o Romano Pontífice, sucessor de Pedro, tanto dos Bispos quanto do povo de Deus; e o Bispos em suas igrejas fazem este papel de princípio e fundamento desta unidade, pelo que, cada um dos Bispos representa a sua igreja e, todos em união com o Papa, no vínculo da paz, do amor e da unidade, a Igreja inteira.

 

” Pai santo, que conheceis os corações, dai a este vosso servo, por Vós eleito para o Episcopado, que apascente o vosso povo santo, exerça de modo irrepreensível diante de Vós o sumo sacerdócio” (Rito da Ordenação do Bispo: Oração de Ordenação.)

 

O Tríplice Ministério dos Bispos: Ensinar, Santificar e Reger

 

Ensinar: A Pregação do Evangelho ocupa posição de destaque na missão conferida por Cristo ao Bispo, já que cabe a este instruir o povo de Deus naquilo que seja necessário a sua salvação, acompanhando-o para que este não se desvie do reto caminho, que é um só, Jesus, em Sua Igreja Santa. O Bispos são verdadeiros doutores já que expõem sem erros a revelação do Senhor, seja por atos, palavras e documentos, mas sempre em total concordância com o Sumo Pontífice. São de fato, testemunhas da Verdade divina e Católica. Pelo ministério da palavra, os bispos comunicam a força de Deus , para a salvação dos que crêem (cfr. Rom. 1,16).

 

Santificar:Por estar revestido da plenitude do sacramento da Ordem, o Bispo é o administrador da graça do supremo sacerdócio, principalmente na Eucaristia, símbolo do amor e da unidade do corpo místico, sem o qual não pode haver salvação, que ele mesmo oferece ou delega a outro para que seja oferecida, pela qual vive e cresce a Igreja. Portanto, por meio dos sacramentos, santificam os fiéis, cuja distribuição é sempre ordenada por sua autoridade.

 

Reger: Devido a plenitude de seu encargo pastoral, ao Bispo é confiado a regência e o governo das ovelhas que Cristo lhe destinou, agindo como uma pai de famíla, que cuida dos seus na verdade, retidão e zelo constante, tendo como exemplo o Bom Pastor, Jesus, que não se poupou, mas deu sua vida por estas mesmas ovelhas, confiadas agora a ele. Por ser tão fraco como elas, pode-se compadecer delas, mas como é revestido com o poder e a graça que emana de Deus, pode então levá-las ao verdadeiro caminho, ajudando-as a se firmarem na rocha que é o próprio Cristo.

 

O Caminho Espiritual do Bispo

 

Por ser um servidor de Cristo, o Bispo deve como filho de Deus e como pastor de seu povo, se conformar a Cristo que é e sempre será seu modelo. Apesar de sua eleição, deve buscar sem cessar a plenitude das virtudes, para tanto é preciso que este busque a todo instante a santidade e o caminho da perfeição para chegar a estatura de Cristo, seu Senhor. Este caminho tem sua raiz na graça sacramental do batismo e confirmação, assim como todos nós cristãos que precisamos também percorrer este caminho de perfeição. Aqui se aplica as palavras de Santo Agostinho; cheias de realismo e sabedoria sobrenatural: ”Atemoriza-me o que sou para vós; consola-me o que sou convosco. Pois para vós sou Bispo; convosco sou cristão. Aquilo é um dever; isto, uma graça. O primeiro é um perigo; o segundo, salvação” (Exortação Apostólica Pastores Gregis – Sumo Pontífice João Paulo II – Santo Agostinho - Sermo 340, 1: PL 38, 1483). Sua vida deve se basear na leitura assídua da palavra de Deus, na oração incessante, na Eucaristia e por ser também frágil humanamente falando, deve sempre que necessário recorrer ao sacramento da penitência. Maria a Santísima mãe deve ser modelo de humildade, obediência e virtude.

 

O Papa, Bispo de Roma e Chefe Supremo da Igreja

 

São Cirilo, Bispo Alexandrino, diz: “A fim de permanecermos unidos ao nosso chefe apostólico, que ocupa o trono dos Pontífices Romanos, de quem nos compete receber o que devemos crer e professar, nós o veneramos e a ele rogamos, de preferência a todos os mais. Porque só ele pode repreender, corrigir, determinar, dispor, desatar e ligar, em lugar do fundador da Igreja, que a nenhum outro, só a ele, se deu a plenitude do poder; a quem todos, por direito divino, inclinam a cabeça e os mais elevados chefes do mundo lhe obedeçam como ao próprio Senhor Jesus Cristo. Logo, os Bispos dependem por direito divino, de um superior. Em toda parte onde muitos governantes dependem de um só, há de necessariamente haver um regime universal superior aos regimes particulares. Porque em tôdas as virtudes e em todos os atos, como diz Aristóteles, a ordem depende da ordenação dos fins. Ora, o bem comum é mais divino que o bem particular. Por onde, além do poder governamental, que visa o bem particular, deve haver um poder universal, que visa o bem comum; do contrário não poderia haver redução à unidade. Por isso, sendo toda a Igreja um só corpo, é necessário, para conservar essa unidade, haver um poder governativo da Igreja universal, superior ao poder episcopal a que obedece cada igreja especial. E esse é o poder do Papa” (Santo Tomás – Suma Teológica questão XL, cap VI, III)

 

“Como Bispo de Roma, o Papa exerce as funções normais dos Bispos residenciais e nessa qualidade é sucessor de São Pedro como primeiro Bispo da cidade. Mas é ao mesmo tempo, sucessor do Príncipe dos apóstolos a quem Jesus confiou a missão se assegurar a unidade da Igreja, não só como figura simbólica, mas com os poderes para isso requeridos de garante das verdades da fé, governo universal e juiz supremo. Nesta qualidade, goza em toda a Igreja de “poder ordinário, supremo, pleno, imediato e universal, que pode exercer livremente”, de forma que “contra uma (sua) sentença não há apelação nem recurso”. Exerce as suas funções em comunhão com os outros Bispos e com a ajuda deles, nomeadamente através do Sínodo dos Bispos , dos cardeias, e ainda de outras pessoas e instituições ligadas à Cúria Romana. (cf. CDC 331- 335 – Dom Manoel Franco Falcão)

 

Nós, Seus Filhos Espirituais

 

“É muito antiga a tradição que apresenta o Bispo como imagem do Pai, o qual, segundo Santo Inácio de Antioquia, é como que o Bispo invisível, o Bispo de todos. Por conseguinte, cada Bispo ocupa o lugar do Pai de Jesus Cristo, devendo, em virtude precisamente d'Aquele que representa, ser reverenciado por todos. Em nome desta estrutura simbólica que, especialmente na tradição da Igreja do Oriente, evoca a autoridade paterna de Deus, a cátedra episcopal só pode ser ocupada pelo Bispo. Da mesma estrutura deriva, para cada Bispo, o dever de cuidar, com amor de pai, do povo santo de Deus e guiá-lo – juntamente com os presbíteros, colaboradores do Bispo no seu ministério, e com os diáconos – pelo caminho da salvação. E vice-versa os fiéis, como adverte um texto antigo, devem amar os Bispos que são, depois de Deus, pais e mães. Por isso, segundo costume existente nalgumas culturas, beija-se a mão do Bispo como a do pai amoroso, dispensador de vida”. (Exortação Apostólica Pastores Gregis – Sumo Pontífice João Paulo II - n.7)

 

Portanto nós filhos do Pai Altíssimo, devemos por amor a Cristo e Sua Igreja, acolher, amar e sobretudo obedecer com diligência e solicitude o parecer dos Bispos, quando estão em comunhão com o Romano Pontífice, vendo neles de fato, o representante de Deus, um pai para nos instruir, um mestre para nos conduzir ao reto caminho, rumo a morada celeste, já que detém a autoridade do próprio Cristo para suceder o Colégio Apostólico, sustentáculo da Igreja e da Verdade. A ele toda nossa obediência e reverência, isto é bom e agradável ao Pai.

 

Fonte: Sociedade Católica (https://www.sociedadecatolica.com.br).