1. LÚCIA VAI À ESCOLA

1. LÚCIA VAI À ESCOLA
Que coisa, estou a escrever para aqui, sem rei nem roque,
como se costuma dizer; e já vou deixando para trás algumas coisas.
Mas estou fazendo como V. Ex.cia Rev.ma me disse: que escrevesse
à maneira que me fosse recordando, com toda a simplicidade.
Assim, pois, o quero fazer, sem me importar de ordem nem estilo.
Parece-me que, assim, a minha obediência é mais perfeita e,
portanto, mais agradável a Nosso Senhor e ao Imaculado Coração
de Maria.
Volto, pois, à casa paterna. Já disse a V. Ex.cia que minha mãe
teve de vender o nosso rebanho, ficando apenas com umas três
ovelhas que levávamos atrás de nós para os campos, e, quando
não íamos, dávamos-lhes alguma coisa de comer, no curral. Minha mãe mandou-me, então, à escola; e, no tempo que me ficava
livre, queria que aprendesse a tecer e a costurar. Assim, tinha-me
segura em casa e não tinha que perder tempo à minha procura.
Um belo dia falaram a minhas irmãs para irem, com outras
raparigas, fazer as vindimas dum rico Senhor de Pé de Cão (29).
Minha mãe resolveu que elas iriam, mas que eu ia também com
elas. (Também já disse, no princípio, que minha mãe tinha o costume de não as deixar ir a parte alguma sem me levarem).
Que coisa, estou a escrever para aqui, sem rei nem roque,
como se costuma dizer; e já vou deixando para trás algumas coisas.
Mas estou fazendo como V. Ex.cia Rev.ma me disse: que escrevesse
à maneira que me fosse recordando, com toda a simplicidade.
Assim, pois, o quero fazer, sem me importar de ordem nem estilo.
Parece-me que, assim, a minha obediência é mais perfeita e,
portanto, mais agradável a Nosso Senhor e ao Imaculado Coração
de Maria.
 
Volto, pois, à casa paterna. Já disse a V. Ex.cia que minha mãe
teve de vender o nosso rebanho, ficando apenas com umas três
ovelhas que levávamos atrás de nós para os campos, e, quando
não íamos, dávamos-lhes alguma coisa de comer, no curral. Minha mãe mandou-me, então, à escola; e, no tempo que me ficava
livre, queria que aprendesse a tecer e a costurar. Assim, tinha-me
segura em casa e não tinha que perder tempo à minha procura.
Um belo dia falaram a minhas irmãs para irem, com outras
raparigas, fazer as vindimas dum rico Senhor de Pé de Cão (29).
Minha mãe resolveu que elas iriam, mas que eu ia também com
elas. (Também já disse, no princípio, que minha mãe tinha o costume de não as deixar ir a parte alguma sem me levarem).