163 ONDE ESTÁ A FRONTEIRA QUE DIVIDE O MAL REALIZADO EM GRAU SUPREMO E A LOUCURA?

163 ONDE ESTÁ A FRONTEIRA QUE DIVIDE O MAL REALIZADO EM GRAU SUPREMO E A LOUCURA?
 A pergunta surge espontaneamente ao analisar casos como o de Hitler, Nero, Pol Pot ou outros personagens menos importantes, mas que fazem com que nos questionemos se eram homens iníquos ou antes doentes mentais.
Antes de mais há que ter clara a distinção entre desordem mental e pecado. No mal moral uma pessoa opta por  fazer o mal. Na patalogia mental a capacidade de raciocínio vê-se alterada e a mente chega a conclusões erróneas. Na doença a razão chega a conclusões erróneas sem querer. 
O doente procura alcançar a verdade através da razão, e a razão leva-o ao erro. No mal moral, a pessoa chega a uma conclusão correcta: isto é mau. Mas deseja fazer o mal, quer seja porque considera que está justificado, quer seja por benefício próprio ou outro motivo. 
O doente tem um problema com a razão. O iníquo tem um problema com a vontade. Ambos podem fazer o mal, mas um faz o mal porque se engana, o outro porque quer. Insisto, o que faz mal porque quer pode fazê-lo por dinheiro, por sofrer uma chantagem, por amor à pátria, pelo que seja, mas sabe que o faz mal. 
A distinção entre ambas as realidades é nítida e clara. O problema é que o mal, levado aos seus piores limites, traz uma deformação da razão. Ou seja, a razão é lentamente deformada pela vontade. No final, os raciocínios da mente estão obscurecidos, deformados, degradados. A pessoa está firmemente convencida de estar a fazer o que deve, ou de que é inocente, ou de que o seu acto é neutral, etc. Nesses casos extremos, quando são levados a juízo, põe-se a questão: estamos perante um doente ou perante um criminoso? A maldade consumada até aos seus máximos extremos leva a tal deformação do raciocínio que exteriormente se assemelha em muitos aspectos a uma patologia.
Na minha opinião, o modo de sair deste nó górdio é analisar se essa deformação do raciocínio se produziu como fruto de um processo livre e deliberado em que a pessoa se foi habituando a ir cometendo maldades cada vez maiores, ou se, pelo contrário, desde o começo foi tudo fruto de um indeliberado mau funcionamento da mente que foi agudizando. Creio que este é o verdadeiro quid da questão: analisar o processo pelo qual a pessoa chegou a fazer o que fez. 
Pode parecer que ter abordado esta questão acerca de um personagem tão concreto tenha um interesse mais histórico do que espiritual, mas, pelo contrário, é uma questão de índole estreitamente espiritual cuja conclusão é evidente: o mal levado aos seus extremos parece uma loucura.
Deixei claro acima que o doente mental não é responsável pelas suas acções, ou não o é plenamente. Mas há poucos doentes mentais. Com o que há que lembrar à pessoa que o mal não é fruto da inadaptação social, traumas de infância, problema subconscientes ou condicionamentos sociais, mas, antes de mais, é fruto de uma acção livre. Se quero faço o mal, se não quero não o faço. É desta maneira simples. E desta maneira complicado. A pergunta surge espontaneamente ao analisar casos como o de Hitler, Nero, Pol Pot ou outros personagens menos importantes, mas que fazem com que nos questionemos se eram homens iníquos ou antes doentes mentais.
Antes de mais há que ter clara a distinção entre desordem mental e pecado. No mal moral uma pessoa opta por  fazer o mal. Na patalogia mental a capacidade de raciocínio vê-se alterada e a mente chega a conclusões erróneas. Na doença a razão chega a conclusões erróneas sem querer. 
 
O doente procura alcançar a verdade através da razão, e a razão leva-o ao erro. No mal moral, a pessoa chega a uma conclusão correcta: isto é mau. Mas deseja fazer o mal, quer seja porque considera que está justificado, quer seja por benefício próprio ou outro motivo. 
O doente tem um problema com a razão. O iníquo tem um problema com a vontade. Ambos podem fazer o mal, mas um faz o mal porque se engana, o outro porque quer. Insisto, o que faz mal porque quer pode fazê-lo por dinheiro, por sofrer uma chantagem, por amor à pátria, pelo que seja, mas sabe que o faz mal. 
 
A distinção entre ambas as realidades é nítida e clara. O problema é que o mal, levado aos seus piores limites, traz uma deformação da razão. Ou seja, a razão é lentamente deformada pela vontade. No final, os raciocínios da mente estão obscurecidos, deformados, degradados. A pessoa está firmemente convencida de estar a fazer o que deve, ou de que é inocente, ou de que o seu acto é neutral, etc. Nesses casos extremos, quando são levados a juízo, põe-se a questão: estamos perante um doente ou perante um criminoso? A maldade consumada até aos seus máximos extremos leva a tal deformação do raciocínio que exteriormente se assemelha em muitos aspectos a uma patologia.
 
Na minha opinião, o modo de sair deste nó górdio é analisar se essa deformação do raciocínio se produziu como fruto de um processo livre e deliberado em que a pessoa se foi habituando a ir cometendo maldades cada vez maiores, ou se, pelo contrário, desde o começo foi tudo fruto de um indeliberado mau funcionamento da mente que foi agudizando. Creio que este é o verdadeiro quid da questão: analisar o processo pelo qual a pessoa chegou a fazer o que fez. 
 
Pode parecer que ter abordado esta questão acerca de um personagem tão concreto tenha um interesse mais histórico do que espiritual, mas, pelo contrário, é uma questão de índole estreitamente espiritual cuja conclusão é evidente: o mal levado aos seus extremos parece uma loucura.
 
Deixei claro acima que o doente mental não é responsável pelas suas acções, ou não o é plenamente. Mas há poucos doentes mentais. Com o que há que lembrar à pessoa que o mal não é fruto da inadaptação social, traumas de infância, problema subconscientes ou condicionamentos sociais, mas, antes de mais, é fruto de uma acção livre. Se quero faço o mal, se não quero não o faço. É desta maneira simples. E desta maneira complicado.