2. PODER ATRACTIVO DE LÚCIA

2. PODER ATRACTIVO DE LÚCIA
2. PODER ATRACTIVO DE LÚCIA
Poderá talvez parecer, neste escrito, que na minha terra não
encontrava amizade ou carinho em pessoa alguma. Não é assim.
Havia uma porçãozinha escolhida do redil do Senhor que mostrava por mim uma simpatia única: eram as criancinhas. Corriam para
junto de mim numa alegria doida. E, quando sabiam que eu
pastoreava o meu rebanho cerca da nossa pequena aldeia, a grupos lá iam ter, para passarem o dia comigo. Minha mãe costumava
dizer:
– Não sei que atractivo possas ter; as crianças correm para
junto de ti como se fossem para uma festa!
Eu é que muitas vezes não me sentia bem em meio de tanta
grita e, por isso, procurava ocultar-me.
O mesmo se passou com as minhas companheiras em Vilar e,
quase me atrevia a dizer, me passa agora com as minhas Irmãs
em religião. Há alguns anos atrás, me dizia a Madre Mestra, agora
Rev.ma Madre Provincial (41):
– A Irmã tem uma tal influência sobre as Irmãs que, se quiser,
Ihes pode fazer muito bem.
E, há pouco, me dizia a Rev.ma Madre Superiora, em Pontevedra (42):
– Em parte, a Irmã é responsável, diante de Nosso Senhor,
do estado de fervor ou de negligência das Irmãs, na observância,
porque o fervor se aumenta ou se esfria nos recreios; e as Irmãs
fazem os recreios que a Irmã fizer. Por tal e tais conversas que a
Irmã suscitou no recreio, tal e tal Irmã obteve um conhecimento
mais claro da regra e resolveu-se a observá-la com mais exactidão.
Que será isto? Não sei; talvez mais uma moeda que o Senhor
quis confiar-me, da qual me pedirá contas. Oxalá eu saiba negociar com ela, para Lha restituir mil vezes multiplicada!
(41) M. Maria do Carmo Corte Real.
(42) M. Carmen Refojo, superiora em Pontevedra (1933-1939).