Antes de mais, há que deixar bem claro que as doenças aparecem por causas naturais. Pensar que as doenças têm a sua causa no mundo dos espíritos seria como querer regressar a um estado pré-científico onde a razão seria substituída pelo mito. Ora pois, se os demónios existem, não se pode descartar o facto de que possam actuar alguma vez neste campo. As regras gerais são, como o seu nome indica, "gerais", mas nada impede que sucedam factos especiais, por muito estranhos que estes sejam. Normalmente do céu cai água, neve ou granizo, mas às vezes também pode cair um meteorito.
Assim também, de forma extraordinária e inusual, Deus pode permitir que um demónio provoque uma doença. De facto, São Lucas menciona expressamente o caso de «uma mulher que, havia dezoito anos, estava com um espírito que a tornava doente. Era encurvada e incapaz de se endireitar.» (Lc 13,11) Desta mulher não se diz que estivesse endemoninhada, mas diz-se, sim, que o demónio era a causa da sua doença. Essa afirmação é categórica no Evangelho. A isto podemos acrescentar o caso da morte dos esposos de Sara no Livro de Tobias causada pelo demónio Asmodeu (Tb 3).
Santa Teresa de Lisieux escreveu um capítulo muito interessante ao falar da sua vida:
A doença que me acometeu provinha, certamente, do demónio. Furioso pela sua entrada no Carmelo (a de sua irmã) quis vingar-se em mim de todo o dano que a nossa família havia de causar-lhe no futuro, mas quase não me fez sofrer, pude prosseguir os meus estudos, e ninguém se preocupou por causa de mim. No final do ano sobreveio-me uma contínua dor de cabeça. (...) Isto durou até à festa de Páscoa de 1883. (...) Ao despedir-me, senti-me invadida por um estranho tremor. Não sei como descrever uma doença tão estranha. Hoje estou persuadida de que foi obra do demónio. (...) Parecia estar quase sempre em delírio, pronunciando palavras sem sentido. (...) Com frequência parecia estar desvanecida, sem puder executar o mais pequeno movimento. (...) Creio que o demónio tinha recebido um poder exterior sobre mim, mas que não podia aproximar-se nem da minha alma, nem do meu espírito, se não fosse para me inspirar grandíssimos temores de certas coisas.
(História de uma alma, Capítulo III)
Antes de mais, há que deixar bem claro que as doenças aparecem por causas naturais. Pensar que as doenças têm a sua causa no mundo dos espíritos seria como querer regressar a um estado pré-científico onde a razão seria substituída pelo mito. Ora pois, se os demónios existem, não se pode descartar o facto de que possam actuar alguma vez neste campo. As regras gerais são, como o seu nome indica, "gerais", mas nada impede que sucedam factos especiais, por muito estranhos que estes sejam. Normalmente do céu cai água, neve ou granizo, mas às vezes também pode cair um meteorito.
Assim também, de forma extraordinária e inusual, Deus pode permitir que um demónio provoque uma doença. De facto, São Lucas menciona expressamente o caso de «uma mulher que, havia dezoito anos, estava com um espírito que a tornava doente. Era encurvada e incapaz de se endireitar.» (Lc 13,11) Desta mulher não se diz que estivesse endemoninhada, mas diz-se, sim, que o demónio era a causa da sua doença. Essa afirmação é categórica no Evangelho. A isto podemos acrescentar o caso da morte dos esposos de Sara no Livro de Tobias causada pelo demónio Asmodeu (Tb 3).
Santa Teresa de Lisieux escreveu um capítulo muito interessante ao falar da sua vida:
A doença que me acometeu provinha, certamente, do demónio. Furioso pela sua entrada no Carmelo (a de sua irmã) quis vingar-se em mim de todo o dano que a nossa família havia de causar-lhe no futuro, mas quase não me fez sofrer, pude prosseguir os meus estudos, e ninguém se preocupou por causa de mim. No final do ano sobreveio-me uma contínua dor de cabeça. (...) Isto durou até à festa de Páscoa de 1883. (...) Ao despedir-me, senti-me invadida por um estranho tremor. Não sei como descrever uma doença tão estranha. Hoje estou persuadida de que foi obra do demónio. (...) Parecia estar quase sempre em delírio, pronunciando palavras sem sentido. (...) Com frequência parecia estar desvanecida, sem puder executar o mais pequeno movimento. (...) Creio que o demónio tinha recebido um poder exterior sobre mim, mas que não podia aproximar-se nem da minha alma, nem do meu espírito, se não fosse para me inspirar grandíssimos temores de certas coisas.
(História de uma alma, Capítulo III)