As naturezas angélicas têm poder para infundir visões e locuções em qualquer mente humana. Sendo assim, Deus, para evitar a confusão que nas almas produziria este tipo de actuações se acontecessem com frequência, praticamente nunca consente que se dêem. Só o permite em raríssimas ocasiões e quando a pessoa tem meios para descobrir a verdade.
Desde logo, se não fosse porque o Altíssimo contém o poder do demónio, este apareceria continuamente como anjo ou santo. Houve casos em que apareceu, inclusivamente, com a aparência de Nosso Senhor Jesus Cristo.
No caso excepcional em que haja uma revelação mística numa alma, e se o director espiritual duvida de que possa estar imiscuído o demónio, há dois critérios que pode utilizar:
1. Seguir toda a inspiração que nos leve ao bem como se viesse de Deus.
2. Obedecer ao director espiritual acima de toda a revelação.
Se uma revelação, aparição ou mensagem, quer seja verdadeira ou falsa, quer seja produto da imaginação, do demónio ou de Deus, nos leva a fazer o bem, isto é, nos incita a executar obras de caridade, de oração, de sacrifício, etc., então sigamo-la como se viesse directamente de Deus. Porque, no pior dos casos, se é o demónio que nos está a pregar o bem, porque não dar-lhe ouvidos? Se o demónio nos prega o bom caminho, não teremos de lhe dar ouvidos pelo facto de o pregador ser mau? Com esta regra de conduta elimina-se todo o tipo de escrúpulos e evitam-se perdas de tempo tentando procurar a origem das inspirações da alma.
Sendo assim, há sempre que antepor a ordem do confessor ou director espiritual a essas supostas revelações. Não importa a bondade e a nobreza que se nos solicite com essa suposta revelação, tudo deverá sujeitar-se à obediência ao confessor, pois inclusivamente o que provém directamente de Deus discorre pelos caminhos da obediência aos legítimos pastores. A recepção de revelações é um dom menor que o da obediência.
Assim, se essas revelações provêm do demónio, das duas uma: ou entrarão em conflito com a obediência devida ao confessor, ou depressa deixarão de conduzir ao bem, intercalando nelas incitação ao mal. O demónio aguenta pouco a pregar o bem. Pelo contrário, se a revelação é de Deus, não há conflito entre revelação e director espiritual, pois a obediência ao director espiritual é obediência a Deus através desse clérigo.
A obediência a uma revelação é sempre uma obediência a um suposta revelação enquanto a obediência ao confessor é sempre algo santo, é sempre algo seguro.
O dirigido deve recordar a máxima de obedecer sempre enquanto não for pecado. O místico não só não está liberto da obediência, como também está especialmente mais sujeito a ela. E a razão encontra-se no facto de o místico estar sempre em perigo de cair na soberba. Por isso ele deve desconfiar mais do seu próprio juízo, deve submeter-se a ser mais humilde do que um homem mais pecador do que eles. Caso contrário pode acontecer como o Diabo que, enamorado de si mesmo, corrompe quanto recebeu.
E digo isto com especial conhecimento de causa, pois há anos fui escolhido como director espiritual de uma alma que tinha vários dons extraordinários. Pude comprovar a veracidade desses dons em várias ocasiões sem que me ficasse qualquer dúvida a esse respeito. Mas aquela pessoa começou a não escutar as minhas indicações. Considerava que estava tão avançada na perfeição que podia ser guiada directamente pelo Espírito Santo. Ao observar que uma terrível soberba se via no horizonte, ainda distante, as minhas indicações converteram-se em ordens. Mas a pessoa optou por seguir as próprias inspirações. De tal maneira que lentamente, ao longo dos anos seguintes, pude contemplar em primeira fila, digamos assim, como se ia enchendo de soberba. Finalmete dei-lhe um ultimato: ou me obedecia ou deixava de ser seu director espiritual.
Optou por seguir o seu próprio caminho. O do Espírito Santo, segundo ela. Um ano depois inteirei-me através dos seus amigos de que acabou por pecar cada vez com maior gravidade. E tanto foi assim que finalmente perdeu os seus dons. Dons que eu tinha conhecido reais e impressionantes. Uma terrível história que me recorda sempre o facto de que no caminho para a santidade há muitos cujos nomes nunca conheceremos e que ficam na valeta.
As naturezas angélicas têm poder para infundir visões e locuções em qualquer mente humana. Sendo assim, Deus, para evitar a confusão que nas almas produziria este tipo de actuações se acontecessem com frequência, praticamente nunca consente que se dêem. Só o permite em raríssimas ocasiões e quando a pessoa tem meios para descobrir a verdade.
Desde logo, se não fosse porque o Altíssimo contém o poder do demónio, este apareceria continuamente como anjo ou santo. Houve casos em que apareceu, inclusivamente, com a aparência de Nosso Senhor Jesus Cristo.
No caso excepcional em que haja uma revelação mística numa alma, e se o director espiritual duvida de que possa estar imiscuído o demónio, há dois critérios que pode utilizar:
1. Seguir toda a inspiração que nos leve ao bem como se viesse de Deus.
2. Obedecer ao director espiritual acima de toda a revelação.
Se uma revelação, aparição ou mensagem, quer seja verdadeira ou falsa, quer seja produto da imaginação, do demónio ou de Deus, nos leva a fazer o bem, isto é, nos incita a executar obras de caridade, de oração, de sacrifício, etc., então sigamo-la como se viesse directamente de Deus. Porque, no pior dos casos, se é o demónio que nos está a pregar o bem, porque não dar-lhe ouvidos? Se o demónio nos prega o bom caminho, não teremos de lhe dar ouvidos pelo facto de o pregador ser mau? Com esta regra de conduta elimina-se todo o tipo de escrúpulos e evitam-se perdas de tempo tentando procurar a origem das inspirações da alma.
Sendo assim, há sempre que antepor a ordem do confessor ou director espiritual a essas supostas revelações. Não importa a bondade e a nobreza que se nos solicite com essa suposta revelação, tudo deverá sujeitar-se à obediência ao confessor, pois inclusivamente o que provém directamente de Deus discorre pelos caminhos da obediência aos legítimos pastores. A recepção de revelações é um dom menor que o da obediência.
Assim, se essas revelações provêm do demónio, das duas uma: ou entrarão em conflito com a obediência devida ao confessor, ou depressa deixarão de conduzir ao bem, intercalando nelas incitação ao mal. O demónio aguenta pouco a pregar o bem. Pelo contrário, se a revelação é de Deus, não há conflito entre revelação e director espiritual, pois a obediência ao director espiritual é obediência a Deus através desse clérigo.
A obediência a uma revelação é sempre uma obediência a um suposta revelação enquanto a obediência ao confessor é sempre algo santo, é sempre algo seguro.
O dirigido deve recordar a máxima de obedecer sempre enquanto não for pecado. O místico não só não está liberto da obediência, como também está especialmente mais sujeito a ela. E a razão encontra-se no facto de o místico estar sempre em perigo de cair na soberba. Por isso ele deve desconfiar mais do seu próprio juízo, deve submeter-se a ser mais humilde do que um homem mais pecador do que eles. Caso contrário pode acontecer como o Diabo que, enamorado de si mesmo, corrompe quanto recebeu.
E digo isto com especial conhecimento de causa, pois há anos fui escolhido como director espiritual de uma alma que tinha vários dons extraordinários. Pude comprovar a veracidade desses dons em várias ocasiões sem que me ficasse qualquer dúvida a esse respeito. Mas aquela pessoa começou a não escutar as minhas indicações. Considerava que estava tão avançada na perfeição que podia ser guiada directamente pelo Espírito Santo. Ao observar que uma terrível soberba se via no horizonte, ainda distante, as minhas indicações converteram-se em ordens. Mas a pessoa optou por seguir as próprias inspirações. De tal maneira que lentamente, ao longo dos anos seguintes, pude contemplar em primeira fila, digamos assim, como se ia enchendo de soberba. Finalmete dei-lhe um ultimato: ou me obedecia ou deixava de ser seu director espiritual.
Optou por seguir o seu próprio caminho. O do Espírito Santo, segundo ela. Um ano depois inteirei-me através dos seus amigos de que acabou por pecar cada vez com maior gravidade. E tanto foi assim que finalmente perdeu os seus dons. Dons que eu tinha conhecido reais e impressionantes. Uma terrível história que me recorda sempre o facto de que no caminho para a santidade há muitos cujos nomes nunca conheceremos e que ficam na valeta.