5. DÚVIDAS DE LÚCIA

5. DÚVIDAS DE LÚCIA
Por este tempo, o Pároco da minha Freguesia soube do que
se passava e mandou dizer a minha (mãe) que me levasse a sua
casa. Esta sentia-se respirar, julgando que o Senhor Prior iria tomar a responsabilidade dos acontecimentos. Por isso, dizia-me:
– Amanhã vamos à Missa logo de manhãzinha. Depois, vais a
casa do Senhor Prior. Ele que te obrigue a confessar a verdade,
seja como for; que te castigue; que faça de ti o que quiser; como
que te obrigue a confessar que tens mentido, eu fico contente.
Minhas irmãs tomaram também o partido de minha mãe e inventaram um sem número de ameaças, para assustar-me com a
entrevista do Pároco. Informei a Jacinta e seu irmão do que se
passava, os quais me responderam:
– Nós também vamos. O Senhor Prior mandou também dizer
a minha mãe para nos levar lá, mas minha mãe não nos disse
nada destas coisas. Paciência! Se nos baterem, sofremos por amor
de Nosso Senhor e pelos pecadores.
No dia seguinte, lá fui atrás de minha mãe que, pelo caminho,
não me disse nem uma palavra. Durante a Missa ofereci a Deus o
meu sofrimento; e depois atravesso o adro atrás de minha mãe e
subo as escadas da varanda da casa do Pároco. Ao subir os primeiros degraus, minha mãe volta-se para mim e diz-me:
– Não me rales mais! Agora diz ao Senhor Prior que mentiste,
para que ele possa, no domingo, dizer na Igreja que foi mentira e
assim acabar tudo. Isto tem lá jeito! Toda a gente a correr para a
Cova de Iria, a rezar diante duma carrasqueira!
Sem mais, bate à porta. Vem a irmã do bom Pároco que nos
manda sentar em um banco e esperar um pouco. Por fim, veio o
Senhor Prior. Manda-nos entrar no seu gabinete, faz sinal a minha
mãe que se sente em um banco e chama-me para junto da sua
escrivaninha. Quando vi Sua Rev.cia interrogando com toda a paz e
até com amabilidade, fiquei admirada. No entanto, conservava a
expectativa do que viria. O interrogatório foi muito minucioso e,
quase me atrevia a dizer, maçador. Sua Rev.cia fez-me uma pequena advertência, porque, dizia:
 
– Não me parece uma revelação do Céu. Quando se dão
estas coisas, por ordinário, Nosso Senhor manda essas almas a
quem Se comunica, dar conta do que se passa a seus confessores
ou párocos e esta, ao contrário, retrai-se quanto pode. Isto também
pode ser um engano do Demónio. Vamos a ver. O futuro nos dirá
o que havemos de pensar
 
(18) Convém notar que se trata apenas dum estado de confusão e perplexidade
provocado pelas circunstâncias familiares e pela atitude prudente do Pároco.
De modo nenhum se pode considerar como verdadeira dúvida de Lúcia.
Por este tempo, o Pároco da minha Freguesia soube do que
se passava e mandou dizer a minha (mãe) que me levasse a sua
casa. Esta sentia-se respirar, julgando que o Senhor Prior iria tomar a responsabilidade dos acontecimentos. Por isso, dizia-me:
– Amanhã vamos à Missa logo de manhãzinha. Depois, vais a
casa do Senhor Prior. Ele que te obrigue a confessar a verdade,
seja como for; que te castigue; que faça de ti o que quiser; como
que te obrigue a confessar que tens mentido, eu fico contente.
Minhas irmãs tomaram também o partido de minha mãe e inventaram um sem número de ameaças, para assustar-me com a
entrevista do Pároco. Informei a Jacinta e seu irmão do que se
passava, os quais me responderam:
– Nós também vamos. O Senhor Prior mandou também dizer
a minha mãe para nos levar lá, mas minha mãe não nos disse
nada destas coisas. Paciência! Se nos baterem, sofremos por amor
de Nosso Senhor e pelos pecadores.
No dia seguinte, lá fui atrás de minha mãe que, pelo caminho,
não me disse nem uma palavra. Durante a Missa ofereci a Deus o
meu sofrimento; e depois atravesso o adro atrás de minha mãe e
subo as escadas da varanda da casa do Pároco. Ao subir os primeiros degraus, minha mãe volta-se para mim e diz-me:
– Não me rales mais! Agora diz ao Senhor Prior que mentiste,
para que ele possa, no domingo, dizer na Igreja que foi mentira e
assim acabar tudo. Isto tem lá jeito! Toda a gente a correr para a
Cova de Iria, a rezar diante duma carrasqueira!
Sem mais, bate à porta. Vem a irmã do bom Pároco que nos
manda sentar em um banco e esperar um pouco. Por fim, veio o
Senhor Prior. Manda-nos entrar no seu gabinete, faz sinal a minha
mãe que se sente em um banco e chama-me para junto da sua
escrivaninha. Quando vi Sua Rev.cia interrogando com toda a paz e
até com amabilidade, fiquei admirada. No entanto, conservava a
expectativa do que viria. O interrogatório foi muito minucioso e,
quase me atrevia a dizer, maçador. Sua Rev.cia fez-me uma pequena advertência, porque, dizia:
 
– Não me parece uma revelação do Céu. Quando se dão
estas coisas, por ordinário, Nosso Senhor manda essas almas a
quem Se comunica, dar conta do que se passa a seus confessores
ou párocos e esta, ao contrário, retrai-se quanto pode. Isto também
pode ser um engano do Demónio. Vamos a ver. O futuro nos dirá
o que havemos de pensar
 
(18) Convém notar que se trata apenas dum estado de confusão e perplexidade
provocado pelas circunstâncias familiares e pela atitude prudente do Pároco.
De modo nenhum se pode considerar como verdadeira dúvida de Lúcia.