8. INTERPRETAÇÃO DO SILÊNCIO DE LÚCIA

8. INTERPRETAÇÃO DO SILÊNCIO DE LÚCIA
Pode ser, Ex.mo e Rev.mo Senhor Bispo, que a alguém pareça
que eu devia ter manifestado todas estas coisas há mais tempo,
porque, a seu parecer, teriam, há alguns anos antes, dobrado valor
 
Ex.mo e Rev.mo Senhor Bispo, que Deus quis apenas servir-se de mim
para recordar ao Mundo a necessidade que há de evitar o pecado e
reparar a Deus ofendido, pela oração e pela penitência.
Onde me teria ocultado, para não responder às inúmeras perguntas que sobre isto me teriam sido feitas?! Ainda agora temo, só
(20) Não se pode dizer que as «profecias» de Lúcia fossem «post eventum», por
causa de os seus superiores terem permitido a sua publicação apenas depois
dos acontecimentos que são anunciados nelas. Estes escritos foram feitos
antes da realização dos mesmos acontecimentos.
(21) Existe acerca da publicação dos documentos de Fátima uma maravilhosa
«economia silentii», i.e., um cuidado especial que só se pode explicar pela
admirável Providência Divina que tem na mão todos os acontecimentos.
em pensar o que poderá vir! E confesso que a repugnância em
manifestá-lo é tal que, apesar de ter diante de mim a carta em que V.
Ex.cia me manda apontar tudo mais que me possa lembrar, e de
sentir interiormente que é esta a hora marcada por Deus para o
fazer, estou hesitando, com verdadeira luta, se entrego o escrito
ou se o queimo. Não sei ainda o que vencerá. Será o que Deus
quiser. O silêncio tem sido para mim uma grande graça.
O que teria sido com a exposição do inferno?! Sem encontrar
palavras exactas que digam a realidade, pois o que digo é nada,
dá apenas uma fraca ideia, teria dito, ora uma coisa ora outra,
querendo-me explicar sem o conseguir. Formaria, assim, talvez,
uma tal confusão de ideias, que viriam – quem sabe? – a estragar
a obra de Deus. Por isso dou graças a Deus e creio que tudo o que
Ele faz está bem.
Ordinariamente, Deus acompanha as Suas revelações dum
conhecimento íntimo e minucioso do que elas significam. Mas nisso não me atrevo a falar, pois temo haver aí, o que parece muito
fácil, engano da própria imaginação. A Jacinta parecia ter este conhecimento em grau bastante elevado.
(20). Assim seria, se Deus tivesse querido apresentar-me ao Mundo
como profeta. Mas creio que tal não foi o intento de Deus, ao
manifestar-me todas estas coisas. Se assim fosse, penso que, quando, em 1917, me mandou calar, a qual ordem foi confirmada por meio
dos que O representavam, ter-me-ia mandado falar (21). Julgo, pois,
Pode ser, Ex.mo e Rev.mo Senhor Bispo, que a alguém pareça
que eu devia ter manifestado todas estas coisas há mais tempo,
porque, a seu parecer, teriam, há alguns anos antes, dobrado valor
 
Ex.mo e Rev.mo Senhor Bispo, que Deus quis apenas servir-se de mim
para recordar ao Mundo a necessidade que há de evitar o pecado e
reparar a Deus ofendido, pela oração e pela penitência.
Onde me teria ocultado, para não responder às inúmeras perguntas que sobre isto me teriam sido feitas?! Ainda agora temo, só
(20) Não se pode dizer que as «profecias» de Lúcia fossem «post eventum», por
causa de os seus superiores terem permitido a sua publicação apenas depois
dos acontecimentos que são anunciados nelas. Estes escritos foram feitos
antes da realização dos mesmos acontecimentos.
(21) Existe acerca da publicação dos documentos de Fátima uma maravilhosa
«economia silentii», i.e., um cuidado especial que só se pode explicar pela
admirável Providência Divina que tem na mão todos os acontecimentos.
em pensar o que poderá vir! E confesso que a repugnância em
manifestá-lo é tal que, apesar de ter diante de mim a carta em que V.
Ex.cia me manda apontar tudo mais que me possa lembrar, e de
sentir interiormente que é esta a hora marcada por Deus para o
fazer, estou hesitando, com verdadeira luta, se entrego o escrito
ou se o queimo. Não sei ainda o que vencerá. Será o que Deus
quiser. O silêncio tem sido para mim uma grande graça.
O que teria sido com a exposição do inferno?! Sem encontrar
palavras exactas que digam a realidade, pois o que digo é nada,
dá apenas uma fraca ideia, teria dito, ora uma coisa ora outra,
querendo-me explicar sem o conseguir. Formaria, assim, talvez,
uma tal confusão de ideias, que viriam – quem sabe? – a estragar
a obra de Deus. Por isso dou graças a Deus e creio que tudo o que
Ele faz está bem.
 
Ordinariamente, Deus acompanha as Suas revelações dum
conhecimento íntimo e minucioso do que elas significam. Mas nisso não me atrevo a falar, pois temo haver aí, o que parece muito
fácil, engano da própria imaginação. A Jacinta parecia ter este conhecimento em grau bastante elevado.
(20). Assim seria, se Deus tivesse querido apresentar-me ao Mundo
como profeta. Mas creio que tal não foi o intento de Deus, ao
manifestar-me todas estas coisas. Se assim fosse, penso que, quando, em 1917, me mandou calar, a qual ordem foi confirmada por meio
dos que O representavam, ter-me-ia mandado falar (21). Julgo, pois,