"Depois de Maria, reflexo puro da luz de Cristo, são os apóstolos, com a sua palavra e o seu testemunho quem nos entrega a verdade de Cristo. No entanto, a sua missão não é uma missão isolada, mas que se coloca dentro de um mistério de comunhão, que abarca todo o Povo de Deus e se realiza por etapas, desde a Antiga Aliança à Nova".
O Santo Padre sublinhou que a mensagem de Jesus se interpreta erroneamente se se separa do "contexto da fé e da esperança do povo eleito", porque "Jesus dirige-se sobretudo a Israel para o chamar a si, no tempo escatológico que chega com Ele" e a sua pregação, como a de São João Baptista, "é ao mesmo tempo chamada de graça e sinal de contradição e de juízo para todo o Povo de Deus".
Por isso, ainda que a pregação de Jesus é "sempre uma chamada à conversão pessoal", seria "unilateral e carente de fundamento a interpretação individualista do anúncio que Cristo faz do Reino", já que na perspectiva da tradição bíblica e apesar da sua novidade, "torna-se claro que toda a missão do Filho feito carne tem uma finalidade comunitária".
A eleição dos doze apóstolos, um número que recorda o das tribos de Israel, "revela o significado da acção profética e simbólica implícito na nova instituição". Introduzindo os apóstolos em "uma comunhão de vida e fazendo-os participantes da sua missão de anúncio do Reino, (...) Jesus quer dizer que chegou o tempo definitivo em que se cumprem as promessas de Deus".
"Os apóstolos são o sinal mais evidente da vontade de Jesus respeitante à existência e à missão da sua Igreja e a garantia de que entre Cristo e ela não há contraposição. Por isso, não se pode conciliar com a intenção de Cristo, a frase difundida durante algum tempo "Jesus sim, a Igreja não".
"Entre o Filho de Deus feito homem e a sua Igreja - concluiu Bento XVI - há uma continuidade misteriosa e inseparável pela qual Cristo está presente hoje no seu povo e de modo particular naqueles que são os sucessores dos apóstolos".
Fonte: https://www.opusdei.pt/art.php?p=13918