CAPÍTULO 13. A PENITÊNCIA QUE SÃO PEDRO PREGA NÃO É SÓ PARA A CONVERSÃO DA INFIDELIDADE, MAS TAMBÉM PARA MUDAR A VIDA PASSADA

CAPÍTULO 13. A PENITÊNCIA QUE SÃO PEDRO PREGA NÃO É SÓ PARA A CONVERSÃO DA INFIDELIDADE, MAS TAMBÉM PARA MUDAR A VIDA PASSADA

 

São Pedro não quis somente fazê-los renunciar, com a penitência, à incredulidade. É um estranho pré-julgamento — para não usar uma expressão mais severa — querer aplicar somente à incredulidade as palavras Façam penitência. Pois é preciso mudar a vida passada para uma nova vida, de acordo com a doutrina do Evangelho, à qual vem se juntar a passagem do Apóstolo, concebida no mesmo sentido: Quem era ladrão não torne a roubar(Ef 4,28) e um grande número de outros textos, onde se ensina em detalhes a despir o velho ser humano e a vestir o novo.

 

As próprias expressões de São Pedro bastariam para convencer, se houvesse boa vontade de refletir sobre elas com atenção. Após ter citado as palavras Façam penitência e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados e recebereis o dom do Espírito Santo. Pois a promessa é para vós, para vossos filhos e para todos os que ouvirem de longe o apelo do Senhor, nosso Deus, o escritor sagrado acrescenta imediatamente Ainda com muitas outras palavras exortava-os, dizendo: Salvai-vos do meio dessa geração perversa!

 

Eles acolheram estas palavras com ardor, acreditaram nelas e foram batizados. Havia nesse dia cerca de três mil pessoas que se juntaram aos apóstolos (At 2,41).

 

Como não ver aqui que Pedro fez um longo discurso, abreviado pelo narrador, para tirá-los dessa geração perversa? Pois o princípio ao qual ele se prendia em seus longos discursos para fazer entrar nas mentes, só é indicado por alto.

 

A ideia essencial é formulada nestes termos: Salvai-vos do meio dessa geração perversa! e, para fazer com que ela fosse adotada, Pedro se dedicou a uma longa exortação. Nela ele condenou as obras de morte, às quais se dedicam os pecadores presos ao presente e fez sentir a perfeição da vida pura, à qual se prendem fielmente aqueles que são separados dessa geração ímpia.

 

Que se tente agora provar que basta a fé em Jesus Cristo para se salvar desse mundo perverso, mesmo permanecendo mergulhado em todo tipo de torpezas e até mesmo em notório adultério! E, como tal opinião é ímpia, é preciso reconhecer que os catecúmenos são obrigados a aprender não somente o que é preciso acreditar, mas também que é preciso praticar para se salvar dos erros do mundo, pois, para conseguir isso, eles devem aprender a conformar sua conduta com sua crença.

 

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