CAPÍTULO 14. O EUNUCO BATIZADO IMEDIATAMENTE APÓS A PROFISSÃO DE FÉ NÃO É UM BOM EXEMPLO

CAPÍTULO 14. O EUNUCO BATIZADO IMEDIATAMENTE APÓS A PROFISSÃO DE FÉ NÃO É UM BOM EXEMPLO

 

O eunuco que Felipe batizou, dizem, mal pronunciou estas palavras: Eu creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus e com esta declaração recebeu imediatamente o batismo.

 

Deve-se concluir daí que basta dar a mesma resposta para ser batizado imediatamente? Deve o catequista permanecer mudo e não exigir nenhuma profissão de fé sobre o Espírito Santo, a santa Igreja, a remissão dos pecados, a ressurreição dos mortos e se limite a dizer que Nosso Senhor Jesus Cristo é o Filho de Deus, sem falar de sua encarnação no seio de uma virgem, de sua paixão, de sua morte na cruz, de sua ascensão ao céu, onde está sentado à direita do Pai?

 

Se a resposta do eunuco Eu creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus, foi, na opinião de Felipe, uma razão suficiente para admiti-lo imediatamente ao batismo, por que não imitar seu exemplo? Por que não suprimimos também as condições que vemos como indispensáveis para batizar, mesmo em caso de necessidade? Eu quero dizer as questões sobre os mistérios, às quais os catecúmenos devem responder, mesmo não tendo eles o tempo de gravá-las na memória.

 

Mas, se as Escrituras passaram em silêncio e nos deixaram a tarefa de suprir o necessário a Felipe para preparar o eunuco para o batismo, elas nos mostraram claramente com as palavras Felipe batizou o eunuco (At 8,35-38), que todas as condições foram cumpridas. Condições que, por não serem mencionadas nas Escrituras devido à necessidade de abreviar, nem por isso são menos obrigatórias, como sabemos através da tradição.

 

Devemos interpretar da mesma maneira a passagem onde é dito que Felipe anunciou ao eunuco o Senhor Jesus. Não há dúvida de que ele lhe revelou todos os princípios do catecismo que têm relação com a conduta e os costumes de todo crente em Jesus Cristo.

 

O que é anunciar Jesus Cristo? Não é somente dizer que é preciso acreditar, mas que é preciso praticar, quando se quer se tornar um de seus membros. E mais: é ensinar todos os dogmas relativos a Jesus Cristo. Não apenas sua filiação divina, seu nascimento segundo a carne, as dores e as causas de sua paixão, os efeitos de sua ressurreição, a promessa e a concessão do Espírito Santo que ele fez aos fiéis. É também as virtudes que ele quer encontrar nos membros dos quais ele é o líder, para buscá-los, formá-los, amá-los, libertá-los e conduzi-los à glória da vida eterna.

 

Revelemos essas verdades, seja com precisão e brevidade, seja com abundância e em detalhes. Anunciemos Jesus Cristo. Não omitamos nada, com efeito, do que diz respeito à fé e à conduta dos fiéis.

 

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