CAPÍTULO 15. SÃO PAULO CONFESSA NÃO SABER NADA ALÉM DE JESUS CRISTO

CAPÍTULO 15. SÃO PAULO CONFESSA NÃO SABER NADA ALÉM DE JESUS CRISTO

 

Racionalmente pode-se fazer o mesmo com a seguinte passagem de São Paulo, citada igualmente nessa controvérsia:

 

“Julguei não dever saber coisa alguma entre vós, senão Jesus Cristo e Jesus Cristo crucificado” (1Cor 2,2)

 

No entender de nossos irmãos, este texto só implica em uma coisa: batizar primeiro e ensinar depois as regras da vida cristã. Foi isso que bastou amplamente — eles dizem — a esse Apóstolo que, no entanto, lhes dizia que, mesmo que eles tivessem dez mil mestres em Jesus Cristo, eles não teriam, todavia, vários pais em Jesus Cristo, pois foi somente ele que os gerou em Jesus Cristo, através do Evangelho (1Cor 4, 15).

 

Eles pretendem que aquele que os gerou em Jesus Cristo, embora dê graças a Deus por não ter batizado nenhum deles, além de Crispo, Gaio e Estéfanas (1Cor 1, 14.16), só lhes ensinou a crucificação de Jesus? Mas, se ele só lhes pregou a crucificação de Jesus, por que ele disse:

 

“Eu vos transmiti primeiramente o que eu mesmo havia recebido: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado, e ressurgiu ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1Cor 15, 3-4)

 

Se eles não entendem assim o texto e pretendem que esses dogmas formam um todo com o dogma do Jesus crucificado, que eles saibam então que o mistério de Jesus crucificado inclui um grande número de ensinamentos; sobretudo este: Nosso velho homem foi crucificado com ele, para que seja reduzido à impotência o corpo (outrora) subjugado ao pecado, e já não sejamos escravos do pecado (Rm 6,6).

 

Daí vem também que, falando dele mesmo, o Apóstolo diz:

 

“Quanto a mim, não pretendo, jamais, gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo” (Gl 6,14)

 

Que eles reflitam e compreendam como se ensina e se aprende o mistério de Jesus crucificado. Que eles vejam bem que, como membros de seu corpo, somos nós mesmos crucificados para o mundo sobre a cruz. Em outros termos: colocamos um freio nas desordens da concupiscência e, por consequência, que não se pode tolerar o adultério abertamente confessado naqueles que são formados pela cruz do Salvador.

 

O apóstolo Pedro também desenvolve esse mistério da cruz, ou seja, da Paixão de Jesus Cristo e recomenda, àqueles que foram consagrados por ela, que não pequem.

 

Ele se expressa assim: Assim, pois, como Cristo padeceu na carne, armai-vos também vós deste mesmo pensamento: quem padeceu na carne rompeu com o pecado, a fim de que, no tempo que lhe resta para o corpo, já não viva segundo as paixões humanas, mas segundo a vontade de Deus (1Pd 4, 1-2).

 

Em seguida ele mostra que, de acordo com este princípio, por pertencer a Jesus crucificado, ou seja, por ter sofrido em sua carne, é preciso crucificar em seu corpo os desejos da carne e conformar sua conduta aos Evangelhos.

 

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