Devo acrescentar que eles veem uma prova de sua opinião nos dois preceitos que contém, segundo o Senhor, a Lei e os Profetas? Como é dito: Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma e de todo teu espírito. Este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás teu próximo como a ti mesmo.
Nesses dois mandamentos se resumem toda a lei e os profetas (Mt 22,37.40), eles acreditam que o primeiro, onde se prescreve amar a Deus, se aplica aos catecúmenos, enquanto que o segundo, que parece ter relação com a sociedade humana, aos que já receberam o batismo.
Eles não se lembram de que também está escrito:
“Aquele que não ama seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus, a quem não vê” (1Jo 4,20).
Na mesma carta de São João também lemos:
“Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai” (1Jo 2,15)
Ora, todas as torpezas de uma conduta infame não estão relacionadas com o amor ao mundo? Por consequência, o primeiro mandamento — que segundo eles só diz respeito aos catecúmenos — não pode ser observado independentemente dos bons costumes.
Eu não quero insistir mais nisso, mas, examinando bem, estes dois preceitos estão unidos por um laço bem estreito, pois o amor a Deus não pode ser encontrado em quem não ama seu próximo e nem o amor ao próximo em quem não ama Deus. Seria sair do tema, insistir por mais tempo nesses dois mandamentos.