CAPÍTULO 16. FALSA APLICAÇÃO DO DUPLO MANDAMENTO DO AMOR

CAPÍTULO 16. FALSA APLICAÇÃO DO DUPLO MANDAMENTO DO AMOR

 

Devo acrescentar que eles veem uma prova de sua opinião nos dois preceitos que contém, segundo o Senhor, a Lei e os Profetas? Como é dito: Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma e de todo teu espírito. Este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás teu próximo como a ti mesmo.

 

Nesses dois mandamentos se resumem toda a lei e os profetas (Mt 22,37.40), eles acreditam que o primeiro, onde se prescreve amar a Deus, se aplica aos catecúmenos, enquanto que o segundo, que parece ter relação com a sociedade humana, aos que já receberam o batismo.

 

Eles não se lembram de que também está escrito:

 

“Aquele que não ama seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus, a quem não vê” (1Jo 4,20).

 

Na mesma carta de São João também lemos:

 

“Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai” (1Jo 2,15)

 

Ora, todas as torpezas de uma conduta infame não estão relacionadas com o amor ao mundo? Por consequência, o primeiro mandamento — que segundo eles só diz respeito aos catecúmenos — não pode ser observado independentemente dos bons costumes.

 

Eu não quero insistir mais nisso, mas, examinando bem, estes dois preceitos estão unidos por um laço bem estreito, pois o amor a Deus não pode ser encontrado em quem não ama seu próximo e nem o amor ao próximo em quem não ama Deus. Seria sair do tema, insistir por mais tempo nesses dois mandamentos.

 

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