CAPÍTULO 19. SÃO JOÃO BATISTA FORNECIA, AOS QUE IAM SE BATIZAR, PRECEITOS MORAIS

CAPÍTULO 19. SÃO JOÃO BATISTA FORNECIA, AOS QUE IAM SE BATIZAR, PRECEITOS MORAIS

 

O ponto que eu examino ainda neste momento é saber se é preciso, como pensam nossos adversários, ensinar, àqueles que são batizados, as regras da vida cristã ou se contentar em inculcar a fé nos catecúmenos.

 

Se fosse assim, João Batista — sem falar das numerosas passagens já citadas — teria essa linguagem para com aqueles que se apresentavam ao seu batismo: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da cólera vindoura? Dai, pois, frutos de verdadeira penitência? Isto não diz respeito à fé, mas às boas obras.

 

Da mesma forma, quando os soldados vieram lhe perguntar “E nós, que devemos fazer?”, ele não lhes disse: “Esperem acreditando e se batizem. Mais tarde aprenderão o que fazer”. Não. Ele começa por adverti-los, como um verdadeiro precursor, para preparar o caminho ao Senhor, que desceria em seus corações e lhes diz: Não pratiqueis violência nem defraudeis a ninguém, e contentai-vos com o vosso soldo (Lc 3,14).

 

Mesma resposta aos publicanos que lhe perguntaram o que deviam fazer: Não exijais mais do que vos foi ordenado (Lc 3,12).

 

Atendo-se a estes trechos, o Evangelista, cujo objetivo não era citar todos os artigos do catecismo, mostra claramente que o dever do catequista é dar lições e fazer exortações morais àqueles que se dispõem ao batismo.

 

Eu suponho mesmo que se eles tivessem respondido a João: “Não faremos frutos dignos de penitência. Queremos perseverar em nossas violências, nossas fraudes, nossa usura”. Uma declaração assim não o teria impedido de batizá-los. Nesta hipótese, não se poderia concluir também, no ponto em que a discussão chegou, que a instrução que deve ser ministrada aos catecúmenos para que eles vivam bem, não deve estar subordinada à época do batismo. João Batista, com efeito, instrui os publicanos e os soldados no momento de batizá-los.

 

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