De acordo com estes princípios, nosso objetivo, ao recusar o batismo a esses pecadores, não é arrancar o joio antes da colheita, mas é o de não semeá-lo, como faz Satã. Longe de repelir aqueles que querem se juntar a Jesus Cristo, nós lhes provamos, através de sua conduta, que são eles que se recusam a vir até ele. Longe de impedi-los de acreditar, nós lhes demonstramos que eles são culpados por sua incredulidade, já que não querem reconhecer um adultério no ato qualificado como adultério pelo próprio Senhor, pensam que podem se incorporar a Jesus Cristo aqueles que jamais possuirão o reino de Deus, como também foi dito pela boca do Apóstolo e se opõem à santa doutrina onde Deus se glorifica em sua felicidade sem limites.
Não comparemos também esses pecadores aos convivas que vieram ao festim das núpcias; eles devem ser comparados com aqueles que se recusaram a vir. Muito audaciosos para se colocarem em plena contradição com a própria doutrina de Jesus Cristo e se revoltar contra os santos Evangelhos, eles desdenham em vir, muito mais do que se recusar.
Há os que renunciam ao mundo em palavras, muito mais do que em atos. Estes pelo menos se apresentam e estão semeados no meio dos bons. Eles estão reunidos na eira; eles estão juntos às ovelhas; eles entram na rede; eles são acolhidos dentre os convivas. Sejam eles hipócritas, sejam sinceramente dóceis; não temos razão para rejeitá-los, já que não se pode penetrar em suas consciências e não se deve prejulgar os motivos que justificariam sua excomunhão.
Longe de nós a ideia de que admitir na sala das núpcias aqueles que se encontra, sejam bons ou maus (Mt 22,10), ali se introduz igualmente aqueles que demonstraram sua resolução de perseverar no mal. Com este argumento, com efeito, os servidores do pai de família também teriam semeado o joio e tudo seria vão nesta passagem: O inimigo, que o semeia, é o demônio (Mt 13,39). Sendo esta hipótese impossível, é preciso pensar que os servidores conduziram os bons e os maus, escondidos sob falsas aparências ou somente reconhecidos após terem sido introduzidos na sala do festim.
Talvez ainda a expressão bons e maus tenha o mesmo significado que na linguagem comum, onde não passa de um termo de louvor ou de desprezo, que se qualifica até mesmo os pagãos. Foi neste sentido que Jesus Cristo a empregou ao falar aos discípulos que ele enviou pela primeira vez pregar o Evangelho. Ele lhes recomenda que se informem, em todas as cidades onde entrarem, sobre as pessoas que são dignas de recebê-los em suas casas até sua partida (Mt 10,11).
Ora, com qual marca se reconheceriam as pessoas dignas, se não era através da estima que eles desfrutavam entre seus concidadãos e as pessoas indignas através de sua má reputação?
Eis os bons e os maus que são conduzidos a Jesus Cristo e que se apresentam para acreditar nele. Eles são acolhidos se consentem em se livrar, através da penitência, das obras de morte. Se não consentem, são rejeitados e, longe de procurar entrar, eles mesmos fecham a porta, com um oposição bem clara.