Na opinião que nos separa de nossos irmãos e que suas consequências perigosas obrigam a rejeitar — seja ela antiga ou moderna — uma coisa me parece estranha: é a classificação como novidade a doutrina que proíbe admitir ao batismo as pessoas tão perversas que proclamam a resolução de persistir em seus desregramentos.
Dir-se-ia que sua imaginação as leva para não sei onde, pois as cortesãs, os perversos e outros perseguidores da corrupção pública só são admitidos aos sacramentos da Igreja com a condição de romper suas correntes. Ora, seguindo as máximas de nossos adversários, todos seriam admitidos indiferentemente. Mas a santa Igreja permanece fiel à antiga e inalterável tradição que remonta ao princípio muito claramente estabelecido por estas palavras: Dessas coisas vos previno, como já vos preveni: os que as praticarem não herdarão o Reino de Deus! (Gl 5,19-21; 1Cor 6,9-10). Se a penitência não apaga essas obras de morte, o batismo está interditado aos pecadores e se eles o obtém, mas não reformam seus hábitos, sua salvação é impossível.
Os beberrões, os avaros, os difamadores e todos os pecadores cujos hábitos criminosos não são tema para uma condenação motivada por atos notórios, são objeto de vigorosas admoestações no catecismo e só entram no banho sagrado após terem demonstrado disposições melhores.
Quanto aos adúlteros, condenados pelas leis divinas e não pelas leis humanas, eles são admitidos talvez muito rapidamente em algumas Igrejas. Mas, são exceções que devem ser condenadas em nome da regra, invés de afrouxar a regra por causa desses precedentes. Em outros termos, é preciso afastar os indignos, invés de admitir como princípio que os postulantes não devem receber nenhuma instrução moral e acolher, por uma consequência necessária, todos os escravos da corrupção pública, cortesãs, prostitutas, gladiadores e outras pessoas desta espécie, que insistem em permanecer em suas atividades.
Os crimes, cuja enumeração feita pelo Apóstolo termina com a frase Dessas coisas vos previno, como já vos preveni: os que as praticarem não herdarão o Reino de Deus! encontram, nos que atuam energicamente, censores vigorosos. Se confessam e proclamam, com toda a dignidade de seus caracteres, que têm a intenção de perseverar em seus erros, não são admitidos ao batismo.