O próprio Senhor nos oferece um modelo incomparável de paciência. Ele sofreu até à paixão com um diabo no meio dos doze Apóstolos.
Ele disse:
“Arrancando o joio, arriscais a tirar também o trigo. Deixai-os crescer juntos até a colheita. No tempo da colheita, direi aos ceifadores: arrancai primeiro o joio e atai-o em feixes para o queimar. Recolhei depois o trigo no meu celeiro” (Mt 13,29-30).
Na parábola da rede — símbolo da Igreja, que se estende até à margem, ou seja, até o fim do mundo — Ele diz que ela envolve ao mesmo tempo os bons e os maus peixes.
Por fim, em muitas outras passagens, ele falou expressamente ou em parábolas, da mistura dos bons com os maus.
No entanto, alguma vez ele ordenou que não se mantivesse a disciplina na Igreja? Longe disso. Ele nos adverte para seguir as regras, quando diz: Se teu irmão tiver pecado contra ti, vai e repreende-o entre ti e ele somente; se te ouvir, terás ganho teu irmão. Se não te escutar, toma contigo uma ou duas pessoas, a fim de que toda a questão se resolva pela decisão de duas ou três testemunhas. Se recusa ouvi-los, dize-o à Igreja. E se recusar ouvir também a Igreja, seja ele para ti como um pagão e um publicano (Mt 18,16-18).
Ele ainda acrescenta esta passagem, em que dá à severidade esta sanção temível:
“Em verdade vos digo: tudo o que ligardes sobre a terra será ligado no céu e tudo o que desligardes sobre a terra será também desligado no céu” (Mt 18,19).
Ele também nos proíbe de dar coisas santas aos cães (Mt 7,6).
Quando o Apóstolo diz: “Aos que faltam às suas obrigações, repreende-os diante de todos, para que também os demais se atemorizem” (1Tm 5,20), ele não contradiz as palavras do Senhor: “repreende-o entre ti e ele somente”. Isto é, com efeito, um duplo preceito que é preciso aplicar com vistas às diferentes doenças dos pecadores que queremos curar e salvá-lo e não perdê-lo; o remédio varia segundo as pessoas. A regra é, portanto, diferente; às vezes é preciso tolerar os maus com indulgência, às vezes repreendê-los e corrigi-los, às vezes afastá-los e cortar comunicação com os fieis.