CAPÍTULO 41. DEVE-SE PERDOAR OS ARREPENDIDOS E ESPERAR PELOS QUE SE AFASTAM DO PECADO

CAPÍTULO 41. DEVE-SE PERDOAR OS ARREPENDIDOS E ESPERAR PELOS QUE SE AFASTAM DO PECADO

 

O benefício que nos vale a graça de acreditar sinceramente em Deus, honrar Deus, conhecer Deus, é obter sua assistência para viver bem e sua misericórdia, se pecamos. Obtemos esse favor não perseverando com indiferença nas desordens que ele condena, mas renunciando a elas.

 

Piedade para mim, Senhor; sarai-me, porque pequei contra vós (Sl 40,5). Ora, não se tem a quem dirigir esta prece se não se acredita em Deus e ela é feita inutilmente por quem está tão afastado dele que não tem nenhuma parte na graça do Mediador.

 

Daí estas palavras, tiradas do Livro da Sabedoria e entendida, não sei como, pelas pessoas que afetam uma falsa segurança: Mesmo se pecamos, somos vossos (Sb 15,2). Pois, se nosso Deus é tão bom e tão poderoso para ter o desejo e o poder de curar o pecado seguido do arrependimento, ele não leva a fraqueza até o ponto de perder àqueles que se endurecessem em seus crimes.

 

Assim, o sábio, após ter dito: Somos vossos, acrescenta: Porque conhecemos vosso poder. Poder infinito do qual o pecador não pode evitar nem os golpes e nem a vigilância. E ele conclui: Não pecaremos, cientes de que somos considerados como vossos.

 

É possível, com efeito, conceber em toda sua beleza o lar onde devem morar com Deus todos aqueles que para ali são predestinados, de acordo com os conselhos eternos, sem se esforçar para levar uma vida digna desse lar celeste, quando João diz: Filhinhos meus, isto vos escrevo para que não pequeis. Mas, se alguém pecar, temos um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo. Ele é a expiação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo (1Jo 2,1-2)?

 

Ele quer que pequemos sem medo? Não. Ele quer que, renunciando aos pecados que possamos ter cometido, tenhamos confiança no advogado que falta aos infiéis, para não ficarem desesperados pela misericórdia divina.

 

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