Cair no erro é não manter um justo meio termo; é quando só se vê um lado da verdade e se deixa ir até um ponto em que não se pensa mais nos outros testemunhos da autoridade religiosa, que são capazes de interromper essa precipitação e reconduzir até o centro da verdade, que está na concordância de todos os testemunhos entre eles.
Isto é uma fonte de erros não apenas na questão que estamos tratando neste momento, mas também num grande número de outras questões. Por exemplo, alguns, considerando que os testemunhos das Escrituras dão a entender que se deve adorar um Deus único, confundiram o Pai e o Espírito Santo com o Filho. Outros, atingidos, por assim dizer, por uma doença totalmente contrária, só prestam atenção às passagens que revelam a Trindade e, não podendo compreender que a unidade de Deus se concilia com a distinção das pessoas, acreditam estar fundamentados em reconhecer várias substâncias em Deus.
Alguns, admirando nas Escrituras o elogio à santa virgindade, condenaram o matrimônio e outros, pelo contrário, seguindo os testemunhos que louvam o santo matrimônio, equipararam a virgindade com as núpcias.
Outro erro: alguns, diante da passagem Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem outra coisa que para teu irmão possa ser uma ocasião de queda (Rm 14,21) e outras semelhantes, declararam impuros, na criação divina, todos os alimentos que lhes agradava.
Outros ainda, lendo: Tudo o que Deus criou é bom e nada há de reprovável, quando se usa com ação de graças (1Tm 4,4), adotaram um sistema de sensualidade e de excessos que os tornaram incapazes de evitar uma falta sem cair em outra igual ou até mesmo mais grave.