§ 1º – Das virtudes teologais
852) Que é a virtude sobrenatural?
A virtude sobrenatural é uma qualidade que Deus infunde na alma, pela qual se tem propensão, facilidade e prontidão para conhecer e praticar o bem, em ordem da vida eterna.
853) Quantas são as principais virtudes sobrenaturais?
As principais virtudes sobrenaturais são sete, a saber, três teologais e quatro cardeais.
854) Quais são as virtudes teologais?
As virtudes teologais são: a Fé, a Esperança e a Caridade.
855) Por que a Fé, a Esperança e a Caridade se chamam virtudes teologais?
Chamam-se a Fé, a Esperança e a Caridade virtudes teologais, porque têm a Deus por objeto imediato e principal e nos são infundidas por Ele.
856) De que modo têm as virtudes teologais a Deus por objeto imediato?
As virtudes teologais têm a Deus por objeto imediato, porque pela Fé nós cremos em Deus, e cremos tudo o queEle revelou; pela Esperança esperamos possuir a Deus; pela Caridade amamos a Deus e nEle amamos a nós mesmos e ao próximo.
857) Quando nos infunde Deus na alma as virtudes, teologais?
Deus, pela sua bondade, infunde-nos no alma a, virtudes teologais, quando nos adorna com a graça santificante; e por isso, quando recebemos o Batismo, fomos enriquecidos com estas virtudes, e juntamente com os dons do Espírito Santo.
858) Basta, para o cristão se salvar, o Batismo as virtudes teologais?
Para quem tem o uso da razão, não basta o ter recebido no Batismo as virtudes teologais; mas é necessário fazer freqüentemente atos destas virtudes.
859) Quando somos obrigados a fazer atos de Fé, de Esperança e de Caridade?
Somos obrigados a fazer atos de Fé, de Esperança e de Caridade:
1º quando chegamos ao uso da razão;
2ºfreqüentes vezes no decurso da vida.-
3ºem perigo de morte.
§ 2º – Da Fé
860) Que é a Fé?
A Fé e uma virtude sobrenatural, infundida por Deus em nossa alma, pela qual nós, apoiados na autoridade do mesmo Deus, acreditamos que é verdade tudo o que Ele revelou e por meio da Santa Igreja nos propõe para crer.
861) Como conhecemos as verdades reveladas por Deus?
Conhecemos as verdades reveladas por Deus, por meio da Santa Igreja que é infalível, isto é, por meio do Papa, sucessor deSão Pedro, e por meio dosBispos que, em união com o Papa, são sucessores dos Apóstolos, os quais foram instruídos pelo próprio Jesus Cristo.
862) Temos nós a certeza de que são verdadeiras as doutrinas que a Santa Igreja nos ensina?
Sim, temos a certeza absoluta de que são verdadeiras as doutrinas que a Santa Igreja nos ensina, porque JesusCristo empenhou a sua palavra, que a Igreja nunca se enganaria.
863) Com que pecado se perde a Fé?
A Fé perde-se negando ou duvidando voluntariamente, ainda que seja de um só artigo que nos é proposto para crer.
864) Como recuperamos a Fé?
Recuperamos a Fé perdida, arrependendo-nos do pecado cometido e crendo de novo tudo o que crê a Santa Igreja.
§ 3º – Dos mistérios
865) Podemos compreender todas as verdades da Fé?
Não; não podemos compreender todas as verdades da Fé, porque algumas destas verdades são mistérios.
866) Que são os mistérios?
Os mistérios são verdades superiores à razão, as quais devemos crer, ainda que não as possamos compreender.
867) Por que devemos crer os mistérios?
Devemos crer os mistérios, porque os revelou Deus, que, sendo Verdade e Bondade infinitas, não pode engarnar-Se, nem enganar-nos.
868) São porventura os mistérios contrários à razão?
Os mistérios são superiores, porém não contrários à razão; e até a própria razão nos persuade a admiti-los.
869) Por que os mistérios não podem ser contrários à razão?
Os mistérios não podem ser contrários à razão, porque é o mesmo Deus quem nos deu a luz da razão, e quem revelou OS mistérios, e Ele não pode contradizer-Se a Si mesmo.
§ 4º – Da Sagrada Escritura
870) Onde se acham as verdades que Deus revelou?
As verdades que Deus revelou acham-se na Sagrada Escritura e na Tradição.
871) Que é a Sagrada Escritura?
A Sagrada Escritura é a coleção dos livrosescritospelos Profetase pelos Hagiógrafos, pelos Apóstolos pelos Evangelistas, por inspiração do Espírito Santo, recebidas pela Igreja como inspirados.
872) Em quantas partes se divide a Sagrada Escritura?
A Sagrada Escritura se divide em duas partes: Antigo e Novo Testamento.
873) Que contém o Antigo Testamento?
O Antigo Testamento contém os livros inspiradosescritos antes da vinda de Jesus Cristo.
874) Que contém o Novo Testamento?
O Novo Testamento contém os livros inspirados escritos depois da vinda de Jesus Cristo.
875) Que nome se dá comumente à Sagrada Escritura?
À Sagrada Escritura dá-se comumente o nome de Bíblia Sagrada.
876) Que quer dizer a palavra Bíblia?
A palavra Bíblia quer dizer coleção dos livros santos, o livro por excelência, o livro dos livros, o livro inspirado por Deus.
877) Por que é a Sagrada Escritura chamada o livro por excelência?
A Sagrada Escritura é chamada o livro por excelência, por causa da excelência da matéria de que trata e do Autor que a inspirou.
878) Não pode haver erro na Sagrada Escritura?
Na Sagrada Escritura não pode haver erro algum, porque, sendo toda inspirada, o Autor de todas as suas partes é o próprio Deus. Isto não obsta a que nas cópias as e traduções damesma se tenha dado algum engano ou dos copistas ou dos tradutores. Porém, nas edições revistas e aprovadas pela Igreja Católica não pode haver erro no que respeita à fé ou à moral.
879) É necessária a todos os cristãos a leitura da Bíblia?
A leitura da Bíblia não é necessária a todos os cristãos, sendo, como são, instruídos pela Igreja; mas é contudo útil e recomendada a todos.
880) Pode-se ler qualquer tradução em língua vulgar da Bíblia?
Podem ler-se as traduções em língua vulgar da Bíblia desde que sejam reconhecidas como fiéis pela Igreja Católica, e venham acompanhadas de explicações ou notas aprovadas pela mesma Igreja.
881) Por que só se podem ler as traduções da Bíblia que são aprovadas pela Igreja?
Só se podem ler as traduçõesda Bíblia que são aprovadas pela Igreja porque só Elaé legítima depositária e guarda da Bíblia.
882) Por quem podemos nós conhecer o verdadeiro sem tido das Sagradas Escrituras?
O verdadeiro sentido das Sagradas Escrituras podemos conhecê-lo só por meio o da Igreja, porque só a Igreja é que não pode errar ao interpretá-las.
883) Que deveria fazer um cristão, se lhe fosse oferecida a Bíblia por um protestante ou por algum emissário dos protestantes?
Um cristão a quem fosse oferecida a Bíblia por um protestante, ou por algum emissário dos protestantes, deveria rejeitá-la com horror, por ser proibida pela Igreja. E, se a tivesse aceitado sem reparar, deveria logo lançá-la ao fogo ou entregá-la ao próprio pároco.
884) Por que proíbe a Igreja as Bíblias protestantes?
A Igreja proíbe as Bíblias protestantes, porque ou estão alteradas e contêm erros, ou então, faltando-lhes a sua aprovação e as notas explicativas das passagens obscuras, podem causar dano à Fé. Por isso a Igreja proíbe também as traduções da Sagrada Escritura já aprovadas por Ela, mas reimpressas sem as explicações que a mesma Igreja aprovou.
§ 5º – Da Tradição
885) Dizei-me: o que é a Tradição?
A Tradição é a palavra de Deus não escrita, mas comunicada de viva voz por Jesus Cristo e pelos Apóstolos, e que chegou sem alteração, de século ein século, por meio da Igreja, até nós.
886) Onde se acham os ensinamentos da Tradição?
Os ensinamentos da Tradição acham-se principalmente nos decretos dos Concílios, nos escritos dos Santos Padres, nos atos da Santa Sé, nas palavras e nus usos da Sagrada Liturgia.
887) Em que consideração se deve ter a Tradição?
A Tradição deve ter-se na mesma consideração em que se tem a palavra de Deusbcontida na Sagrada Escritura.
§ 6º – Da Esperança
888) Que é a Esperança?
A Esperança é uma virtude sobrenatural, infundida por Deus na nossa alma, pela qual desejamos e esperamos a vida eterna que Deus prometeu aos seus servos, e os auxílios necessários para alcançá-la.
889) Por que motivo devemos esperar de Deus o Paraíso e os auxílios necessários para alcançá-lo?
Devemos esperar de Deus o Paraíso e os auxílios necessários para alcançá-lo, porque Deus misericordiosíssimo, pelos merecimentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, o prometeu a quem o serve de todo o coração; e, sendo fidelíssimo e onipotente, cumpre sempre a sua promessa.
890) Quais são as condições necessárias para alcançar o Paraíso?
As condições necessárias para alcançar o Paraíso são: a graça de Deus, a prática das boas obras e a perseverança no seu santo amor até à morte.
891) Como se perde a Esperança?
Perde-se a Esperança todas as vezes que se perde a Fé; perde-se também pelo pecado de desespero ou de presunção.
892) Como recuperamos a Esperança?
Recuperamos a Esperança perdida, arrependendo-nos do pecado cometido, e excitando-nos de novo à confiança na bondade divina.
§ 7o – Da Caridade
893) Que é a Caridade?
A Caridade é uma virtude sobrenatural, infundida por Deus em nossa alma, pela qual amamos a Deus por Si mesmo sobre todas as coisas, e amamos o próximo como a nós mesmos, por amor de Deus.
894) Por que motivos devemos amar a Deus?
Devemos amar a Deus, porque Ele é o sumo Bem, infinitamente bom e perfeito, e além disso por que Ele o manda, e pelos inumeráveis benefícios que dElerecebemos.
895) Como se deve amar a Deus?
Devemos amar a Deus sobre todas as coisas, com todo o nosso coração, com toda a nossa mente, com toda a nossa alma, e com todas as nossas forças.
896) Que quer dizer: amar a Deus sobre todas as coisas?
Amar a Deus sobre todas as coisas quer dizer: preferi-Lo a todas as criaturas mais caras e mais perfeitas, e estar disposto a perder tudo antes que ofendê-Lo ou deixar de amá-Lo.
897) Que quer dizer: amar a Deus com todo o nosso coração?
Amar a Deus com todo o nosso coração quer dizer: consagrar-Lhe todos os nossos afetos.
898) Que quer dizer: amar a Deus com toda a nossa mente?
Amar a Deus com toda a nossa mente quer dizer: dirigir para Ele todos os nossos pensamentos.
899) Que quer dizer: amar a Deus com toda a nossa alma?
Amar a Deus com toda a nossa alma quer dizer: consagrar-Lhe o uso de todas as potências da nossa alma.
900) Que quer dizer: amar a Deus com todas as nossas forças?
Amar a Deus com todas as nossas forças quer dizer: esforçar-se por crescer cada vez mais no amor dEle, e proceder de maneira que todas as nossas ações tenham por motivo e por fim o seu amor e o desejo de Lhe agradar.
901) Por que devemos amar o próximo?
Devemos amar o próximo por amor de Deus porque Ele o manda, e porque todo o homem é imagem de Deus.
902) Somos obrigados a amar também os inimigos?
Sim, somos obrigados a amar também os inimigos, porque também eles são nossos próximos, e porque Jesus Cristo o mandou expressamente.
903) Que quer dizer: amar o próximo como a nos mesmos?
Amar o próximo como a nós mesmos quer dizer: desejar-lhe e fazer-lhe, tanto quanto pudermos, todo o bem que devemos desejar para nós mesmos, e não lhe desejar nem fazer mal algum.
904) Quando amamos a nós mesmos retamente?
Amamos retamente a nós mesmos quando procuramos servi r a Deus e pôr nEle toda a nossa felicidade.
905) Como se perde a Caridade?
Perde-se a Caridade com qualquer pecado rnortal.
906) Como recuperamos a Caridade?
Recuperamosa Caridade, fazendo atosde amor de Deus, arrependendo-nos e confessando-nos bem.
§ 8º – Das virtudes cardeais
907) Quais são as virtudes cardeais?
As virtudes cardeais são: a Prudência, a Justiça, a Fortaleza e a Temperança.
908) Por que se chamam virtudes cardeais a Prudência, a Justiça, a Fortaleza e a Temperança?
Chamam-se virtudes cardeais a Prudência, a Justiça, a Fortaleza e a Temperança, porque são a base e o fundamento das virtudes morais.
(*) O nome de cardeais vêm-lhes da palavra latina cardo, que significa a dobradiça, os gonzos da porta, e mostra como todas as virtudes giram em torno destas (N. do T.)
909) Que é a Prudência?
A Prudência é a virtude que dirige toda ação ao devido fim, e por isso procura osmeios convenientes para que a ação seja em tudo bem feita, e portanto aceita ao Senhor.
910) Que é a Justiça?
A Justiça é a virtude pela qual damos a cada um o que lhe pertence.
911) Que é a Fortaleza?
A Fortaleza é a virtude que nos dá coragem parti não temer perigo algum, nem a
própria morte, no serviço de Deus.
912) Que é a Temperança?
A Temperança é a virtude pela qual refreamos os desejos desordenados de prazeres sensuais, e usamos com moderação dos bens temporais.