Resumo histórico.
Até o século XV, a Ave-Maria terminava com as palavras “Jesus Cristo. Amém”. Daí em diante ajuntou-se-lhe a jaculatória “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores. Amém”. A partir do século XVI, veio então o final da oração com as palavras: Agora e na hora de nossa morte. O Papa Pio V colocou no Breviário a Ave-Maria assim rezada. Mas ainda no ano de 1732 em muitos lugares o povo rezava só a primeira parte da Ave-Maria. – (Nota do tradutor).
MUITO AGRADA À SANTÍSSIMA VIRGEM A SAUDAÇÃO ANGÉLICA
Por ela lhe renovamos a alegria que sentiu, quando São Gabriel lhe anunciou que fora eleita para Mãe de Deus. Nessa intenção devemos saudá-la muitas vezes com a Ave-Maria.
Saudai-a com a Ave-Maria, diz Tomás de Kempis, porque ela gosta muito dessa saudação. Que não lhe podemos dirigir saudação mais agradável, do que com a Ave-Maria, disse-o a Virgem a Santa Matilde. Por ela será também saudado todo aquele que a saúde. São Bernardo, certa ocasião, ouviu de uma estátua da Senhora as palavras: Eu te saúdo, Bernardo! Ora, a saudação de Maria consiste sempre em alguma nova graça, diz Conrado de Saxônia. Pergunta Ricardo: É possível que Maria recuse mais uma graça a quem dela se aproxima e lhe diz: Ave, Maria? A Santa Gertrudes prometeu a Mãe de Deus tantos auxílios na hora da morte, quantas Ave-Marias lhe houvesse recitado em vida. Alano de Rupe afirma que, ao ouvir essa saudação angélica, alegra-se o céu, treme o inferno e foge o demônio. Com efeito, atesta-o Tomás de Kempis, pois com uma Ave-Maria pôs em fuga o demônio que lhe aparecera.
A PRÁTICA DESSA DEVOÇÃO PODE SER A SEGUINTE:
a) Dizer de manhã e de noite, ao levantar e ao deitar-se, 3 Ave-Marias, ajuntando depois de cada uma a pequena jaculatória: Por vossa pura e imaculada Conceição, ó Maria, purificai meu corpo e santificai minha alma. Em seguida, devemos pedir a bênção a Maria, conforme fazia sempre Santo Estanislau, pondo-nos sob o manto de nossa Mãe e pedindo que naquele dia ou naquela noite nos livre de todo pecado. É recomendável que, para esse fim, tenhamos juntos ao leito uma bela imagem da Santíssima Virgem.
b) Recitar o Anjo do Senhor com as 3 Ave-Marias usuais, pela manhã, ao meio-dia e à noite. Foi João XXII o primeiro Papa que indulgenciou esta devoção (1328).25 Em 1724, Bento XIII concedeu cem dias de indulgências a quem recitar o Anjo do Senhor; e indulgência plenária a quem o rezar durante um mês, confessando-se e comungando.
Outrora, ao som das Ave-Marias, todos se ajoelhavam para rezar o Anjo do Senhor. São Carlos Borromeu não se acanhava de descer da carruagem, para recitá-lo de joelhos na rua, mesmo na lama muitas vezes. Aos sábados de tarde e durante todo o domingo recita-se de pé. No tempo da Páscoa, como explica Bento XIV, em lugar dele, recita-se a antífona Regina caeli laetare (Rainha do céu, alegra-te).
c) Saudar a Mãe de Deus com a Ave-Maria, sempre que se ouve soar o relógio, à imitação de Santo Afonso Rodríguez, irmão da Companhia de Jesus (†1617), o qual à noite era acordado pelos anjos para saudar a Senhora. Saudá-la ao sair de casa e ao entrar nela, para que a Virgem dentro e fora de casa nos livre do pecado. E depois, em espírito, beijar-lhe os pés, como fazem os Cartuxos.
d) Fazer o mesmo quando se passa diante de uma imagem da Mãe de Deus. É bom colocar, quando se pode, uma bela imagem de Maria na parede da casa, para que os transeuntes a possam venerar. Em Nápoles e Roma há esse belo costume.
e) Por ordem da Santa Igreja, começa e termina cada hora do Divino Ofício com a recitação da Ave-Maria. Assim, pois, é bom rezar uma Ave-Maria ao principiar e ao terminar qualquer ação, quer espiritual, como a oração, a confissão, a comunhão, a leitura espiritual, e assistência ao sermão etc., quer temporal, como estudar, dar conselhos, trabalhar, comer, deitar-se etc. Felizes as ações praticadas entre duas Ave-Marias! Saudemos a Virgem com essa oração, ao despertar pela manhã, ao fechar os olhos para dormir. Saudemo-la em todas as tentações, em todos os perigos, em todos os ímpetos de cólera e em semelhantes ocasiões. Praticai essa devoção, caro leitor, e lhe vereis os abençoados frutos. Refere Auriema que a Santíssima Virgem prometeu a Santa Matilde uma boa morte, se rezasse todos os dias três Ave-Marias, em honra de seu poder, de sua sabedoria e de sua bondade. Declarou também à venerável Joana de França ser-lhe muito agradável a recitação de dez Ave-Marias, em honra de suas dez virtudes.