INTRODUÇÃO Cap. 1 a 13

INTRODUÇÃO Cap. 1 a 13
1. Foi pela Virgem Santíssima que Jesus Cristo veio ao mundo e por ela, também deverá Jesus reinar no mundo.
2. Durante a sua vida, Maria viveu escondida: por isso, foi chamada pelo Espírito Santo e pela Igreja Alma Mater: Mãe escondida. Foi tão profunda a sua humildade, que o seu atrativo mais profundo, poderoso e contínuo consitiu em se esconder de si própria e de todas as criaturas, para ser apenas conhecida de Deus. 
3. Deus, para ouvir as suas preces, para atender o seu desejo de viver oculta, pobre e humilde, parece ter tido a preocupação de a ocultar na sua concepção, no seu nascimento, na sua vida, nos seus mistérios, na sua ressurreição e assunção, aos olhos de quase todas as criaturas humanas. Nem os seus próprios pais a conheciam; os anjos perguntavam muitas vezes uns aos outros: Quae est ista? «Quem é esta?», porque o Altíssimo a escondia deles; e se lhes descobria qualquer coisa, era infinitamente mais o que escondia. 
4. Deus Pai consentiu que não fizesse nenhum milagre durante a vida, pelo menos que fosse conhecido, embora lhe tivesse comunicado a Sua sabedoria. Deus Filho consentiu que pouco ou nada falasse, embora lhe tivesse comunicado a Sua sabedoria. Deus Espírito Santo consentiu que os Apóstolos e evangelistas quase não falassem dela e que falassem somente o necessário para dar a conhecer Cristo, embora ela fosse Sua Esposa fiel. 
5. Maria é a suprema obra-prima do Altíssimo, cuja beleza só Ele conhece e reservou para Si. Maria é a Mãe admirável do Filho que Se compraz em a fazer pequenina e escondida durante a vida, para acrescer a sua humildade, tratando-a pelo nome de mulher, mulier, como se fora uma desconhecida, embora no coração a tivesse em maior conta e a amasse mais do que a todos os anjos juntos. Maria é aquela fonte selada, esposa fiel do Espírito Santo, único que nela pode entrar. Maria é o santuário e lugar de repouso da Santíssima Trindade, onde Deus Se sente mais magnífica e divinamente bem do que em qualquer outro lugar do universo, sem excetuar a Sua morada acima dos querubins e serafins, onde não pode entrar nenhuma criatura, por mais pura que seja, sem singular previlégio. 
6. Repito com os santos: a divina Maria é o paraíso terrestre do novo Adão, onde encarnou por obra do Espírito Santo, para lá operar maravilhas incompreensíveis. É o grande e divino mundo de Deus, onde se encerram belezas e tesouros inefáveis. É a magnificência do Altíssimo, onde o Pai escondeu, como no Seu seio, o Seu filho único e n´Ele tudo o que há de mais excelente e precioso. Quantas coisas grandes e ocultas não fez Deus nesta admirável criatura, como ela própria teve de confessar, apesar da sua humildade profunda: Fecit mihi magna qui potens est. O mundo não as conhece, porque não é capaz e é indigno.
7. Os santos têm dito coisas admiráveis sobre esta Cidade Santa de Deus; nunca foram tão eloquentes nem se sentiram tão felizes como quando falam dela, segundo eles próprios confessam. Depois disto, eles clamam que a excelência dos merecimentos que ela fez chegar até ao trono de Deus, nem sequer os podemos conceber; que a grandeza do seu poder, que se estende até sobre o próprio Deus, ninguém a pode compreender; que a largueza da sua caridade, que é mais ampla do que a Terra, nada é capaz de a medir; e, finalmente, que a profundeza da sua humildade e de todas as suas graças é um abismo que ninguém pode sondar. Ó sublimidade incompreensível! Ó grandeza inefável! Ó extensão sem limites! Ó abismo impenetrável!
8. Todos os dias, de uma extremidade  à outra da Terra, desde o mais alto dos Céus aos mais profundos abismos, tudo aclama e louva a Virgem admirável. Os novos coros dos anjos, os homens seja qual for o sexo, idade, condição, religião, os bons como os maus, os próprios demónios têm de a proclamar bem-aventurada, com vontade ou sem ela, por força da verdade. 
Todos os anjos do Céu lhe gritam constantemente, no dizer de São Boaventura: Sancta, sancta Maria, Dei Genitrix er Virgo; e todos os dias lhe oferecem milhões e milhões de vezes a saudação dos anjos: Ave-Maria, etc., prostrando-se diante dela e pedindo-lhe que os honre com alguma incumbência ou ordem. O próprio São Miguel, que, no dizer de Santo Agostinho, embora príncipe de toda a corte celeste é o mais zeloso em prestar-lhe e procurar que lhe prestem todas as honrarias, está sempre à espera de ter a honra de, por sua ordem, ter ocasião de prestar qualquer serviço aos servos de Maria. 
9. Toda a Terra está cheia da sua glória, especialmente entre os cristãos que a têm como soberana e protectora em muitas nações, províncias, dioceses e cidades. Quantas catedrais não foram consagradas a Deus sob a sua invocação? Não há nenhuma Igreja sem ter um altar que lhe seja consagrado: não há região ou distrito que não se glorie de alguma das suas milagrosas imagens, fonte de cura para todos os males e de graças de toda a espécie. Quantas confrarias e congregações em sua honra! Quantas religiões (ordens e institutos religiosos) sob a sua protecção! Quantos membros daquelas confrarias, quantos religiosos e religiosas destas ordens não têm publicado os seus louvores e anunciado as suas misericórdias! Não há uma criança que balbuciando a Avé-Maria não a louve; quase não há um pecador que, mesmo no seu enderucimento, não tenha na Virgem uma chamazinha de confiança; o próprio diabo, no inferno, a tem e respeita.
10. Por tudo isto, temos de dizer com os santos:
De Maria nunquam satis.
A Virgem ainda não foi suficientemente louvada, exaltada, honrada, amada e servida. Merece ainda mais louvores, amor, respeito e serviços.
11. Por isso, devemos dizer com o Espírito Santo: Omnis gloria ejus intus: «Toda a glória da filha do Rei está no seu interior»; como quem diz que toda a glória exterior que à compita lhe prestam o Céu e a Terra não é nada em comparação daquela que lhe é interiormente prestada pelo Criador, glória que não é conhecida pelas pobres criaturas, que não podem penetrar nos segredos do Rei. 
12. Depois de tudo isto, temos de exclamar com o Apóstolo: Oculus non divit nec auris audivit, nec cor hominis ascendit. [«O que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração do homem não percebeu, foi isso que Deus preparou para aqueles que O amam»]: os olhos do homem não podem ver, os ouvidos não ouviram, nem o seu coração pode compreender todas as belezas, grandezas e excelência de Maria, milagre dos milagres da graça, da natureza e da glória. Se quereis compreender Maria, diz um santo, procurai compreender o seu Filho. Ela é a digna Mãe de Deus: Hic taceat omnis lingua: «Chegando aqui, que toda a língua se cale.»
13. O meu coração acaba de ditar tudo o que acabo de escrever, com uma alegria especial, para mostrar que a divina Maria tem sido desconhecida e esta é uma das razões por que Jesus Cristo não é conhecido como devia ser.
Se, como é certo, o conhecimento e o Reino de Cristo chegarem ao mundo, isto será necessária consequência do conhecimento e do reino da Santíssima Virgem Maria, que deu Jesus ao mundo pela primeira vez e que O manifestará uma segunda vez. 
1. Foi pela Virgem Santíssima que Jesus Cristo veio ao mundo e por ela, também deverá Jesus reinar no mundo.
 
2. Durante a sua vida, Maria viveu escondida: por isso, foi chamada pelo Espírito Santo e pela Igreja Alma Mater: Mãe escondida. Foi tão profunda a sua humildade, que o seu atrativo mais profundo, poderoso e contínuo consitiu em se esconder de si própria e de todas as criaturas, para ser apenas conhecida de Deus. 
 
3. Deus, para ouvir as suas preces, para atender o seu desejo de viver oculta, pobre e humilde, parece ter tido a preocupação de a ocultar na sua concepção, no seu nascimento, na sua vida, nos seus mistérios, na sua ressurreição e assunção, aos olhos de quase todas as criaturas humanas. Nem os seus próprios pais a conheciam; os anjos perguntavam muitas vezes uns aos outros: Quae est ista? «Quem é esta?», porque o Altíssimo a escondia deles; e se lhes descobria qualquer coisa, era infinitamente mais o que escondia. 
 
4. Deus Pai consentiu que não fizesse nenhum milagre durante a vida, pelo menos que fosse conhecido, embora lhe tivesse comunicado a Sua sabedoria. Deus Filho consentiu que pouco ou nada falasse, embora lhe tivesse comunicado a Sua sabedoria. Deus Espírito Santo consentiu que os Apóstolos e evangelistas quase não falassem dela e que falassem somente o necessário para dar a conhecer Cristo, embora ela fosse Sua Esposa fiel. 
 
5. Maria é a suprema obra-prima do Altíssimo, cuja beleza só Ele conhece e reservou para Si. Maria é a Mãe admirável do Filho que Se compraz em a fazer pequenina e escondida durante a vida, para acrescer a sua humildade, tratando-a pelo nome de mulher, mulier, como se fora uma desconhecida, embora no coração a tivesse em maior conta e a amasse mais do que a todos os anjos juntos. Maria é aquela fonte selada, esposa fiel do Espírito Santo, único que nela pode entrar. Maria é o santuário e lugar de repouso da Santíssima Trindade, onde Deus Se sente mais magnífica e divinamente bem do que em qualquer outro lugar do universo, sem excetuar a Sua morada acima dos querubins e serafins, onde não pode entrar nenhuma criatura, por mais pura que seja, sem singular previlégio. 
 
6. Repito com os santos: a divina Maria é o paraíso terrestre do novo Adão, onde encarnou por obra do Espírito Santo, para lá operar maravilhas incompreensíveis. É o grande e divino mundo de Deus, onde se encerram belezas e tesouros inefáveis. É a magnificência do Altíssimo, onde o Pai escondeu, como no Seu seio, o Seu filho único e n´Ele tudo o que há de mais excelente e precioso. Quantas coisas grandes e ocultas não fez Deus nesta admirável criatura, como ela própria teve de confessar, apesar da sua humildade profunda: Fecit mihi magna qui potens est. O mundo não as conhece, porque não é capaz e é indigno.
 
7. Os santos têm dito coisas admiráveis sobre esta Cidade Santa de Deus; nunca foram tão eloquentes nem se sentiram tão felizes como quando falam dela, segundo eles próprios confessam. Depois disto, eles clamam que a excelência dos merecimentos que ela fez chegar até ao trono de Deus, nem sequer os podemos conceber; que a grandeza do seu poder, que se estende até sobre o próprio Deus, ninguém a pode compreender; que a largueza da sua caridade, que é mais ampla do que a Terra, nada é capaz de a medir; e, finalmente, que a profundeza da sua humildade e de todas as suas graças é um abismo que ninguém pode sondar. Ó sublimidade incompreensível! Ó grandeza inefável! Ó extensão sem limites! Ó abismo impenetrável!
 
8. Todos os dias, de uma extremidade  à outra da Terra, desde o mais alto dos Céus aos mais profundos abismos, tudo aclama e louva a Virgem admirável. Os novos coros dos anjos, os homens seja qual for o sexo, idade, condição, religião, os bons como os maus, os próprios demónios têm de a proclamar bem-aventurada, com vontade ou sem ela, por força da verdade. 
Todos os anjos do Céu lhe gritam constantemente, no dizer de São Boaventura: Sancta, sancta Maria, Dei Genitrix er Virgo; e todos os dias lhe oferecem milhões e milhões de vezes a saudação dos anjos: Ave-Maria, etc., prostrando-se diante dela e pedindo-lhe que os honre com alguma incumbência ou ordem. O próprio São Miguel, que, no dizer de Santo Agostinho, embora príncipe de toda a corte celeste é o mais zeloso em prestar-lhe e procurar que lhe prestem todas as honrarias, está sempre à espera de ter a honra de, por sua ordem, ter ocasião de prestar qualquer serviço aos servos de Maria. 
 
9. Toda a Terra está cheia da sua glória, especialmente entre os cristãos que a têm como soberana e protectora em muitas nações, províncias, dioceses e cidades. Quantas catedrais não foram consagradas a Deus sob a sua invocação? Não há nenhuma Igreja sem ter um altar que lhe seja consagrado: não há região ou distrito que não se glorie de alguma das suas milagrosas imagens, fonte de cura para todos os males e de graças de toda a espécie. Quantas confrarias e congregações em sua honra! Quantas religiões (ordens e institutos religiosos) sob a sua protecção! Quantos membros daquelas confrarias, quantos religiosos e religiosas destas ordens não têm publicado os seus louvores e anunciado as suas misericórdias! Não há uma criança que balbuciando a Avé-Maria não a louve; quase não há um pecador que, mesmo no seu enderucimento, não tenha na Virgem uma chamazinha de confiança; o próprio diabo, no inferno, a tem e respeita.
 
10. Por tudo isto, temos de dizer com os santos:
 
De Maria nunquam satis.
 
A Virgem ainda não foi suficientemente louvada, exaltada, honrada, amada e servida. Merece ainda mais louvores, amor, respeito e serviços.
 
11. Por isso, devemos dizer com o Espírito Santo: Omnis gloria ejus intus: «Toda a glória da filha do Rei está no seu interior»; como quem diz que toda a glória exterior que à compita lhe prestam o Céu e a Terra não é nada em comparação daquela que lhe é interiormente prestada pelo Criador, glória que não é conhecida pelas pobres criaturas, que não podem penetrar nos segredos do Rei. 
 
12. Depois de tudo isto, temos de exclamar com o Apóstolo: Oculus non divit nec auris audivit, nec cor hominis ascendit. [«O que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração do homem não percebeu, foi isso que Deus preparou para aqueles que O amam»]: os olhos do homem não podem ver, os ouvidos não ouviram, nem o seu coração pode compreender todas as belezas, grandezas e excelência de Maria, milagre dos milagres da graça, da natureza e da glória. Se quereis compreender Maria, diz um santo, procurai compreender o seu Filho. Ela é a digna Mãe de Deus: Hic taceat omnis lingua: «Chegando aqui, que toda a língua se cale.»
 
13. O meu coração acaba de ditar tudo o que acabo de escrever, com uma alegria especial, para mostrar que a divina Maria tem sido desconhecida e esta é uma das razões por que Jesus Cristo não é conhecido como devia ser.
Se, como é certo, o conhecimento e o Reino de Cristo chegarem ao mundo, isto será necessária consequência do conhecimento e do reino da Santíssima Virgem Maria, que deu Jesus ao mundo pela primeira vez e que O manifestará uma segunda vez.