O AMOR MISERICORDIOSO

O AMOR MISERICORDIOSO
Teresa do Menino Jesus antes de discernir claramente a sua vocação e de a fixar nessa frase de luz e de alegria, "a minha vocação é o amor", já ela a vivia. Este é o seu lema: amá-lo e fazê-lo amar. Mas este propósito de Teresa parte duma primeira experiência: sentir-se profundamente amada por Deus.  E é a partir daqui que, como ela diz, começa a sua "carreira de gigante". Teresa tem uma experiência do amor de Deus sempre em crescendo: "O vosso amor precedeu-me desde a minha infância, cresceu comigo, e agora é um abismo, cuja profundidade não consigo sondar" (Ms C, 35rª). A sua primeira comunhão foi uma experiência forte de amor e amor unitivo. "Ah! como foi doce o primeiro beijo de Jesus à minha alma!... Foi um beijo de amor. Sentia-me amada e dizia por minha vez: - «Eu amo-vos! Dou-me a Vós para sempre!»".   
Não houve pedidos, nem lutas, nem sacrifício. Desde há muito, Jesus e a pobre Teresinha tinham-se olhado e tinham-se compreendido... Nesse dia já não era um olhar, mas uma fusão, já não eram dois: a Teresa desaparecera como a gota de água que se perde no oceano" (Ms A, 35rº).
Teresa experimenta fortemente a ternura de Deus e isto comove-a profundamente. Conta a Madre Inês que, certo dia, Teresa observava uma galinha branca que escondia todos os seus pintainhos debaixo das suas asas. Alguns só mostravam a cabecita. Ela deteve-se pensativa. A Madre, ao fazer-lhe sinal que era hora de recolher à sua cela, apercebeu-se que Teresa tinha os olhos cheios de lágrimas, e disse-lhe: "Mas vós chorais!". Então, ela colocou a sua mão sobre os olhos, chorando ainda mais e respondeu: "Não vos posso dizer o porquê agora; estou muito comovida". À noite na sua cela disse com uma expressão celeste: "Chorei, pensando que o bom Deus usara daquela comparação para mostrar-nos a sua ternura. Durante toda a minha vida, foi assim que Ele me tratou. Escondeu-me inteirinha debaixo das suas asas!..." (Últimas conversas, 7 de Julho)
Mas o que mais toca o coração de Teresa é o amor misericordioso de Deus, o amor do Pai que procura o filho pródigo, porque está doente ou é pecador.  Se Teresa não se entregou ao amor das criaturas não foi por mérito algum da sua parte, ela assim o reconhece: "fui preservada dele apenas pela grande misericórdia de Deus!..." Reconheço que, sem Ele, teria podido cair tão baixo como Santa Madalena. A profunda palavra de Nosso Senhor a Simão ressoa com uma grande doçura na minha alma. Bem sei: «aquele a quem menos se perdoa, ama menos», mas também sei que Jesus me perdoou mais que a Santa Madalena, porque me perdoou antecipadamente, impedindo-me de cair" (Ms A, 38vº). 
A espiritualidade de Teresa assenta na misericórdia divina. E é este o seu carisma próprio: cantar a misericórdia divina. "A mim deu-me a Misericórdia infinita e é através dela que contemplo e adoro as demais perfeições divinas. Assim, todas se me apresentam resplandecentes de amor. A própria Justiça (e talvez mais ainda que qualquer outra) me parece revestida de amor..." (Ms A, 83vº). 
Teresa tem uma experiência muito forte do amor humano. Era a menina dos olhos de seu pai e família; era o centro de todas as atenções, todos se debruçavam sobre ela. Então, ao falar de Deus amor, examina como se desenvolve a vida do amor. Analisa o amor humano e a actividade de Deus para com o homem e constata que o amor verdadeiro não se procura a si próprio, lança-se no outro. E isto realiza-se mais admiravelmente  quando se rebaixa para seres inferiores. Para Teresa, o amor manifesta-se em toda a sua grandeza quando se realiza em forma de misericórdia, ou seja, quando se abaixa, perdoa e purifica. Portanto, o facto de Deus se inclinar para as criaturas débeis e imperfeitas, não deve causar-nos estranheza. É normal. "Sendo próprio do amor abaixar-se" (Ms A, 2vº).
As três pessoas da Santíssima Trindade amam-se com um amor infinito porque são infinitamente amáveis mas esta forma de amor não é a mais admirável. Onde o amor se descobre com toda a sua grandeza e sublimidade é ao realizar-se como misericórdia. Por isso a Incarnação de Deus e o seu comportamento com os homens faz com que Ele possa desenvolver o seu amor na modalidade mais plena: a misericórdia. O Deus-amor tem necessidade de rebaixar-se para desenvolver o seu amor do modo mais sublime: a misericórdia. O homem pobre, débil e pecador é o lugar da misericórdia divina. Podemos dizer que Deus para se "realizar" como amor tem necessidade do homem. Por isso o procura com tanta solicitude e, só descansa, quando o introduz na sua vida íntima. O amor entre iguais, entre amigos não chama a atenção mas quando o filho do Rei pede em casamento "uma pequena aldeã"?!... (carta 109). 
A Teresa, parece muito normal que o Deus-amor ame com um amor fora do normal as criaturas pobres, débeis, pecadoras, insignificantes. E é precisamente isto que a incita a oferecer-se, ousadamente, como vítima ao amor misericordioso. "Não passo de uma criança impotente e fraca. Contudo, é a minha própria fraqueza que me dá a audácia para me oferecer como vítima ao teu Amor, ó Jesus!... e o Amor escolheu-me como holocausto, a mim, fraca e imperfeita criatura... Não é tal escolha digna de Amor?..." Sim. Para que o Amor fique plenamente satisfeito, é preciso que Ele se abaixe até ao nada, e a transforme em fogo" (Ms B, 3vº).
O Deus de Teresa não é um Deus altivo que se impõe arrogantemente pela força ou pelo medo mas, alguém que se abeira humildemente do homem e pede uma esmola. Deus faz-se pobre para que possamos praticar a caridade com Ele." Estende-nos a mão como um mendigo... É Ele que quer o nosso amor, que o mendiga... Põe-se, por assim dizer, à nossa mercê"(carta 145). Teresa não pode conter a sua emoção e exclama: Oh! mistério comovedor. Aquele que é Deus, o Verbo eterno, vem pedir-nos esmola" (RP 5). Com esta manifestação de amor, o que é que Deus pretende? "Quer que eu O ame, porque me perdoou, não muito, mas tudo... que agora O ame loucamente!..." (Ms A, 39rº).
Teresa do Menino Jesus antes de discernir claramente a sua vocação e de a fixar nessa frase de luz e de alegria, "a minha vocação é o amor", já ela a vivia. Este é o seu lema: amá-lo e fazê-lo amar. Mas este propósito de Teresa parte duma primeira experiência: sentir-se profundamente amada por Deus.  E é a partir daqui que, como ela diz, começa a sua "carreira de gigante". Teresa tem uma experiência do amor de Deus sempre em crescendo: "O vosso amor precedeu-me desde a minha infância, cresceu comigo, e agora é um abismo, cuja profundidade não consigo sondar" (Ms C, 35rª). A sua primeira comunhão foi uma experiência forte de amor e amor unitivo. "Ah! como foi doce o primeiro beijo de Jesus à minha alma!... Foi um beijo de amor. Sentia-me amada e dizia por minha vez: - «Eu amo-vos! Dou-me a Vós para sempre!»".   
Não houve pedidos, nem lutas, nem sacrifício. Desde há muito, Jesus e a pobre Teresinha tinham-se olhado e tinham-se compreendido... Nesse dia já não era um olhar, mas uma fusão, já não eram dois: a Teresa desaparecera como a gota de água que se perde no oceano" (Ms A, 35rº).
Teresa experimenta fortemente a ternura de Deus e isto comove-a profundamente. Conta a Madre Inês que, certo dia, Teresa observava uma galinha branca que escondia todos os seus pintainhos debaixo das suas asas. Alguns só mostravam a cabecita. Ela deteve-se pensativa. A Madre, ao fazer-lhe sinal que era hora de recolher à sua cela, apercebeu-se que Teresa tinha os olhos cheios de lágrimas, e disse-lhe: "Mas vós chorais!". Então, ela colocou a sua mão sobre os olhos, chorando ainda mais e respondeu: "Não vos posso dizer o porquê agora; estou muito comovida". À noite na sua cela disse com uma expressão celeste: "Chorei, pensando que o bom Deus usara daquela comparação para mostrar-nos a sua ternura. Durante toda a minha vida, foi assim que Ele me tratou. Escondeu-me inteirinha debaixo das suas asas!..." (Últimas conversas, 7 de Julho)
 
Mas o que mais toca o coração de Teresa é o amor misericordioso de Deus, o amor do Pai que procura o filho pródigo, porque está doente ou é pecador.  Se Teresa não se entregou ao amor das criaturas não foi por mérito algum da sua parte, ela assim o reconhece: "fui preservada dele apenas pela grande misericórdia de Deus!..." Reconheço que, sem Ele, teria podido cair tão baixo como Santa Madalena. A profunda palavra de Nosso Senhor a Simão ressoa com uma grande doçura na minha alma. Bem sei: «aquele a quem menos se perdoa, ama menos», mas também sei que Jesus me perdoou mais que a Santa Madalena, porque me perdoou antecipadamente, impedindo-me de cair" (Ms A, 38vº). 
A espiritualidade de Teresa assenta na misericórdia divina. E é este o seu carisma próprio: cantar a misericórdia divina. "A mim deu-me a Misericórdia infinita e é através dela que contemplo e adoro as demais perfeições divinas. Assim, todas se me apresentam resplandecentes de amor. A própria Justiça (e talvez mais ainda que qualquer outra) me parece revestida de amor..." (Ms A, 83vº). 
 
Teresa tem uma experiência muito forte do amor humano. Era a menina dos olhos de seu pai e família; era o centro de todas as atenções, todos se debruçavam sobre ela. Então, ao falar de Deus amor, examina como se desenvolve a vida do amor. Analisa o amor humano e a actividade de Deus para com o homem e constata que o amor verdadeiro não se procura a si próprio, lança-se no outro. E isto realiza-se mais admiravelmente  quando se rebaixa para seres inferiores. Para Teresa, o amor manifesta-se em toda a sua grandeza quando se realiza em forma de misericórdia, ou seja, quando se abaixa, perdoa e purifica. Portanto, o facto de Deus se inclinar para as criaturas débeis e imperfeitas, não deve causar-nos estranheza. É normal. "Sendo próprio do amor abaixar-se" (Ms A, 2vº).
 
As três pessoas da Santíssima Trindade amam-se com um amor infinito porque são infinitamente amáveis mas esta forma de amor não é a mais admirável. Onde o amor se descobre com toda a sua grandeza e sublimidade é ao realizar-se como misericórdia. Por isso a Incarnação de Deus e o seu comportamento com os homens faz com que Ele possa desenvolver o seu amor na modalidade mais plena: a misericórdia. O Deus-amor tem necessidade de rebaixar-se para desenvolver o seu amor do modo mais sublime: a misericórdia. O homem pobre, débil e pecador é o lugar da misericórdia divina. Podemos dizer que Deus para se "realizar" como amor tem necessidade do homem. Por isso o procura com tanta solicitude e, só descansa, quando o introduz na sua vida íntima. O amor entre iguais, entre amigos não chama a atenção mas quando o filho do Rei pede em casamento "uma pequena aldeã"?!... (carta 109). 
 
A Teresa, parece muito normal que o Deus-amor ame com um amor fora do normal as criaturas pobres, débeis, pecadoras, insignificantes. E é precisamente isto que a incita a oferecer-se, ousadamente, como vítima ao amor misericordioso. "Não passo de uma criança impotente e fraca. Contudo, é a minha própria fraqueza que me dá a audácia para me oferecer como vítima ao teu Amor, ó Jesus!... e o Amor escolheu-me como holocausto, a mim, fraca e imperfeita criatura... Não é tal escolha digna de Amor?..." Sim. Para que o Amor fique plenamente satisfeito, é preciso que Ele se abaixe até ao nada, e a transforme em fogo" (Ms B, 3vº).
 
O Deus de Teresa não é um Deus altivo que se impõe arrogantemente pela força ou pelo medo mas, alguém que se abeira humildemente do homem e pede uma esmola. Deus faz-se pobre para que possamos praticar a caridade com Ele." Estende-nos a mão como um mendigo... É Ele que quer o nosso amor, que o mendiga... Põe-se, por assim dizer, à nossa mercê"(carta 145). Teresa não pode conter a sua emoção e exclama: Oh! mistério comovedor. Aquele que é Deus, o Verbo eterno, vem pedir-nos esmola" (RP 5). Com esta manifestação de amor, o que é que Deus pretende? "Quer que eu O ame, porque me perdoou, não muito, mas tudo... que agora O ame loucamente!..." (Ms A, 39rº).