Voz de Jesus – Não, amigos do meu Coração, não vades para longe do meu Tabernáculo, que eu quero repetir-vos uma queixa magoada, viva, tão viva, crede-o, no meu peito, como a ferida que uma das vossas faltas abriu no meu lado: - ferida cruel entre todas, tão cruel como as lágrimas que me arrancam os bons, oh, sim! os bons que se dizem meus amigos...
Essa ferida sabeis o que acusa?
É a tibieza dos justos, dos meus, dos mais íntimos...
Oh! como Me ferem em pleno Coração esses que medem o seu amor para comigo!...
Se soubésseis as lágrimas de amor que Eu choro quando os meus filhos me tratam na minha própria casa como um estrangeiro... de qualidade, com uma cerimónia indiferente, com uma frieza... respeitosa!
Tratam assim um Deus de caridade, um Salvador de misericórdia, eles, que Eu faço assentar todos os dias ao banquete de todas as liberalidades, das minhas melhores graças...; eles, que há tantos anos se aquecem ao calor dos meus benefícios...
E são tantos! É um exército, são milhares de almas, essas, que já seriam santas se generosamente se atirassem para os abismos de amor do meu Coração, onde beberam os primeiros alentos da vida espiritual, onde, por uma predileção gratuita do meu amor, cresceram sob o olhar carinhoso da minha ternura....
Oh, como o meu amor é pouco compreendido e mal compensado...
Todas essas almas Me pertencem por direito, pelo mais sagrado de todos os direitos; mas a tibieza empolga-as e mata, estrangula nelas toda a generosidade do coração!
São almas belas, - quereis acreditá-lo? - mas que não vibram ao interesse da minha glória; não têm zelo, não têm generosidade no amor...
Vêem-Me chorar na Cruz e nos seus olhos não há uma torrente de lágrimas para chorar comigo...
Porque não meditam!
Porque não rezam!
Vêem-Me sozinho, encarcerado na minha prisão Eucarística.... mas a minha solidão não lhes fala à alma; que digo? - cansa-as, e não têm uma palavra de carinho para o seu Deus escondido no Altar...
Afinal são bem infelizes estas pobres almas!... mata-as um frio glacial que Me fere, que Me magoa ao mesmo tempo!
E não tendo nada que dizer ao seu Prisioneiro de amor, deixam-Me, partem sem fazer caso de Mim, abandonam-Me, como os apóstolos, às minhas angústias, e... à companhia e conforto dos meus anjos...
(Momento de silêncio, cântico ou alguma oração)
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